Especialistas trazem sugestões para ter uma rotina mais organizada e com mais respiros durante a semana. Confira!
Conseguir manter uma rotina variada e equilibrada para os filhos é o sonho de qualquer mãe. Mas, não é uma tarefa nem um pouco fácil. Afinal, com a volta às aulas, todos voltam para a correria. Escola, lição de casa, atividades extracurriculares… E ainda precisa sobrar tempo para a criança descansar e brincar. Não tem como manter a harmonia sempre, alguns dias são mais desafiadores que outros. Mas, existem algumas atitudes de podem ajudar a ter uma rotina mais organizada e com mais respiros durante a semana. A CRESCER conversou com especialistas que trouxeram dicas para conciliar estudo, lazer e atividades extracurriculares das crianças. Confira!
1. Leve a idade em consideração
Segundo Carolina Medeiros, psicóloga do Instituo Macabi, São Paulo, quanto menor a criança, mais tempo para brincar ela precisa. “Até os 3 anos, as atividades extracurriculares só são melhores que o livre brincar em casa se representarem uma necessidade da família, como aula de natação para quem mora em casa com piscina, que é uma medida de segurança, por exemplo, ou aula de um idioma estrangeiro para a criança que tem um parente próximo falante de tal idioma”, afirma. Para ela, dos 4 aos 6 anos, a criança já pode se beneficiar de um esporte, mas a brincadeira ainda é o principal. “Uma atividade por dia, no máximo dois dias por semana já é suficiente para que a criança se beneficie e não perca o momento importante do livre brincar”, destaca.
2. Planeje a semana da criança
Para Mariana Bolonhezi, pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria, os pais precisam determinar horários específicos para estudo, atividades extracurriculares e lazer, para visualizar melhor como será cada dia. “Inclua no cronograma tempo para descanso e brincadeiras livres, essenciais para o desenvolvimento emocional e criativo”, diz.
3. Qualidade é melhor que quantidade
Para não lotar a agenda da criança com atividades extras, o segredo é descobrir o que ela realmente gosta de fazer. “Ajude seu filho a identificar atividades extra de maior interesse, mantendo no máximo duas a três e foque nessas atividades”, diz Juliana Alves, pediatra e neonatologista especializada em pediatria Integrativa e Funcional. Mariana Bolonhezi concorda que qualidade é melhor que quantidade. “É melhor que ela participe com entusiasmo de uma atividade extracurricular do que de várias sem motivação”, reforça.
4. Respeite o ócio
Nos dias de hoje, não estamos mais acostumados a ficar sem fazer nada, muitas vezes, consideramos estes momentos como tempo perdido. Mas, para as especialistas, eles são muito valiosos. “Os pais precisam reconhecer a importância de momentos de pausa para a mente e o corpo”, afirma Priscilla Benedini, diretora pedagógica da Senses Montessori School, de São Paulo. Por isso, anote na agenda se for preciso. Não precisa ser muito tempo, para Juliana Alves ter cerca de 30 minutos de descanso entre atividades é o suficiente. “O equilíbrio entre atividades estruturadas e momentos livres é o que garante um desenvolvimento saudável”, concorda Mariana Bolonhezi.
5. Incentive a autonomia e organização
Segundo Bolonhezi, é importante que os pais ensinem a criança a gerenciar suas tarefas e horários. “Isso desenvolve responsabilidade e promove habilidades de organização desde cedo. A criança aprende a confiar em si mesma, e a lidar melhor com desafios diários”, diz.
6. Comunicação é chave
Manter um canal de comunicação aberta com a criança é crucial para identificar sinais de estresse, ansiedade ou sobrecarga. “Mantenha feedback constante com professores e treinadores”, diz Juliana Alves.
7. Fique atento a sinais de cansaço
Falta de disposição, dor no corpo, dor de cabeça, sonolência excessiva durante o dia, irritabilidade, falta de apetite… Todos esses são sinais de que a criança não está conseguindo dar conta das atividades. “Se isso acontecer, revise a rotina para reduzir a carga e garantir que ela tenha tempo para descansar e se recuperar”, afirma Mariana Bolonhezi.
8. Não lote a agenda
Além de tornar a vida muito mais corrida, ter uma agenda lotada nem sempre é sinônimo de produtividade. Na verdade, isso pode ser até prejudicial para os pequenos. “A agenda lotada da criança não permite que ela lide com vazios, com frustrações, e com a solução de suas questões emocionais – que a criança simboliza e lida enquanto brinca. Futuramente, a criança que brincou e aprendeu a solucionar e gerir suas emoções saberá o que fazer com as ferramentas que lhe forem ensinadas”, afirma Carolina Medeiros.
A criança também tem menos tempo para explorar sua criatividade e desenvolver autonomia. “Além disso, pode gerar ansiedade, especialmente se a criança sentir pressão para ter um bom desempenho em todas as atividades. Isso também pode levar à ao sentimento de insuficiência”, diz Bolonhezi. “Com tantas atividades, pode sobrar pouco tempo para momentos de qualidade com a família, fundamentais para o vínculo afetivo e o suporte emocional”, acrescenta.
As crianças precisam mesmo de atividades extracurriculares?
“Participar de atividades extracurriculares permite que a criança descubra novas paixões e talentos, não abordados em ambiente escolar tradicional. É uma oportunidade de explorar interesses diversos, desenvolvendo habilidades sociais, emocionais, físicas e uma forma de autoconhecimento” diz Mariana Bolonhezi. Além disso, praticar esportes ou artes, por exemplo, auxilia no desenvolvimento de habilidades motoras e cognitivas. “Explorar talentos permite que a criança expresse sua individualidade e atinja o seu potencial máximo”, destaca a especialista.
Juliana Alves concorda que as atividades extracurriculares são fundamentais para a autoconfiança dos pequenos. “Se o foco das aulas tradicionais é a formação cognitiva e intelectual, fora das salas de aula a ideia é ampliar esses horizontes para as habilidades relacionais e afetivas”, diz.