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Famílias começam a desocupar favela do Mandela, mas vão para abrigo temporário

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Moradores são encaminhados para escola enquanto novo endereço, em loteamento, está sem energia

 

Famílias começaram a desocupar, na manhã desta quarta-feira (13), a área onde a comunidade do Mandela está localizada, na região do bairro Coronel Antonino, em Campo Grande. Os moradores estão sendo realocados, de maneira temporária, para a Escola Maestro João Corrêa Ribeiro ou abrigados por parentes. Eles estavam no loteamento com tendas cedidas pela Prefeitura e Exército.

Ao todo, 80 ficaram desabrigadas devido ao incêndio que destruiu mais da metade da comunidade no início do mês de novembro. Desse número, 42 conseguiram ir para casa de familiares e 38 permaneceram no lote atrás da favela. Agora, é esse montante que está sendo realocado. De acordo com a Ehma (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), 23 famílias decidiram ir para casa de parentes e 15 para o abrigo escolar.

O novo destino será as áreas destinadas à construção de habitações no bairro José Tavares e Talismã. Os locais receberão 38 e 32 famílias, respectivamente. A equipe aguarda ligamento da energia para que os moradores já possam se instalar no terreno enquanto as casas de alvenaria não estão prontas. Conforme a prefeitura, a área para reassentar as demais 54 famílias será anunciada na próxima semana. As obras serão feitas por empresa credenciada pela Credhabita e custarão R$ 15 milhões. Cada família pagará R$ 185 por mês, em um prazo de 30 anos.

Apesar do acolhimento, poucas famílias optam pelo abrigo oferecido pelo município. Lucione Braga, de 46, é uma das que precisou ir para a escola que receberá os moradores. Vinda do Pará, região Norte do país, há nove anos e há oito morando na comunidade, a doméstica não possui família em Campo Grande.

Luciane Braga é sozinha em Campo Grande e vai para abrigo em escola (Foto: Marcos Maluf)

“A gente fica ansiosa e quer que o tempo passe mais rápido pra gente correr e construir tudo de novo porque eu perdi tudo no incêndio. Estava trabalhando quando aconteceu, quando cheguei era tudo cinza. Agora vamos batalhar para reconstruir e tentar conquistar o que foi perdido. Porque a gente tem que ter um canto.”

Jéssika Garaco, 29 anos, se recusou a ir para o abrigo temporário. Para ela e os filhos, o espaço não comporta as famílias. “Ânimo zero, confiança zero, está tudo zero, pra ser sincera. A Adriane (prefeita) disse que eram seis dias para ir pro lote novo, mas vai ser dia 22, até lá vai estar tudo parado pelo Natal. Então a expectativa está zero”.

Mãe de quatro filhos, a vontade da jovem era passar o Natal já nos barracos. Por isso ela decidiu ficar na comunidade e ser acolhida pela prima que ainda tem moradia no local.

Secretário adjunto da Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários (Foto: Marcos Maluf)

Cláudio Marques, diretor adjunto da Ehma, explica que o colégio está preparado para receber os moradores e que a gestão dará suporte para todos, inclusive quando já estiverem no loteamento novo.

“No colégio a gente já tem as salas prontas e preparadas com o necessário para poder manter o atendimento a essas famílias e agora aguardamos a finalização do projeto da Energisa que está em andamento para poder liberar a área para que eles ocupem. Nesse período, enquanto estiverem na escola ou com parentes, eles vão poder mexer lá nos seus terrenos, para que possa fazer a evolução da unidade, mesmo que improvisada por enquanto.”

Loteamento – As 187 famílias da comunidade Mandela serão encaminhadas para quatro loteamentos diferentes da Capital. Em reunião, a prefeita Adriane Lopes (PP) comunicou que os moradores da comunidade seguirão para o bairro da região do José Tavares (38 lotes), Talismã (32), Iguatemi I (33) e Iguatemi II (30).

Neste momento, 100 famílias estão com os documentos em dia, enquanto outras 87 famílias receberão assistência da prefeitura para regularização, inclusive em períodos de plantões de atendimento.

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