Depoimento durou cerca de duas horas e suspeito disse que atirou porque se sentia ameaçado pela vítima
O homem, de 42 anos, suspeito de matar Gabriel Soriano da Silva, de 27 anos, na última quinta-feira (26), alegou legítima defesa putativa, ao se apresentar nesta quarta-feira (1). A vítima foi atingida por três disparos de arma de fogo, na frente do filho, de 3 anos, que estava na cadeirinha, no banco de trás do carro. De acordo com a Perícia, um dos tiros passou a cerca de 30 centímetros da cabeça do menino.
Conforme o advogado de defesa, Amilton Ferreira de Almeida, o depoimento que durou cerca de duas horas, terminou por volta das 16 horas, quando o suspeito – que é ex-marido da mulher da vítima, com quem tem uma filha de 9 anos-, foi liberado.
Ao sair da na 6ª Delegacia de Polícia de Campo Grande, onde o suspeito se apresentou, ele autorizou a filmagem de sua saída, no entanto, não comentou o caso. As informações sobre o depoimento foram repassadas pelo advogado.
Segundo a defesa, o suspeito alegou legítima defesa putativa, ou seja, disse que atirou porque estava com medo de ser morto por Gabriel. À polícia, ele reforçou que foi ameaçado diversas vezes pela vítima e que havia registrado boletins de ocorrências referentes às ameaças.
“São vários boletins de ocorrência, vários anos de briga e para se defender, acabou atingindo o rapaz em legítima defesa putativa porque ele imaginou que a pessoa iria tirar uma arma porque disse: o que é seu está aqui no carro. Ele em uma forma desesperadora, acabou atingindo achando que seria morto”, defende o advogado.
Ainda de acordo com a defesa, a arma utilizada foi entregue hoje com as munições. ” Ele apresentou a arma do crime, tanto as deflagradas quanto as que não foram deflagradas. Ele fala que deu três tiros, sobrou ainda munições”, afirma.
Questionado sobre a origem da arma, o advogado admitiu que não há registro e que foi comprada para que o cliente pudesse se defender. “Ele não tinha registro dessa arma porque comprou de um desconhecido por conta das ameaças que estavam constantes”, alega o advogado.
Apesar da alegação de que o suspeito foi ameaçado por Gabriel no dia do crime, a Perícia Técnica da Polícia Civil, que esteve no local, não encontrou nenhuma arma no carro da vítima, ou com a mulher dele, que era atendida na unidade de saúde, quando Gabriel foi atingido pelos disparos.
Entenda o caso
Gabriel morreu na Santa Casa, horas depois de ser atingido por três disparos de arma de fogo. Os tiros atingiram a região do tórax. Pouco antes, a mulher da vítima havia discutido com o ex-companheiro dela e a atual esposa dele, com quem havia se encontrado por acaso na unidade de saúde.
A discussão entre o trio teria começado após provocações entre eles, que discutiam, também, sobre a guarda da menina, filha do suspeito e da mulher da vítima.
De acordo com o delegado Camilo Kettenhuber, da 6ª Delegacia de Polícia Civil, Gabriel foi baleado após uma discussão com o autor, que parou o carro ao lado do veículo onde Gabriel estava com o filho.
Um dos tiros atingiu o vidro da porta traseira do veículo, onde a criança estava. A mulher da vítima disse que a intenção do autor era atingir o filho dela e de Gabriel, o que foi negado pela defesa do suspeito.
O delegado esteve no local com a equipe da perícia técnica. Ele disse que o tiro, que poderia ter atingido o menino, parece ter sido acidental, no entanto, não atingiu a criança por apenas 30 centímetros.
Gabriel foi socorrido ainda com vida e levado para a Santa Casa, no entanto, ele não resistiu aos ferimentos e morreu horas depois. O menino foi atingido por estilhaços, mas os ferimentos foram leves e ele não precisou de atendimento médico.