Concessionária foi a única a entregar proposta na Bolsa de Valores de São Paulo, na segunda-feira, para comandar a rodovia
A Motiva (antiga CCR MSVia), única empresa que entregou propostas para leilão dos 847 km da BR-163, vai faturar quase o dobro do que deve investir na rodovia. O lucro deverá ser de R$ 11,8 bilhões nos 29 anos de concessão da via, de acordo com estimativas no modelo econômico-financeiro (MEF) do processo de licitação divulgado pelo Ministério dos Transportes.
A concessionária vai investir R$ 16,5 bilhões e faturar R$ 34 bilhões no período. Desses mais de 16 bilhões, R$ 9,44 bilhões serão destinados para investimentos nos primeiros nove anos da concessão, com a previsão de duplicação de 203 km e construção de 191 km de faixas adicionais, de 485 km de acostamento, de 28,85 km de contornos em cinco municípios e distritos e de 22,99 km de vias marginais, além da edificação de postos de fiscalização da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e de pontos de atendimento a motoristas.
Serão investidos R$ 489,94 milhões no primeiro ano, R$ 630,39 milhões no segundo, R$ 875,33 milhões no terceiro, R$ 864,04 milhões no quarto, R$ 989,57 milhões no quinto e R$ 958,3 no sexto ano de concessão.
A partir daí, os valores começam a reduzir: ficam em R$ 637,55 milhões no sétimo ano e R$ 274,29 milhões e R$ 378,25 milhões no oitavo e no nono ano de contrato, respectivamente.
A diferença, R$ 7,15 bilhões, será usada na manutenção da pista e na operacionalização da concessão. No primeiro ano, a empresa vai aplicar R$ 207 milhões, valor que sobe gradativamente até o oitavo ano, quando atinge R$ 255 milhões por ano. Após esse período, o valor médio anual será de R$ 250 milhões.
Mesmo com esses investimentos, a previsão do ministério é de que a Motiva já tenha lucro no primeiro ano em que estiver administrando a rodovia. Começa com R$ 108 milhões no ano um, sobe para R$ 174 milhões no segundo e fica em R$ 232 milhões no terceiro.
Nos quatro anos seguintes, a média poderá ficar entre R$ 350 milhões e R$ 400 milhões.
A partir do nono ano, o lucro anual começa em R$ 417 milhões, atingindo R$ 498 milhões no 16º ano. A partir daí, fica na faixa dos R$ 500 milhões/ano até o 24º ano, quando retorna para o patamar entre R$ 497 milhões e R$ 426 milhões.
Esse lucro é garantindo pela estimativa de aumento da receita com tarifa de pedágio, que vai ser ofertada a R$ 7,52 no leilão desta quinta-feira a cada 100 km de pista simples, com incremento de 30% quando for duplicada.
Só que esse valor tem um aumento garantido nos três primeiros anos pelo degrau tarifário. Após um ano de concessão, o aumento será de 33,64%, no segundo ano mais 25,17% e após 36 meses, outros 20,09% de elevação, subindo a tarifa a R$ 15,10 na pista simples e R$ 19,64 na pista dupla a cada 100 km.
Isso sem contar com os reajustes e as revisões periódicas por causa do aumento de custos ou da alteração na demanda estimada de veículos, que tem previsão de crescimento médio de 1,2% ao ano, além de obras como a construção de contornos, que vão elevar a tarifa entre 1% e 5% nos trechos atendidos por elas.
Essas obras, mais a estimativa de crescimento no tráfego de veículos, de acordo com o MEF, vai fazer com que a receita com tarifa de pedágio chegue a R$ 34 bilhões nos 29 anos de concessão.
Começa com R$ 400 milhões no primeiro ano, subindo 30% no segundo, para R$ 529 milhões, e depois vai a R$ 639 milhões e a R$ 847 milhões no terceiro ano – um aumento equivalente aos porcentuais do degrau tarifário.
Após esse período, a receita com pedágio cresce de forma mais lenta, atingindo R$ 1,033 bilhão no oitavo ano de concessão e R$ 1,057 bilhão no ano seguinte, ficando entre R$ 1,1 bilhão e R$ 1,2 bilhão nos quatro anos posteriores – um crescimento médio de R$ 16 milhões/ano.
Entre o 12º e o 29º ano, a previsão é de que a tarifa aumente em média R$ 19,5 milhões anualmente, atingindo R$ 1,529 bilhão no último ano de concessão.
LEILÃO
O Ministério dos Transportes vai realizar o leilão da BR-163 nesta quinta, na Bolsa de Valores de São Paulo (SP), a B3, com a participação da Motiva, antiga CCR MSVia.
A empresa entregou nesta segunda-feira o envelope com a proposta econômica, que obrigatoriamente tem de conter um porcentual de deságio, conforme o edital do certame.
De acordo com o cronograma do processo competitivo, hoje termina o prazo para a divulgação dos julgamentos das impugnações e da análise pela comissão julgadora dos documentos da pré-identificação
e da garantia de proposta.
Nesta quinta, antes do leilão, será divulgada a empresa apta a participar da sessão pública. Às 13h, no horário de MS, haverá a abertura do envelope com a proposta econômica e o anúncio da empresa vencedora.