logo-kanal

Plano de irmãos traficantes para matar policial levou chefe de facção à prisão

Compartilhar

 

Ligados a Jorge Teófilo Samudio, Aparecido Mendes foi preso sexta, mas Ronaldo Mendes fugiu no Paraguai

 

Os irmãos Hermógenes Aparecido Mendes Filho e Ronaldo Mendes Nunes, alvos da Operação Sanctus, deflagrada sexta-feira (8) pela Polícia Federal, são ligados a Jorge Teófilo Samudio Gonzalez, 51, o “Samura”, líder do Comando Vermelho.

Oriundo de Capitán Bado, cidade paraguaia vizinha de Coronel Sapucaia e também de onde vieram os irmãos Mendes, Samura foi resgatado pela facção durante atentado a tiros que deixou um policial paraguaio morto, em setembro de 2019.

Em abril de 2021, o brasileiro foi recapturado em Sinop (MT), onde estava escondido com apoio dos irmãos Mendes. O Campo Grande News apurou que o plano dos irmãos, especialmente Ronaldo, para matar um policial rodoviário federal em Dourados, levou a polícia a tratar o caso como prioridade.

No encalço dos irmãos, os serviços de inteligência da Polícia Federal, da PRF e da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) do Paraguai, identificaram que Aparecido e Ronaldo estavam dando proteção a Samura em Mato Grosso.

Sabe-se que o líder do Comando Vermelho, no período em que estava foragido, passou um tempo na fazenda de Hermógenes Aparecido em Feliz Natal (MT). A Fazenda Beira Rio foi um dos locais onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão, na sexta-feira.

Usando identidade em nome de Fernando Delosanto Ortelhado, emitido pelo cartório de Sanga Puitã, Samura circulava pela cidade na companhia de Wuilhan Rojas, capataz da fazenda de Aparecido Mendes.

No dia 29 de março de 2021, policiais brasileiros chegaram ao esconderijo de Samura em Sinop, cidade a 120 km de Feliz Natal. Quando já estava preso, Samura teria recebido a visita de Aparecido Mendes na cadeia. Atualmente, o líder do Comando Vermelho está no sistema penitenciário federal.

Ficha de Ronaldo Mendes Nunes no sistema prisional de MS, em 2009 (Foto: Reprodução)

Patrões do tráfico – Tratados como empresários de sucesso em Dourados, onde possuem imóveis urbanos e rurais e várias empresas, entre elas o Audaz Restaurante, em área nobre da cidade, Aparecido e Ronaldo têm envolvimento com o tráfico de drogas desde o início dos anos 2000.

A primeira carga, de 20 quilos de maconha, associada a Ronaldo Mendes Nunes, foi interceptada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) na BR-163, em Eldorado, em maio de 2005. O motorista que levava a droga denunciou que trabalhava a mando de Ronaldo, que acabou condenado.

No dia 7 de novembro de 2007, Ronaldo deu entrada na PED (Penitenciária Estadual de Dourados). Dois anos depois, foi transferido para o regime semiaberto.

Ainda em 2009, os irmãos se mudaram para Dourados, onde Aparecido abriu um açougue. Com apoio de Jorge Samudio, que injetava dinheiro no esquema para que os irmãos enviassem cocaína para o Comando Vermelho no Rio de Janeiro, Aparecido e Ronaldo prosperaram e logo viraram os “novos ricos” da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.

A partir de denúncias de tráfico de entorpecentes e armas envolvendo os irmãos Mendes, os serviços de inteligência da PF e da PRF iniciaram trabalho para desvendar o modo de operação da organização.

A investigação mostrou que a cocaína era transportada em pneus de carretas do Paraguai para os grandes centros brasileiros. Após descarregar a droga, o dinheiro era trazido para a fronteira dentro dos mesmos pneus.

Ronaldo e Aparecido eram proprietários de transportadoras em Dourados, mas as carretas usadas para levar cocaína e trazer dinheiro eram registradas em nomes dos motoristas, para “blindar” as empresas, usadas para lavagem de dinheiro.

Ao longo dos anos, equipes da PF e da PRF fizeram diversas apreensões de cocaína e maconha, que seguiam para outros estados brasileiros, bem como grandes quantias de dinheiro em espécie em pneus de caminhão.

Plano de assassinato – No final de 2019, após as seguidas apreensões, Ronaldo teria decidido eliminar um policial rodoviário federal residente em Dourados.

Informações apuradas mostram que ele já teria inclusive contratado dois pistoleiros de Capitán Bado para cumprir a ordem, mas o plano foi cancelado após o traficante saber que a polícia já tinha sido informada.

Familiares do policial chegaram a ver o momento em que Ronaldo passou em frente à casa do PRF em uma Amarok preta com celular direcionado para a residência, possivelmente gravando vídeo e tirando foto para passar aos pistoleiros. A Polícia Federal foi informada e esse episódio consta do relatório que levou às operações contra os irmãos Mendes.

Hermógenes Aparecido Mendes Filho, Ronaldo Mendes Nunes e advogada Cristiane Maran Milgarefe da Costa tiveram as prisões decretadas pela 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande no âmbito da Operação Sanctis. Aparecido e Cristiane foram presos sexta-feira. Ronaldo estava em Pedro Juan Caballero, mas conseguiu escapar do cerco montado pela Senad para cumprir a ordem judicial a pedido da PF.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *