Local serve como base para estabilizar bichos que chegam vítimas de tragédias e de maus-tratos
Para que os animais silvestres não fiquem sem atendimento especializado e internação, o Creapan (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres do Pantanal) de Corumbá, está preparado para auxiliar no socorro. Já são mais de 90 dias de combate aos incêndios em Corumbá e, até agora, nenhuma espécie precisou ser levada para lá.
O espaço onde os atendimentos acontecem, nove animais estavam se recuperando dos ferimentos sofridos por ação humana. Entre as espécies, estavam um jabuti, um gavião carcará e outros pássaros menores.
Segundo a presidente da FMAP (Fundação de Meio Ambiente do Pantanal), Ana Claudia Moreira Boabaid, o local recebe apenas os animais silvestres, que são atropelados, entregas voluntárias e casos de maus-tratos.
“Nós recebemos os animais até eles se estabilizarem e depois são encaminhados para Campo Grande. Antes não tínhamos condições nenhuma, os animais ficavam na Polícia Militar Ambiental, mas busquei com o Ministério Público Federal os recursos, já estamos licenciados pelo Estado para ser um Centro de reabilitação”, destaca.
Ana Cláudia trabalha com os resgates de animais pantaneiros desde 2019 e conta que há histórias eternizadas em sua memória. “Certa vez, uma bugio foi atendida aqui após perder o filhote. Ela chorava de lágrimas que nem humanos. Os seios estavam cheios de leite, não queria comer, aí foi preciso nutrir com soro”, lembra.
Atualmente, eles são o ponto de apoio do Gretap (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), que está à campo, nas áreas atingidas pelas chamas. Se algum animal for resgatado em estado grave, será imediatamente encaminhado ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) da Capital.
O novo espaço do Creapan recebeu investimento de R$ 4,1 milhões e está em obras desde o ano passado. Ele fica próximo ao Parque Marina Gatass, com acesso por terra e pelo Rio Paraguai.
O projeto prevê recintos de quarentena, sala de avaliação clínica, sala cirúrgica, câmara frigorífica, sala de raio-X, almoxarifado, vestiários para funcionários, cozinha com estrutura para higienização, armazenamento adequado e preparo e distribuição de alimentos.
Além disso, terão blocos separados dos recintos apropriados a cada espécie para não ter contato entre as diferentes espécies e não causar estresse aos animais em recuperação. Também estão previstos ambientes apropriados para répteis, primatas, aves, treino de aves, recinto fechado para mamíferos e área aberta para mamíferos e roedores de grande porte.