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Traficantes de drogas on-line entram na mira da PF

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Operações tentam inibir a atuação de quadrilhas especializadas que vendem entorpecentes por meio das redes sociais e fazem entregas pelos Correios

 

Quadrilha que vendia drogas on-line e as enviava por meio dos Correios de Mato Grosso do Sul está na mira da Polícia Federal (PF).

Ontem foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal, parte da Operação Track Back (Descobertos), de combate à modalidade do tráfico de drogas que usa o serviço postal para encaminhar entorpecentes para todo o País.

Segundo a Polícia Federal, as investigações da operação já constataram que os vendedores dos entorpecentes os adquiriram por meio de traficantes, que faziam a mediação com os produtores.

Ou seja, o serviço “terceirizado”, que utiliza os Correios para enviar os entorpecentes, acaba evitando que o consumidor da droga tenha de interagir com o traficante, já que ele não precisa ir até a boca para comprar o produto, facilitando a vida de quem compra e dificultando o trabalho da polícia de coibir esta venda ilegal.

Conforme informado pela PF, a quadrilha composta por cinco pessoas, quatro de Campo Grande e uma de Bandeirantes, realizava a venda dos entorpecentes por meio da internet.

“As células criminosas desta operação realizavam as vendas por meio de redes sociais para usuários e traficantes de outros estados da Federação, utilizando-se da logística dos Correios para a entrega dos entorpecentes. Também ficou evidenciado na investigação a tarefa de cada integrante dessas células”, informou a Polícia Federal ao Correio do Estado.

Com base nas informações da PF, fica evidente que o caminho da distribuição dessas drogas enviadas pelos Correios era o seguinte: o produtor do entorpecente enviava a droga para o traficante, que vendia para a quadrilha on-line, que revendia o produto para o consumidor da droga.

O tipo de droga mais enviado e comercializado de forma ilegal por esta quadrilha pelos Correios, de acordo com a PF, é a maconha e seus derivados, como skunk e haxixe. Em menor quantidade, também são comercializados cocaína e outras drogas sintéticas.

Em nota, os Correios afirmaram que têm métodos de monitoramento que são aprimorados periodicamente, com base em informações apresentadas pelos órgãos de segurança e de fiscalização.

“Muitas das operações de combate a ilícitos começam por meio do processo de fiscalização não invasiva (raios X) dos Correios. A empresa tem priorizado investimentos em ações preventivas para fortalecer a integridade dos serviços postais”, afirmou a estatal.

DELIVERY DE DROGA

A Polícia Federal já havia cumprido, em agosto de 2020, em Campo Grande, mandados de busca e apreensão na Operação Delivery, que tinha por finalidade aprofundar investigação relacionada ao tráfico de drogas sintéticas, que também é feito via Correios.

Funcionários do setor de segurança dos Correios acionaram a PF em razão da suspeita de uma encomenda, cuja destinatária residiria em Campo Grande, conter drogas sintéticas.

Na época, a 6ª Vara Criminal de Campo Grande expediu mandado de busca e apreensão que resultou no confisco de cerca de 100 comprimidos de ecstasy e 27 pontos de LSD, além de maconha e haxixe.

Uma pessoa que seria especialista em ludibriar os mecanismos de fiscalização dos Correios foi presa e levada para a Superintendência Regional da Polícia Federal, em Campo Grande.

Passado mais de um ano da primeira operação, no dia 11 deste mês, uma jovem foi detida, apontada como a namorada do especialista em tráfico de drogas pelos Correios, que foi preso em maio de 2022. Ela é suspeita de dar continuidade ao esquema do parceiro.

DESCRIMINALIZAÇÃO

Está em tramitação, no Supremo Tribunal Federal (STF), a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. Até o início da noite de ontem, os ministros haviam votado, de foram unânime (4 a 0), pela liberação, ou seja, já havia uma maioria.

O julgamento da constitucionalidade do artigo 28 da Lei das Drogas (Lei nº 11.343/2006), que diferencia usuários de traficantes, voltou a ser discutido ontem entre os ministros.

A norma prevê penas alternativas de prestação de serviços à comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento obrigatório a curso educativo para quem adquirir, transportar ou portar drogas para consumo pessoal.

Uma das principais propostas de mudança da lei por parte dos ministros que votaram a favor da descriminalização (Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes) é considerar usuário quem portar cerca de 25 gramas da droga.

A lei já havia deixado de prever a pena de prisão, mas manteve a criminalização. Dessa forma, usuários de maconha ainda são alvos de inquérito policial e processos judiciais que buscam o cumprimento das penas alternativas.

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