No cenário nacional, o segmento deve crescer 1,5%, enquanto Mato Grosso do Sul tem projeção de 2%
A construção civil vive um momento pessimista no cenário brasileiro, com a queda na projeção de seu crescimento. Por sua vez, Mato Grosso do Sul vive um momento de estabilidade, mas com uma expectativa de crescimento de só 2% para o ano, acima do 1,5% projetado nacionalmente.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), projeta quadro negativo para a construção civil no País. Segundo o último relatório da entidade, o setor deve crescer 1,5%, sendo a terceira queda no ano.
Mesmo assim, a economista da Cbic Ieda Vasconcelos afirma que as expectativas dos empresários continuam positivas. “Influenciada pelo ciclo de queda que começa a ser registrado na taxa Selic e pelas novas condições do Minha Casa, Minha Vida, como o aumento do teto e a redução dos juros para o programa, são questões que geram expectativas mais positivas”, comenta.
O vice-presidente do Sindicato Intermunicipal da Indústria da Construção do Estado de Mato Grosso do Sul (Sinduscon-MS), Kleber Luiz Recalde, destaca que o panorama é estável e que pode ser considerado positivo, considerando a realidade econômica atual vivenciada no Brasil.
“Não tenho acesso a nenhum modelo econômico, mas, com base no cenário atual, arrisco dizer que o crescimento deverá ficar em torno de 2% em Mato Grosso do Sul para este ano”, sugere.
Segundo ele, alguns fatores colaboram para essa perspectiva otimista. “O viés de baixa da Selic de 0,5% já é um indicativo bastante positivo, principalmente para o mercado imobiliário, que sofre muito com a taxa de juros”, avalia Recalde.
Já o presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 14ª Região (Creci-MS) também é esperançoso, destacando que o Estado vive uma situação mais vantajosa.
“Tivemos um crescimento na abertura de novas empresas e vagas de empregos formais, que também cresceram em relação a 2022. Com isso, podemos entender que o setor imobiliário deve continuar dentro das boas expectativas”, descreve.
Listando outros pontos favoráveis ao segmento no Estado, o representante do Sinduscon-MS ressalta a implementação oficial das novas medidas do Minha Casa, Minha Vida, sendo um forte aditivo para alavancar a construção civil nos próximos meses.
“Essa questão começou a se desenhar a partir de julho, então os dados que nós temos ainda não sofreram o reflexo do impacto do novo do Minha Casa, Minha Vida”, considera Recalde.
PROJEÇÃO
Para o vice-presidente, ainda neste ano, toda a cadeia da construção será afetada positivamente. “Os próximos indicadores que serão divulgados já devem vir diferentes em razão do Minha Casa, Minha Vida. Temos também o anúncio do novo PAC [Programa de Aceleração do Crescimento], que também cria uma expectativa que a parte de obras públicas contribua com o aquecimento do setor nos próximos meses”, diz.
De acordo com o presidente do Sindicato da Habitação de Mato Grosso do Sul, Geraldo Paiva, no que depender da habitação no Estado, a cadeia da construção civil deve fechar o segundo semestre com bons resultados.
“Principalmente pelo novo Minha Casa, Minha Vida, que teve valores ampliados e juros reduzidos. As construtoras já estão se mobilizando com novos projetos. Acredito que
a construção de empreendimentos do programa de habitação do governo federal deverá incrementar em pelo menos 50% do setor”, assinala.
Por sua vez, Recalde explica que, apesar de a pesquisa da CNI ter divulgado projeções que indicam queda na construção civil do País, o setor vem de um patamar elevado, no qual qualquer recuo se torna significativo.
“Em 2021, houve um crescimento de 10% do setor, e em 2022 a alta foi de 6,9%, com índice altíssimo de empregabilidade apontado pelo Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados]. Então, estávamos em um momento bastante interessante em termos de representação dentro do PIB [Produto Interno Bruto]”, detalha o representante do segmento, reiterando que, nesses termos, o impacto não se trata propriamente de um reflexo negativo.
Já o presidente da Associação dos Construtores de Mato Grosso do Sul (Acomasul), Diego Canzi Dalastra, salienta que acredita que esse contexto é temeroso. “Hoje, o cenário da construção de imóveis horizontais [casas e sobrados] é de queda, mesma situação do primeiro semestre”, relata.
Ao concluir seu parecer, Recalde classifica a atual economia como frágil, contudo, destaca que os sinais indicam retomada, como no caso da geração de empregos formais.
“Foram mais de 20 mil empregos novos gerados pelo segmento, conforme mostra o Caged, então esse é o motivo do otimismo. MS tem pontos favoráveis acima da média nacional, já que a economia do Estado está mais equilibrada que a maioria dos estados brasileiros. Além disso, temos projetos gigantes que estão acontecendo aqui na área industrial, que também apontam para um desenvolvimento do setor”, afirma o empresário.
CONFIANÇA
Conforme o indicador da CNI, em julho, a atividade da indústria da construção apresentou recuo, enquanto, do outro lado, o número de empregos se apresentou estável.
Todavia, a pesquisa por amostragem, que contou com a parceria da Cbic, aponta que, mesmo com o cenário de queda em julho, a confiança dos empresários da construção segue avançando.
“O Índice de Confiança do Empresário Industrial [Icei] da construção civil apresentou novo crescimento em agosto e manteve um patamar elevado em relação ao histórico da série. O aumento da confiança foi motivado, principalmente, pela melhora da percepção das condições atuais das empresas”, indica o estudo. (Colaborou Súzan Benites)