Campo Grande tem uma frota de 666.279 automóveis e 954.537 habitantes
Neste domingo (22), é celebrado o Dia Mundial Sem Carro, data que incentiva a diminuição do uso de carros como principal meio de transporte. Em alguns países, a exemplo da Holanda, parar com o uso de automóveis é cada vez mais incentivado. Neste dia, revelamos como essa realidade se aplica a Campo Grande, ou melhor, como não se aplica.
Conforme os dados disponibilizados na plataforma Detran em Números, Campo Grande tem uma frota de 666.279 automóveis.
Se compararmos com o número da população do município, de 954.537, segundo o último Censo Demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), chegamos a uma diferença de 288.258. Em proporção, pode-se afirmar que há quase um carro por habitante. Em números exatos, seria 0,69 carro por habitante.
Há várias questões utilizadas como justificativa da população para dar preferência ao uso de automóveis. Uma delas é a má qualidade do serviço de transporte coletivo. É comum os ônibus transitarem extremamente lotados, sendo esta uma das principais reclamação dos usuários de Campo Grande.
Além disso, há a questão de que Campo Grande é uma cidade muito quente, algo que caracteriza um impeditivo ou motivo de desânimo para a população circular de bicicleta ou a pé.
Incentivo ao uso de bicicletas
Agora, considerando o uso de bicicleta, de fato, nos últimos anos, aumentou o número de ciclistas, mas não utilizando o item como meio de transporte e sim como meio de esporte.
Conforme Pedro Garcia, designer e integrante do Bici Nos Planos e conselheiro regional pelo centro-oeste da União de Ciclistas do Brasi, em linhas gerais, as pessoas ainda veem a bicicleta como uma ferramenta de esporte. Entretanto, ele destaca que a principal função da bicicleta é ser um meio de locomoção para o dia a dia.
“É uma falácia da sociedade como um todo, que não vê a bicicleta como meio de transporte, acha que a bicicleta é só para pedalar no sábado e domingo no Parque dos Poderes. E não é, se você for estudar a criação da bicicleta, ela está aí há mais de 200 anos, ela foi criada para se locomover, ela é um veículo”.
Além disso, ele também lembra o quanto o uso do carro é considerado quase que indispensável, até mesmo para situações corriqueiras e rápidas da rotina.
“Aqui em Campo Grande o uso do carro também é muito cultural, há uma ‘carro dependência’. Aqui, para ir até no supermercado que está a dois quarteirões, as pessoas utilizam o carro. Eu já ouvi falar que uma caminhada de 15 minutos é muito longe”, explicou.
Malha cicloviária e adaptação ao calor
Além da questão cultural, é possível lista alguns outros motivos que desanimam as pessoas em relação ao uso da bicicleta como meio de transporte: a malha cicloviária.
Apesar de existirem, as ciclovias de Campo Grande nem sempre fazem ligação uma com as outras. Sobretudo, a cidade tem clima predominantemente quente, necessitando de uma malha cicloviária adaptada e essa realidade.
Conforme lembrado pelo coletivo Bici Nos Plano, uma estrutura cicloviária é composta por ciclovias, ciclofaixas, calçadas compartilhadas, as ciclo rotas, que aqui em Campo Grande não tem, e também paraciclos e bicicletários. Além disso, há os pontos de apoio.
“Os pontos de apoio são como uma parada de ônibus, só que voltado para o ciclista, para ele descansar, com um banquinho, com um bebedouro, ainda mais nesse calor de Campão. Uma ferramenta de manutenção rápida, isso tem no Parque dos Poderes, é o único lugar que tem. Pela cidade inteira a gente não vê isso”, explicou Pedro.
Atualmente, Campo Grande tem cerca de 100 km de extensão em ciclovias e ciclofaixas. Conforme lembrado pelo coletivo Bici Nos Planos, há 8 anos havia cerca de 95 km. Ou seja, quase não houve avanço nesse sentido. Confira no mapa:
Malha cicloviária de Campo Grande: