Terminou no final da tarde desta segunda-feira (17) o primeiro dia de julgamento dos réus Jamil Name Filho, o Jamilzinho, Vladenilson Olmedo e Marcelo Rios, acusados pela morte do estudante Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, que ocorreu em abril de 2019. Ao todo foram ouvidas cinco testemunhas de acusação.
Os três réus são apontados como mandantes da morte de Matheus Xavier Coutinho, 17 anos. Ele teria sido assassinado por engano, no lugar do pai, o ex-policial militar Paulo Roberto Xavier.
A defesa de Jamil Name Filho tentou anular o júri desta segunda-feira (17) alegando que a transmissão ao vivo da primeira parte do julgamento, durante a manhã, poderia comprometer as testemunhas. Em contrapartida, o juiz Aluízio Pereira dos Santos não acatou o pedido da defesa e deu sequência no evento.
Delegada Daniela Kades
Em depoimento durante a manhã, a delegada Daniela kades, que integrou a força-tarefa da polícia civil responsável pelas prisões dos envolvidos e ouvida como testemunha, afirmou que o estopim para todo o caso teria sido um desacordo envolvendo fazendas que seriam de propriedade da família Name.
Em uma casa da família Name, no Monte Líbano, foram encontrados armamentos, um pen-drive e outros itens, que seriam folhas impressas com pesquisas sobre os nomes de Antonio Augusto e Francisco Inelli, que acreditava-se, poderiam estar envolvidos no crime, ou ser vítimas em potencial, conforme o depoimento de Kades.
A delegada explicou que há alguns anos, Paulo Teixeira Xavier, pai de Matheus, prestava serviços ao advogado de nome Antônio Augusto, que lidava com negociação de várias propriedades em municípios de Mato Grosso do Sul, como Bonito, Jardim, Bodoquena, e outros.
Antônio Augusto seria advogado e teria procurações para tratar de negócios relacionados a várias fazendas, e teria transferido a fazenda em questão o nome da Associação das Famílias para Unificação da Paz Mundial, enquanto trabalhava com o Reverendo Moon.
Outra propriedade, também da família Name, localizada na Chácara das Mansões, em Campo Grande, teria sido envolvida no imbroglio, fazendo com que toda a situação culminasse no assassinato de Matheus que tinha, na verdade, Paulo, seu pai, como alvo.
A situação teria chegado a ser mediada, conforme o depoimento da delegada, pelo então desembargador Joenildo de Oliveira, que acompanhou Antônio a um jantar na casa dos Name.
Delegado Carlos Delano de Souza
apontou para um ‘modus operandi’ da suposta quadrilha chefiada pela família Name. Segundo ele, quando Matheus Xavier Coutinho foi assassinado, a polícia já esperava encontrar o veículo usado na execução queimado.
O delegado considera que, depois da prisão de Jamil Name, pai e filho, casos de homicídios com esse padrão em Mato Grosso do Sul acabaram. Destacou ainda que Zezinho, o suspeito de puxar o gatilho contra o adolescente, morreu em confronto policial em Mossoró, no Rio Grande do Norte, cidade onde os presos ficaram.
Paulo Roberto Xavier
Um dos depoimentos mais aguardado do dia, Paulo Roberto Xavier, o ‘PX’, pai do estudante Matheus Coutinho Xavier. Ele é que deveria ser assassinado a mando da família Name, mas os pistoleiros confundiram o pai com o filho e acabaram assassinando o jovem estudante.
O ex-PM trabalhava para os Name, mas em dado momento passou a prestar serviços para o advogado Antônio Augusto, que tinha desavença com Jamil Name e o filho, por conta de uma fazenda na região de Bodoquena.
Coragem
Em dado momento da sessão, o juiz Aluízio Pereira dos Santos, perguntou se PX queria que os réus saíssem do plenário para que ele depusesse. O pai de Matheus respondeu: ‘’tenho medo não’’. Paulo depôs na condição de informante.
Paulo Roberto refletiu sobre a perda do filho.
”Uma coisa é quando você perde o filho em um acidente. Outra bem diferente é se esses três, auxiliado pelos outros assassinos, me matassem. Não fizessem aquela covardia com o meu filho. Quando teu filho morre no seu lugar é completamente diferente”, desabafou o ex-PM.
Durante a sessão, Jamilzinho Name, apontado como mandante do crime, se mostrou mais interessado no depoimento e deu dicas à defesa dele, por meio de conversa ao pé do ouvido e por escrito em papel.
A defesa do ex-GCM Marcelo Rios não fez perguntas a Paulo Roberto. O depoente terminou a oitiva e saiu do Fórum escoltado.