Mesmo com as melhores intenções, os pais podem ter alguns comportamentos prejudiciais para os filhos sem perceber. Saiba quais são e o que fazer no lugar!
Todo pai ou mãe quer que os filhos cresçam confiantes e independentes. Mas mesmo com boas intenções, algumas atitudes dos próprios pais podem prejudicar os pequenos. “Uma criança com baixa autoestima pode crescer insegura, com medo de errar e de se expor. Isso pode prejudicar seus relacionamentos, sua vida acadêmica e até profissional no futuro. Muitas vezes, adultos com dificuldades em se posicionar ou que se sentem sempre ‘insuficientes’ carregam marcas da infância”, diz a pediatra Loretta Soares Campos, membro da Sociedade Brasileira de Pediatria e educadora parental.
“Essas atitudes podem criar uma fragilidade emocional na criança, que pode levar a dificuldades em se aceitar e acreditar em suas próprias habilidades no futuro”, adiciona Luciana Jamas, psicóloga e psicoterapeuta, especializada em adultos e adolescentes.
A boa notícia? Sempre é tempo de ajustar o caminho e fortalecer a relação com mais carinho e respeito. “Fortalecer a autoestima dos filhos desde cedo é um investimento para toda a vida. Criar um ambiente de apoio, incentivo e amor faz toda a diferença na construção de uma criança segura, confiante e preparada para enfrentar desafios. Pequenas falas, gestos, repetições podem mudar uma história”, destaca Loretta Soares.
Por isso, é fundamental que os pais saibam identificar comportamentos que possam afetar a autoconfiança dos filhos. Para ajudar, as especialistas separaram 6 atitudes que podem prejudicar a autoestima das crianças e o que fazer no lugar para ter uma relação saudável com os pequenos. Confira!
1. Ser muito crítico
Algumas vezes, pais focam em erros e se esquecem de reforçar acertos. Crianças que ouvem constantemente críticas excessivas ou sentem que precisam ser perfeitas para serem aceitas tendem a crescer com medo de errar. Isso pode levar à ansiedade, autossabotagem e uma sensação constante de fracasso.
✔️ O que fazer no lugar: elogie o esforço, não só o resultado. Se a criança não conseguiu um bom resultado, mas tentou, reconheça isso. Elogiar o progresso e destacar as qualidades fortalece a autoconfiança e mostra que errar faz parte do aprendizado.
Não diga: “Você deveria ter feito melhor!”
Substitua por: “Você se dedicou bastante, estou orgulhoso do seu empenho!”
2. Comparar com outras crianças
Comparar seu filho com outras crianças (até mesmo com irmãos) cria um sentimento de inadequação, fazendo-o acreditar que precisa ser outra pessoa ou alguém diferente de si mesmo, para ser aceito ou amado. A criança pode crescer se sentindo inferior ou que nunca será boa o suficiente. Com o tempo, isso pode gerar uma busca constante por validação.
✔️ O que fazer no lugar: cada criança tem seu ritmo e suas próprias habilidades. Em vez de comparar, valorize o progresso individual do seu filho, destacando seus esforços e conquistas. A autoestima aumenta quando a criança entende que seu valor não está em ser melhor que os outros, mas em ser sua melhor versão.
Não diga: “Seu primo já sabe ler e você ainda não?” ou “Olha como seu amigo é mais comportado!”
Substitua por: “Olha só como você está evoluindo!” ou “Você tem um jeito incrível de resolver problemas!”
3. Ser muito protetor
Todo pai e mãe quer proteger seus filhos – e é muito importante garantir a segurança dos filhos. Mas, se passar do limite, pode ser prejudicial. Quando os pais fazem tudo pela criança e não permitem que ela enfrente desafios ou cometa erros, ela não desenvolve a confiança em sua própria capacidade de lidar com as situações desafiadoras, o que pode impactar negativamente na sua confiança e autoestima. Com o tempo, a ausência de autonomia pode gerar insegurança e a necessidade constante de validação externa.
Não diga: “Deixa que eu faço!”
Substitua por: “Tente você primeiro. Se precisar de ajuda, estou aqui!”
4. Não demonstrar afeto e validação
A falta de carinho, atenção e validação emocional dos pais pode fazer com que a criança sinta que não é digna de amor e cuidado, afetando sua percepção de si mesma. Ela passa a acreditar que suas emoções e seus sentimentos não são importantes. Além disso, quando os filhos crescem sem ouvir palavras de amor podem carregar, na vida adulta, a carência emocional.
✔️ O que fazer no lugar: não deduza que seus filhos sabem que você os ama, diga isso para eles. É preciso que a criança ouça, sinta e perceba este amor. Elogios, reconhecimento de conquistas e demonstrações de afeto fazem toda a diferença. É um dos pilares para uma autoestima saudável. Pequenas mudanças no dia a dia podem fortalecer o vínculo e ajudar a construir uma base emocional para a construção de vínculos saudáveis para a vida toda.
Não pense: “Ele já sabe que eu amo, não preciso ficar falando.”
Substitua por: “Eu amo muito você e tenho orgulho de ver o capricho no seu desenho!”
5. Minimizar os sentimentos da criança
Quando a criança chora ou se frustra, é comum ouvir frases como “Não foi nada” ou “Isso é besteira”. Apesar de parecer inofensivo, para a criança passa a mensagem de que o sentimento dela é desproporcional ou não importa. Isso ensina o filho a reprimir suas emoções, como se sentir fosse um erro. Quando adultos, eles podem engolir emoções e ter dificuldade em expressar descontentamentos.
Não diga: “Não tem motivo para chorar por isso!”
Substitua por: “Eu entendo que você ficou triste com isso. Quer me contar o que aconteceu?”
6. Usar apelidos ou rótulos negativos
Chamar o filho de “preguiçoso”, “desastrado” ou “chorão” pode parecer brincadeira, mas marca a identidade da criança. Com o tempo, ela pode acreditar que realmente é assim e limitar seu próprio potencial.
✔️ O que fazer no lugar: troque os rótulos negativos por estímulos positivos, mesmo quando for difícil.
Não diga: “Que preguiçoso!”
Substitua por: “Você consegue! Vamos juntos começar agora?”