logo-kanal

Dívidas e inadimplência do agro de MS aumentam, enquanto score do setor cai

Compartilhar

 

 

Setor rural de MS fechou 2024 com R$ 1,23 bilhão em dívidas bancárias e queda no score de crédito, reflexo de perdas nas safras

 

Boletim divulgado pela Serasa Experian, que analisa os contratos e contas do agronegócio em 2024, mostra que em Mato Grosso do Sul a inadimplência do setor aumentou, enquanto o score de crédito do setor caiu.
Ao mesmo tempo, indica o boletim, que embora o volume de contratos endividados tenha sido reduzido na comparação com o ano anterior, o valor das dívidas aumentou.

Quase a totalidade das dívidas do agro no Estado, indica a Serasa, são com bancos. O volume de contratos inadimplentes com outros setores da cadeia, como fornecedores e prestadores de serviço, é irrisório.

Em Mato Grosso do Sul, durante todo o ano de 2024, o montante das dívidas do agro com os bancos chegou a R$ 1,23 bilhão. Ao todo, foram 14,8 mil negativações (contratos).

O ticket médio das dívidas dos produtores rurais sul-mato-grossenses é o segundo maior do Brasil, só fica atrás de Mato Grosso. Em média, segundo a Serasa, cada contrato de financiamento agrícola no Estado deve R$ 83,3 mil ao banco (média por contrato), enquanto em MT, o ticket médio é de R$ 91,6 mil.

Mato Grosso do Sul tem também o segundo maior valor de dívida por CPF no Brasil. Cada produtor rural inadimplente do Estado deve para o banco, em média, R$ 156,3 mil, só ficando atrás, mais uma vez, de Mato Grosso, cujo ticket médio por CPF é de R$ 201,8 mil.

Score

O aumento da inadimplência no campo também reflete no score dos produtores agrícolas do Estado. Em relação a 2023, no agro, o score médio do Estado caiu 23 pontos. Em 2024, o score (que é o número que reflete a probabilidade de inadimplência) foi de 632 na média do Estado e, entre os grandes proprietários, foi de 640, entre os pequenos, de 646, e entre os médios, de 679.

Os produtores rurais sem informação de registro rural – aqueles que o banco não consegue classificar como pequeno, médio ou grande – tiveram um score mais baixo ainda, de 484.

Conforme tabela da Serasa, quando o score varia entre 601 e 650, a probabilidade de calote é de 4,3%. Já quando varia entre 451 e 500, é quase o dobro: 7,7%.

Taxa de inadimplência

A taxa de inadimplência do agro em Mato Grosso do Sul é de 7,1%, porcentual que pode ser considerado mediano, quando comparado a outras unidades da federação. É a menor do Centro-Oeste (DF tem 10%, MT tem 8,9% e GO tem 7,4%), mas está acima de estados do Sul (média de 5,1%) e do Sudeste (6,3%).

Ainda assim, ela cresceu de 2023 para 2024. O crescimento médio da inadimplência em Mato Grosso do Sul foi de 1,2%, e o maior aumento (2,4%) foi entre os proprietários rurais não classificados. Os pequenos tiveram um aumento de 1% na inadimplência, enquanto entre os médios subiu 1,3% e entre os grandes, 1%.

Causas e consequências

O clima é considerado responsável pelo aumento da inadimplência no agronegócio. No ano passado, houve fortes chuvas no Sul, secas no Nordeste e chuvas irregulares no Centro-Oeste.

Em Mato Grosso do Sul, houve perda de produção na safra de milho de 2024 e também na soja 24/25.

Desde a safrinha de milho deste ano, e para o ciclo da soja deste verão, a expectativa, contudo, é otimista, com recordes de produção.

Nos bancos públicos, como Banco do Brasil (BB) e Caixa Econômica Federal (CEF), a inadimplência do agro apareceu nos balanços das instituições.

A inadimplência do agronegócio aumentou nos bancos públicos federais no atual governo, entre o primeiro semestre de 2023 e os primeiros seis meses deste ano.

Os atrasos superiores a 90 dias afetaram o desempenho do Bando do Brasil, tradicional agente financeiro do setor; da Caixa Econômica Federal, que passou a apostar no crédito aos produtores rurais na gestão de Bolsonaro.

O reflexo dos problemas climáticos nos balanços dos bancos públicos ficou evidente em agosto, quando o BB divulgou o balanço semestral deste ano. O índice de inadimplência, com atrasos acima de 90 dias, subiu para 4,21% na comparação com o primeiro semestre de 2023, puxado pelo agronegócio. No primeiro semestre de 2023, era 3%.

Na semana passada, o balanço do primeiro semestre deste ano da Caixa mostrou que o porcentual de atraso subiu 2,66 pontos porcentuais na comparação com o mesmo período de 2023.

Entre abril e junho deste ano, a inadimplência do agronegócio na instituição disparou para 7,02%, contra 4,3% nos primeiros três meses do ano, o que levou o banco a restringir o crédito ao setor.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *