Roubos foram feitos em quatro drogarias, entre os dias 15 e 25 deste mês
Durante a noite da última segunda-feira (25) e madrugada desta sexta-feira (26), equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPMCHOQUE) prenderam dois responsáveis por uma série de furtos em farmácias de Campo Grande.
Um dos detidos era motorista de aplicativo, e aproveitava o tempo livre para roubar drogarias da Capital. Em dez dias, foram quatro roubos em quatro farmácias diferentes.
O primeiro, no dia 15 de Setembro, foi em uma Drogaria Popular da Av. Guaicurus; no dia 22 deste mês, foram dois roubos, o primeiro na empresa Adcos Pro, e o segundo em uma farmácia no bairro Moreninhas; o quarto roubo foi em uma Drogaria São Leopoldo, da Av. Zulmira Borba, no bairro Nova Lima.
Segundo levantamento, nas quatro ocorrências foram subtraídos pelo menos dois celulares e quantia superior a R$ 810,00.
Analisando as câmeras de segurança, as equipes do Batalhão de Choque observaram que o autor sempre fugia em um veículo Gol G6 Branco. A placa foi identificada, e investigações mostraram que o veículo era alugado, o que possibilitou a identificação do motorista (e autor dos crimes).
Além disso, foi feito o cruzamento da localização do automóvel com os roubos, sendo verificado que o autor sempre parava próximo aos locais em que ia cometer o crime. Foi observado também que os roubos eram feitos nos intervalos das corridas de aplicativo, já que o carro alugado também era utilizado para esse fim.
Durante patrulhamento, o homem, de 30 anos, foi localizado dentro do veículo, parado próximo à rodoviária. Questionado pelos policiais, revelou que estava no local para fazer o uso de cocaína.
No carro foram encontrados um simulacro de pistola utilizado na prática dos crimes e as vestimentas utilizadas no último roubo. O homem confessou a autoria.
O outro detido durante a noite de ontem utilizava transporte por aplicativo para ir e voltar do local do crime. Além disso, teve como alvo a mesma farmácia nas duas vezes em que efetuou os roubos.
“Um trabalha no aplicativo e nas horas vagas é ladrão, e o outro utiliza carro de aplicativo para fugir”, observou o tenente-coronel do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Rigoberto Rocha.
Neste caso, o criminoso, de 22 anos, entrou na farmácia, da rede Drogasil, e ameaçou uma das funcionárias com uma faca, exigindo que ela entregasse todas as cédulas do caixa. Câmera de segurança mostra ação.
Após pegar o dinheiro, ele se dirigiu para a parte externa do local, pediu um veículo por aplicativo e ficou aguardando sua chegada na esquina do mesmo quarteirão em que a farmácia está localizada.
A vítima entrou em contato com a polícia, que foi até o local. Através das câmeras de segurança, foi identificado o veículo que o criminoso acionou para deixar a farmácia. A polícia procurou então pelo motorista de aplicativo, que forneceu o nome do cliente e informou que havia o deixado em uma conveniência, fora da rota solicitada na viagem por aplicativo.
O criminoso foi encontrado no bar, e quando questionado por policiais confessou o roubo, e informou que havia gastado parte do dinheiro com bebidas e comidas no estabelecimento, além de pagar a corrida por aplicativo.
Com ele, foram apreendidos a faca e R$ 259,00 em dinheiro. O valor já foi devolvido à drogaria lesada pelo autor.
A gerente da farmácia reconheceu o homem como autor de um crime anterior, ocorrido no dia 17 deste mês – que também foi confessado pelo autor. Ao todo, nos dois roubos, foram levados cerca de R$ 500,00.
O tenente-coronel do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Rigoberto Rocha, destacou que o que chama a atenção neste caso é a tranquilidade do autor para a prática do crime.
“Ele chamava o carro de aplicativo, efetuava o roubo, e quando o carro de aplicativo estava chegando ele ia embora. Nesta última ocasião ele executou o roubo e ficou na esquina, utilizando o celular e esperando o motorista de aplicativo se aproximar”, comentou.
Compra de drogas
O Batalhão de Choque avalia que nos dois casos os crimes eram praticados com a finalidade de comprar drogas.
Segundo Rocha, os valores subtraídos pelos criminosos eram “baixos”, o que indica que eles não estavam atrás de grandes quantias, mas sim de dinheiro suficiente para sustentar o vício.
“Todos os roubos foram de pequenas quantias, era celular, dinheiro do caixa…”, comentou o tenente-coronel.
Além disso, nota-se que os autores não utilizaram da violência, apenas fizeram ameaças. O uso de violência implica em uma pena maior. A modalidade de crime praticada também é de menor risco, já que nesses casos não há confronto com a Polícia.
“Ás vezes você encontra um sujeito roubando relógio de água, por exemplo, que tem 300 gramas de cobre, o que dá entre R$ 15 e R$ 20 reais, é o preço de uma pedra, então ele comete o delito para o uso de droga”, ressaltou.
Alvos “vulneráveis”
Segundo Rocha, as drogarias são vistas como mais vulneráveis pelos criminosos. O funcionamento de 24 horas e a predominância de atendentes mulheres podem ser alguns dos fatores que colaboram para que os autores dos crimes escolham esses locais. Além disso, as drogarias costumam ter apenas segurança eletrônica, como câmeras de segurança, o que não impede a prática dos delitos.
“É difícil uma farmácia ter um segurança armado, por exemplo”, comentou o tenente-coronel.
Recomendações
O Batalhão de Choque da Polícia Militar recomenda que os cidadãos e funcionários de estabelecimentos nunca reajam, mesmo se o criminoso estiver portando apenas arma branca.
“Uma faca algumas vezes é muito mais perigosa do que uma arma de fogo, então não reaja”, enfatizou Rocha.
Outra recomendação importante é se atentar a todas as características do autor, como vestimentas e tatuagens, pois essas informações ajudam os agentes na identificação.
“No caso desta madrugada, parte da vestimenta localizada com o autor, que foi relatada no Boletim de Ocorrência, foi conduzida à Polícia, justamente para constatar a identidade”, explicou.
Além disso, é indispensável a realização do Boletim de Ocorrência. Geralmente, cidadãos e proprietários de estabelecimentos tem o hábito de acionar o 190, mas nem sempre fazem o registro em uma delegacia.
“A gente trabalha muito com essa mancha criminal, com dados estatísticos. Por isso a gente pede sempre que o cidadão, o comerciante, faça o registro do Boletim de Ocorrência”, pediu o tenente-coronel.
Rocha explica que muitas vezes os comerciantes acham que prestar queixa na polícia não tem o retorno suficiente, mas, na verdade, é através das queixas que a polícia identifica os itens subtraídos e avalia a criminalidade nas regiões, o que colabora para a disponibilidade de maior efetivo polícial e rondas mais incisivas.
“Nas maiores redes as pessoas já tem o costume de realizar o registro em delegacias, mas em locais mais afastados muitas vezes os proprietários optam por não fazer, já que o roubo muitas vezes é de um valor considerado ‘baixo’, e fazer o B.O. demanda um pouco de tempo. Mas o registro é interessante para a gente tirar de circulação esses responsáveis”, enfatizou.
Nos casos citados nesta reportagem, os proprietários realizaram Boletim de Ocorrência, o que fez com que a Polícia Civil identificasse um alvo comum aos criminosos e acionasse o Batalhão de Choque da PM.
“Só chegamos nestes autores porque tínhamos os registros do Boletim de Ocorrência”, concluiu.