A senadora Simone Tebet (MDB-MS) havia usado a fala em plenário na quarta-feira (27.abr.22) para denunciar que recebeu um envelope lacrado do Ministério de Minas e Energia de Jair Bolsonaro (PL), após cobrar informações sobre os ‘acordo’ feito pela Petrobras para vender a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3) em Três Lagoas (MS). Horas depois, a Petrobras confirmou, em comunicado ao mercado nesta quinta-feira (28.abr.22), que fracassou o acordo com os russos para a venda da fábrica.
Desde que começou a guerra na Ucrânia, a senadora iniciou uma campanha para que o negócio fosse desfeito, questionando como a estatal brasileira poderia entregar uma unidade produtora de fertilizantes para uma empresa russa que não tinha intenção de produzir fertilizantes. O Brasil é dependente hoje dos fertilizantes produzidos na Rússia e desde que começou a guerra foi iniciada uma discussão sobre.
A senadora havia questionado a Petrobras sobre o que o estado brasileiro ganharia com a negociata. Em resposta ela recebeu um envelope lacrado que somente ela, nem todos os parlamentares poderiam ler. Ela classificou a situação como um desrespeito. “É ou não é um desrespeito com essa Casa? Eu simplesmente pergunto o que aconteceu com uma licitação pública? Porque entregar a galinha dos ovos de ouro, que tem a capacidade de dobrar a capacidade de produção de fertilizantes no Brasil, o que tem de tão sigiloso?”, questionou ontem.
A unidade de fertilizantes da Petrobras em Três Lagoas começou a ser construída em 2011 e estava parada desde 2017. Neste ano, os russos da Acron fecharam o negócio para comprar a fábrica que estava já 80% pronta. A senadora então denunciou que os russos não tinham intenção de produzir fertilizantes, mas de misturar o fertilizante importado para transformá-los em nitrogenados e começou uma forte pressão sobre a empresa e o Ministério de Minas e Energia.
Nesta quinta-feira (28.abr.22) a estatal comunicou ao mercado que o processo de venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III ao grupo russo não foi concluído porque o plano de negócios proposto, em substituição ao projeto original, impossibilitou determinadas aprovações governamentais. Fontes próximas ao negócio disseram à coluna que também o estado do Mato Grosso do Sul recuou na concessão de benefícios fiscais, deixando o negócio pouco atrativo.