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Comerciante ‘cai’ duas vezes em golpe do Pix Agendado na Capital; especialista faz alerta

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Professor fala sobre desequilíbrio entre a “inclusão digital e a educação digital”, no aumento do número de vítimas

 

Depois de passar apertado algumas vezes, a empresária, Rita Marques de 42 anos, aprendeu a como evitar o golpe do Pix agendado, mas só depois de levar prejuízo no seu restaurante.

Rita, o marido e os filhos tem um estabelecimento “Marques Lanches”, onde comercializam lanches e pizzas há pouco mais de cinco anos e aprenderam como lidar com as finanças, após alguns percalços. “Eu apanhei muito até decidir parar e confiar só no print do comprovante. As vezes na correria do atendimento, a gente nem confere nada”.

Ao abrir a lanchonete que administra em família, Rita conta que certas vezes no fim do dia, percebia pequenas diferença de valores na conta, em relação as vendas, mas dava trabalho conferir um por um para saber o que tinha passado. “As vezes era coisa de R$ 5, 10 ou 15 reais, até que tive duas perdas grandes”.

Para o estabelecimento que está começando, um golpe de R$ 80 e outro de quase R$ 200 na mesma semana, abalou Rita, que decidiu mudar o método. “Foram duas comprar em família, uma pagou e levou o lanche ainda na lanchonete, eu só olhei o comprovante e liberei, o outro pediu para entregar e mandou o comprovante, no final do dia, nas duas vezes, o valor não chegou na conta”, lembrou.

Agora o pagamento para quem escolher fazer o pix, é por Qr Code, e a Marques Lanches ainda tem o próprio sistema, que avisa quando o pix foi efetuado para o restaurante poder preparar a encomenda.

O professor dos Cursos de Ciência e Engenharia da Computação da Uniderp, Joelson de Sousa Silva explica que não é complicado perceber quando alguém tenta passar o golpe. “A maioria dos golpes utilizando o Pix Agendado pode ser facilmente reconhecidos com um exame cuidadoso, sendo que muitas vezes esses golpes se concretizam devido à falta de atenção ao analisar os detalhes de comprovantes por parte das pessoas destinadas a receber o pagamento”.

Mas o que é o Pix agendado?

Segundo Banco Central do Brasil “O Pix Agendado consiste na possibilidade de um usuário pagador agendar a realização de um Pix para uma determinada data futura.”

É extremamente útil no planejamento de pagamentos recorrentes ou em qualquer cenário em que se faça necessário que valores sejam transferidos em um momento específico futuro, seja por questões de organização financeira ou conveniência dando ao usuário do serviço eficiência no gerenciamento de obrigações financeiras.

Comprovantes diferentes

Os recebedores devem ficar atentos, pois os comprovantes de Pix Agendados são diferentes dos comprovantes de operações normais do Pix (Agora/Imediato), alerta o professor Joelson, principalmente por incluírem a data e hora programadas para a transação, além de normalmente indicar claramente aos usuários que se trata de um agendamento.

“Essa distinção tende a ser evidente no sistema da instituição financeira porque ajuda na organização financeira do usuário, permitindo que ele diferencie claramente pagamentos que foram concluídos e aqueles que estão programados para ocorrer no futuro”.

Nesta semana, uma mulher, de 23 anos, foi presa por um golpe de estelionato em uma padaria em Criciúma (SC). O proprietário informou à Polícia Militar, que a mulher, durante cerca de duas semanas, todos os dias, ia à padaria comprar cervejas, cigarros e alimentos, porém, pagava com Pix agendado. Ela mostrava ao atendente o comprovante, mas ele não percebia. No entanto, a acusada nunca chegou a efetivar o pagamento.

Ainda conforme o proprietário do estabelecimento, as compras totalizaram um prejuízo de cerca de R$ 7 mil. Ela foi presa e enviada a Delegacia de Polícia Civil.

O especialista reforça que uma educação digital inibiria significativamente os casos de golpe, “observo pelo crescente aumento de vítimas que existe um desequilíbrio entre a inclusão digital e a educação digital. Esse cenário se torna evidente quando observamos golpes relacionados ao Pix Agendado, onde muitas vezes o sucesso do golpe se deve mais à falta de atenção e à insuficiente educação digital dos usuários do que à complexidade da fraude em si. Isso reforça a urgente necessidade de investir em educação digital, evitando tais golpes, e garantindo que a conveniência de serviços como o Pix Agendado não seja ofuscada por crimes decorrentes da falta de conhecimento digital.

O professor de Engenharia da Computação, ainda alerta para softwares de edição de imagens, onde as informações de agendamento são substituídas por pagamento (imediato) ou simplesmente apagadas, nesse caso, deve-se ficar atento se o dinheiro está na conta.

Outros dois fatos que podem ocorrer são:

– Desatenção de quem deveria receber o valor ao conferir na tela do celular do estelionatário ou até mesmo o recebendo por meio eletrônico, como por exemplo o WhatsApp, detalhes importantes que indicam que o comprovante se trata de um agendamento. “Neste cenário, normalmente por pressa ou boa fé de quem recebe, não acaba se atentando aos detalhes importantes do comprovante que caracterizam o comprovante como sendo de agendamento”.

– Receber uma mensagem no WhatsApp com imagem de um Pix para o seu número, onde consequentemente constará seu nome completo e CPF (censurado), e dizerem que confundiram a chave Pix digitando o número de celular errado, afirmando que deveriam ter enviado a outra pessoa, então irão pedir para que o valor seja “transferido “de volta”, entretanto, por mais que os dados ali sejam seus, é importante observar se não se trata de um Pix Agendado.

“Para todos os cenários citados acima, a dica mais importante é consultar o seu extrato bancário verificando se o valor realmente foi creditado em sua conta. Normalmente, o acesso é facilitado e seguro por meio do aplicativo da própria instituição bancária. Estelionatários frequentemente culpam atrasos no sistema para justificar falhas, mas o Pix, sendo um sistema de pagamento ágil e atualizado, raramente deixa de mostrar transações quase imediatas tanto para o pagador quanto para o receptor”, concluiu Joelson de Souza Silva.

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