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Igreja acusa ex-tesoureiro por desvio de quase meio milhão de reais

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Denunciado diz que pagava conta, agiota e, na tentativa de recuperar o ‘furto’, jogava em loterias da Caixa Econômica

Embora a suspeita tenha sido surgido em abril de 2019, quatro anos e meio atrás, corre ainda sem desfecho no Judiciário sul-mato-grossense, uma causa em que a Igreja Adventista do Sétimo Dia, com templo no bairro Amambai, um dos mais antigos de Campo Grande, cobra a indenização no valor, ainda sem reajuste, de R$ 467 mil de um ex-tesoureiro da comunidade cristã que recebia os dízimos e ofertas dos religiosos e, ao invés de pôr na conta da igreja, catava o dinheiro para ele, segundo a denúncia.

No processo, há confissões e contestações do indiciado. Num dos reconhecimentos da dívida, o denunciado disse que, endividado, pegava o dinheiro, pagava a conta dele, incluindo agiota, e parte do volume desviado, apostava em loterias da Caixa Econômica Federal na esperança de ganhar algum prêmio e, com isso, devolver o recurso à igreja.

Já em sua defesa, disse nunca ter se apropriado do dinheiro dos dízimos e, sim, aplicado em questões da igreja, como obras de reforma, e não feito a contabilidade dos gastos de maneira adequada, daí a desconfiança contra ele.

ACUSAÇÃO

Assim que o denunciado, o ex-tesoureiro da igreja Emerson de Oliveira Camargo, 44, rebateu a acusação acerca do desvio, pastores da comunidade cristã apresentaram à Justiça um áudio gravado por pastores que se reuniram em junho de 2019 com o indiciado, em que ele confidencia o crime. O esquema do desvio teria ocorrido entre os anos de 2017 e 2019.

Um dos pastores da igreja pergunta ao ex-tesoureiro sobre o desvio de R$ 14 mil num só dia, que assim responde:

“Uma dívida que eu tinha lá particular. Na verdade, foi assim: que eu usei um pouco para jogar também. Eu jogava alto assim, na verdade, esse que era o problema”, afirmou Camargo, que acrescentou depois que usou parte do dinheiro desviado para pagar um agiota.

De acordo com a denúncia, Emerson Camargo confidenciou aos pastores que havia desviado dinheiro dos dízimos e das ofertas e não inserido os números no sistema contábil. Aos fiéis pagadores, o ex-tesoureiro emitia recibos falsos.

Ainda segundo o processo, Emerson Camargo, depois de confessar o crime, propôs a devolução de R$ 241 mil e que ia quitar a conta em 285 parcelas. Caso evoluísse a tentativa do acordo, o ex-tesoureiro levaria 23 anos para se livrar da encrenca a que se meteu. O negócio não prosperou.

Depois de contestar a versão de ex-tesoureiro, advogados que defendem a igreja reafirmaram o interesse de rever o dinheiro desviado:

“Ante o exposto, reitera-se o pedido na exordial, pugnando-se pela condenação do requerido ao pagamento de danos materiais à requerente no valor de R$ 467.915,35, rejeitando-se os argumentos trazidos em contestação. Requer-se, ainda, que o requerido seja condenado ao pagamento de multa de litigância de má-fé, por alterar deliberadamente a verdade dos fatos”.

O caso segue na 4ª Vara Cível de Campo Grande, que ainda não tem data definida para apontar um resultado, se a igreja deve, ou não, receber a indenização.

Dízimo é o termo usado pelos cristãos que doam parte do que ganham à igreja.

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