Advogados de Thiago Giovanni e Willian Enrique estudam melhor maneira de apresentá-los a polícia
Acusados de matar Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, em um lava a jato há seis anos, Thiago Giovanni Demarco Sena, 26 anos, e William Enrique Larrea, 36, estão foragidos. Mandado de prisão contra a dupla foi expedido há quatro dias e segundo a Polícia Civil, nenhum dos dois se apresentou até o fim da manhã desta terça-feira (20).
Thiago e Willian foram considerados culpados em júri popular que durou 12 horas, no dia 30 de março do ano passado. Sentenciados a 12 anos de prisão, eles deixaram o Fórum de Campo Grande pela porta da frente, porque tinham o direito de recorrer da condenação em liberdade.
No dia 12 de dezembro, contudo, os juízes da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negaram os recursos para a anulação do julgamento. O magistrado que presidiu o júri determinou que os dois fossem presos “diante do trânsito em julgado da sentença condenatória”.
As ordens de prisão foram expedidas às 18h52 de sexta-feira, dia 16, pelo juiz Carlos Alberto Garcete e a Polícia Civil informou na manhã desta terça-feira (20), que Thiago e William não se apresentaram até o momento. Por esse motivo, são considerados foragidos.
O advogado de Thiago Sena preferiu não dizer se o cliente vai se entregar. “No momento não podemos dar maiores esclarecimentos, pois ainda estamos estudando todas as circunstâncias com o apenado e seus familiares”, disse Wesley Holanda Roriz .
Já da defesa de Willian Enrique, o advogado João Carlos Ocáriz informou que “a família já foi comunicada da existência do mandado” e que “a qualquer momento ele se apresenta”. “Os referidos jovens sempre se colocaram à disposição da justiça, agora não será diferente”, completou.
O júri – Naquela quinta-feira, a acusação, feita por trio de promotores, conseguiu convencer o júri, formado por seis homens e uma mulher, a condenar o patrão e o colega de trabalho de Wesner por homicídio qualificado pelo dolo eventual (quando a pessoa assume o risco de matar) e recurso que dificultou a defesa da vítima. O juiz Carlos Alberto Garcete fixou a pena mínima para homicídio, a ser cumprida em regime fechado.
Marisilva Moreira, 50 anos, mãe do adolescente, se emocionou muito durante o julgamento, passou mal ao ouvir a leitura da sentença e foi apoiada por familiares.
Caçula da dona de casa, Wesner partiu aos 17 anos, em 3 de fevereiro de 2017, após ter mangueira de compressão, usada na limpeza de carros, introduzida no ânus. Ele trabalhava em um lava a jato na Avenida Interlagos, em Campo Grande. Com a pressão do ar, ele perdeu metade do intestino e teve vários outros órgãos lesionados até sofrer hemorragia grave e parada cardiorrespiratória.
Tentativa de absolvição – As defesas de Thiago e Willian alegaram o tempo todo que a tragédia não passou de uma “brincadeira de mau gosto” e que os clientes não tinham a intenção de ferir ou matar Wesner.
No plenário, o advogado Francisco Martins Guedes Neto transmitiu no telão “pegadinhas” em programas televisivos para comparar ao que aconteceu na data do crime, 3 de fevereiro de 2017, no lava a jato. “Olha o perigo, as pessoas brincando, dando risada, achando que é uma brincadeira e que pode ocasionar em morte”, disse.
Já o advogado Ricardo Trad Filho disse que o patrão de Wesner e o lavador de carro eram “idiotas”. “Assassinos não, mas dois idiotas isso sim. Idiotas é isso que eles são por fazer uma brincadeira assim”.