Crime aconteceu em 2023 e sentença foi proferida nesta terça-feira (15)
Gilmar Alves Cotrin Junior, de 44 anos foi condenado a 25 anos e oito meses de prisão em regime fechado pela morte da ex-companheira Valéria Carrilho da Silva, aos 35 anos.
A sentença foi proferida em júri popular nesta nesta terça-feira (15), e de acordo com o Ministério Público, o feminicídio foi motivado pela não aceitação de Gilmar ao fim do relacionamento e a negativa da vítima em permitir contato com os filhos do casal. O crime ocorreu em 30 de julho de 2023, na residência da vítima, em Dourados, após o homem invadir o local, jogar gasolina e atear fogo na esposa.
Além disso, o juiz Ricardo da Mata Reis, reconheceu que Gilmar descumpriu uma medida protetiva, fator que aumentou a pena em um terço, cerca de oito anos. A vítima havia registrado boletim de ocorrência contra Gilmar em 2022, e possuía medida protetiva de urgência vigente desde fevereiro de 2023.
De acordo com as investigações, Gilmar premeditou o crime. Na madrugada do dia 30 de julho, ele entrou no quintal da casa da ex-companheira, retirou gasolina do tanque de uma motocicleta e esperou a chegada dela.
Assim que Valéria entrou, ele lançou o combustível e utilizou um isqueiro para provocar o incêndio. Com o corpo em chamas, a costureira correu pelo quintal, o que espalhou o fogo para roupas, uma motocicleta e duas máquinas de costura. A vítima foi socorrida por vizinhos ao Hospital da Vida, mas morreu por volta das 18h do mesmo dia com queimaduras no rosto, cabeça, pescoço, tórax e mãos.
Após cometer o crime, Gilmar fugiu e foi encontrado horas depois escondido em uma construção no centro de Dourados. Preso preventivamente desde então na Penitenciária Estadual de Dourados, ele confessou o crime e, segundo a delegada Thays Bessa, não demonstrou arrependimento. Ainda na madrugada, ele enviou mensagens ameaçando a cuidadora dos filhos, que estava com as crianças no momento do ataque.
O Ministério Público denunciou o réu por homicídio por motivo fútil, uso de fogo e feminicídio, além do descumprimento da medida protetiva e das ameaças feitas à babá das cinco crianças, que serão encaminhadas ao projeto Acolhida do Núcleo de Atendimento às Vítimas (NAVIT).
Medidas protetivas
Ao longo do último ano, a Justiça concedeu, em média, 39 medidas protetivas de urgência por dia em Mato Grosso do Sul. De acordo com o Monitor de Violência Contra a Mulher, base de dados compartilhados entre a Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e a Polícia Judiciária de MS, foram 15.386 solicitações e 14.228 medidas protetivas aprovadas ao longo de 2024.
Segundo a base de dados, foram concedidas 5.283 medidas protetivas em Campo Grande; 1.301 em Dourados; 814 em Três Lagoas; 745 em Corumbá; 439 em Maracaju; 362 em Naviraí; 290 em Paranaíba; 232 em Aquidauana; 269 em Nova Andradina. Grande parte dos 35 feminicídios de 2024 foi cometido por arma branca.
Criada pela Lei nº 11.340/2006, popularmente reconhecida como Lei Maria da Penha, a medida é um dos mecanismos que visa proteger a integridade ou a vida de uma menina, adolescente ou mulher em situação de risco.
Serviço
As medidas protetivas de urgência devem ser solicitadas em caso de violência doméstica e familiar. Se algum parente, namorado, companheiro, ex-companheiro agredir de forma física, moral, sexual, patrimonial ou psicologicamente.
O recurso pode ser utilizado caso a mulher sinta que sua saúde ou sua vida está em risco. Cabe destacar que existem dois tipos de medida protetiva
As que obrigam o agressor. São exemplos: a. restrição do porte de armas; b. proibição de se aproximar da mulher, dos filhos, parentes ou testemunhas; . afastamento do lar; d. proibição de frequentar lugares predeterminados; e. proibição de manter contato; e f. comparecimento a programas de recuperação ou reeducação.
As que protegem a mulher. São exemplos: a. acompanhamento policial para que possa recolher suas coisas em casa; b. encaminhamento dela e dos filhos para abrigos, garantindo a proteção deles; e c. afastamento da casa, sem que ela perca seus direitos em relação aos bens do casal.
Outros canais de proteção
A Central de Atendimento à Mulher (Plataforma Mulher Segura) pode ser acionada pelo 180. A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher fica na Rua Brasília, s/n, Jardim Imá (dentro da Casa da Mulher Brasileira) em Campo Grande. O contato via telefone é o (67) 4042-1324 ou 1319. No CEA informações e agendamentos são feitos pelo 0800-067-1236 ou (67) 3361-7519