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Máquinas em QG do bicho têm mesma função de equipamentos achados na Omertà

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Dois dias após apreensão de 700 máquinas, não há definição ainda sobre que unidade da Polícia Civil vai investigar o caso

 

As máquinas apreendidas em um QG do jogo do bicho em Campo Grande na segunda-feira (16) têm a mesma função de equipamentos encontrados durante a operação Omertà, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado) e de força-tarefa da Polícia Civil. A ofensiva, batizada com o verbete identificador do pacto de silêncio das máfias, conseguiu tirar das ruas da cidade as bancas da jogatina que ocuparam as calçadas durante décadas, apesar de ser uma atividade clandestina.

Não morreu o jogo do bicho, porém.

Impressora com pule do jogo do bicho apreendida durante operação Omertà. (Foto: reprodução de processo)

A descoberta feita por policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) nesta semana evidencia, ao contrário disso, uma investida para ampliação do negócio ilegal, dada quantidade de equipamentos encontrados. Parte dos produtos estava até com a nota fiscal, de uma empresa de São Paulo, segundo a investigação.

No local, havia um grupo de nove pessoas, que alegaram estar ali para jogar baralho e não sabiam nada sobre o material eletrônico. Entre essas pessoas, um major e um sargento reformados da Polícia Militar. O major Gilberto Luiz dos Santos é assessor do gabinete do deputado estadual Neno Razuk (PL).

Neno não quis comentar o assunto. Disse que vai aguardar o teor das investigações. Gilberto foi procurado, e não respondeu as mensagens da reportagem pelo Whatsapp.

Jogo foi informatizado

Longe das apostas em bloquinhos feitas antigamente no jogo que atribui números a 25 animais, há alguns anos é tudo feito digitalmente.

Para registrar a aposta, basta um celular, um tablet ou notebook, onde é baixado um aplicativo. Anotado o palpite, é impresso um boleto, mais conhecido como pule.

A operação usa uma impressora que cabe na palma da mão e tem a tecnologia bluetooth, de transferência de arquivos sem a necessidade de internet.

Máquina impressora de boleto do jogo do bicho apreendida durante operação Omertá

Na fase 6 da Omertà, em Junho de 2020, máquinas impressoras foram achadas em pontos de aposta. Também foi encontrado um exemplar durante as buscas em endereço do deputado estadual Jamil Name (PSDB).

Jamilson e o irmão, Jamil Name Filho, preso desde 2019 – e já condenado a mais de 40 anos de prisão – são réus em ação decorrente dessa etapa da operação, sob acusação de formação de organização criminosa para explorar jogos de azar e lavagem de dinheiro.

Conforme a denúncia, o dinheiro de origem ilegal era camuflado na empresa Pantanal Cap, de título de capitalização, que foi lacrada à época. Montante de R$ 18 milhões foram bloqueados pela Justiça.

Esse processo está na fase de instrução. A próxima audiência está marcada para 6 de Novembro, para ouvir testemunhas.

Jamilson nega envolvimento com jogo do bicho e diz que as atividades da Pantanal Cap eram legais, aprovadas pelo órgão federal regulador dos títulos de capitalização.

 

Silêncio na Polícia Civil?

Por enquanto, sabe-se pouco sobre a grande apreensão feita na segunda-feira, além da quantidade de máquinas e do fato de nove pessoas terem sido conduzidas à delegacia. Todas prestaram declarações, mas nenhuma foi enquadrada como responsável do material usado para uma atividade clandestina.

E de lá para cá, não houve sequer definição de que unidade da Polícia Civil vai cuidar do caso. A corporação, ao ser procurada, respondeu via assessoria de imprensa que não existe ainda uma definição.

A força-tarefa da operação Omertá ainda está ativa, pois o decreto de outubro de 2018, segue valendo. Mas não há indicativo de o grupo de cinco delegados assumir a apuração sobre o fato desta semana, segundo a apuração desenvolvida.

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