Os hormônios desempenham um papel importante na regulação do humor, afetando neurotransmissores e áreas do cérebro associadas às emoções
Sucesso no Brasil, o filme Divertida Mente 2 enfatiza como as emoções como alegria, tristeza, medo, nojinho, raiva, tédio, inveja, ansiedade e vergonha têm um peso importante no comportamento humano. Na animação, as emoções se intercomunicam, mas sempre uma está mais aflorada e toma as rédeas da situação. Mas o que influencia isso?
Como agem os hormônios?
A médica conta que os hormônios são substâncias que agem como mensageiros químicos e são produzidas pelo nosso sistema endócrino. Cada hormônio tem uma função específica, influenciando no desenvolvimento, comportamento e na forma como desempenhamos as atividades diárias. Existem hormônios que regulam o sono, outros o crescimento. Também temos hormônios ligados à memória, ao metabolismo, à cognição, à reprodução e também ao nosso humor.
Além do próprio ambiente em que vivemos, questões internas também podem gerar cenários com maior ou menor liberação de um ou outro hormônio. “Pessoas com maior propensão a desenvolver depressão, por exemplo, não contam com receptores de serotonina com um bom funcionamento no cérebro”, comenta a médica.
Quais são os hormônios?
Estrogênio e progesterona
Esses dois hormônios são responsáveis pelas características sexuais secundárias das mulheres e também atuam no controle do ciclo menstrual. “As mudanças desses hormônios provocam mudanças na disposição e no humor. Mulheres que possuem altas taxas de estrogênio se sentem mais ansiosas e irritadas; quantidades baixas estão mais ligadas à melancolia e mau-humor”, comenta a especialista.
Testosterona
Conhecida como hormônio masculino, mas presente também nas mulheres, a testosterona, quando baixa, pode afetar a motivação e humor, com presença de quadros de ansiedade.
Dopamina
Encarada como um hormônio neurotransmissor, a dopamina está sob a tutela do sistema endócrino e nervoso, com relação forte aos mecanismos de recompensa e busca pelo prazer.
“Quando ouvimos um elogio ou temos uma pequena vitória, nosso organismo libera dopamina na corrente sanguínea, gerando uma sensação de felicidade e satisfação. O desequilíbrio dopaminérgico pode levar à dependência emocional e também ao sofrimento”, explica Deborah.
Esse é um hormônio que tem ganhado muita atenção atualmente por conta dos mecanismos de recompensa existentes nas redes sociais, que têm se mostrado viciantes, justamente pelo excesso de estímulo para a liberação de dopamina que eles causam. “Isso acaba causando desequilíbrios, que podem culminar em ansiedade, inveja, sensação de fracasso e depressão”, completa.
Serotonina
Considerada por alguns autores como hormônio e por outros como um neurotransmissor, a serotonina é liberada a partir da prática esportiva e no consumo de alimentos (banana, nozes, chocolate e salmão) que aumentam sua síntese. “Desequilíbrios de serotonina estão relacionados a sentimentos de tristeza, tédio e solidão, além de quadros de ansiedade”, afirma Beranger.
Cortisol
Embora seja imediatamente associado ao estresse, o cortisol é mais do que isso. Ele é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais (que estão acima dos rins) e ajudam o organismo a controlar o estresse, no funcionamento do sistema imune, na regulação do metabolismo, na manutenção dos níveis de açúcar no sangue, assim como na pressão arterial.
“Então, o corpo humano precisa de algum cortisol para manter um equilíbrio hormonal saudável. Mas o atual estilo de vida é constantemente associado ao excesso da produção desse hormônio, o que resulta no estresse crônico e prolongado, que é altamente prejudicial. Altas taxas de cortisol estão relacionadas à maior ansiedade, raiva e tristeza”, conta a endocrinologista.
Adrenalina
“A adrenalina ou epinefrina é um hormônio neurotransmissor que nos deixa em estado de alerta. Sempre que passamos por uma situação de grande estresse, medo, ou nos sentimos ameaçados, nosso corpo libera adrenalina na corrente sanguínea. O seu desequilíbrio está ligado às chamadas crises de pânico, caracterizadas por hiperventilação, forte ansiedade e medo, que para algumas pessoas pode ser tão forte que as paralisam temporariamente”, diz a médica.
Melatonina
“O hormônio do sono auxilia na recomposição das células, mas seu desequilíbrio causa insônia, o que pode ter como consequência a ansiedade e confusão mental”, finaliza a Dra. Deborah Beranger.