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Mundo não pode viver novo êxodo em massa de palestinos, avalia embaixador brasileiro na Jordânia

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Diplomata chama atenção para o possível crescimento de refugiados em meio ao conflito

 

O avanço do conflito entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza, com a possibilidade de uma invasão terrestre, somadas às ordens para que haja deslocamento de grandes contingentes de pessoas de seus territórios e a expectativa de que haja uma ampliação do confronto para outros países são sinal de alerta para uma possibilidade de uma nova onda de refugiados palestinos para outros países do mundo árabe.

Nesse cenário, um novo êxodo dos palestinos seria “uma nova grande catástrofe”, avaliou o embaixador brasileiro na Jordânia, Márcio Fagundes do Nascimento, em entrevista à CNN.

A Jordânia é um país de maioria islâmica que faz fronteira com Israel e que, historicamente, tem um papel de mediação nas relações deste país com o mundo árabe – o qual, segundo o embaixador brasileiro, segue sendo desempenhado nesta crise.

Em 1948, com a criação do Estado de Israel e a deflagração da primeira guerra entre países árabes e os israelenses, se deu o que os palestinos chamam de “Al-Nakba” (a grande catástrofe, em português), saída em massa de cerca de 700 mil palestinos de suas casas por conta do confronto.

De lá para cá os conflitos não cessaram, o Estado Palestino não foi criado e o número de refugiados está perto dos 6 milhões espalhados pelo mundo, segundo dados da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina.

A saída de pessoas de Gaza, determinada por Israel, pode acabar agravando definitivamente o conflito com um novo êxodo – caso essas pessoas não retornem aos seus lares. Trata-se, segundo o representante do Brasil na Jordânia, de um “grande deslocamento de pessoas nas piores condições possíveis”, com consequências incalculáveis a longo prazo.

“70% da população da Jordânia é de origem palestina e há 10 campos de refugiados no país. É preciso que se evite uma nova leva de refugiados espalhados pelo mundo árabe, essa é uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada. Até hoje os países da região não se recuperaram do que houve em 1948”, explicou o embaixador Márcio Fagundes.

Segundo o diplomata, os esforços da Jordânia têm sido no sentido de manter o conflito restrito à região da Gaza, no sul de Israel, e evitar que a guerra se alastre para Cisjordânia e outros países árabes. “Há um cerco a Gaza desde 2007 feito por Israel, em uma situação gravíssima. O esforço continua sendo para aliviar a crise humanitária na área”, afirmou.

 

Risco de agravamento do conflito

Para o embaixador, o mundo inteiro está, neste momento, avaliando as probabilidades de o conflito entre Israel e o Hamas se estender para outras partes do Oriente Médio, como a Síria, o Líbano e o Irã.

“É a maior crise geopolítica que mereça acompanhamento diário desde a invasão do Iraque. Mas não interessa a ninguém um conflito que se alastre pelo Oriente Médio, fundamental para o planeta inteiro”, avaliou.

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