Arthur tinha 25 anos e viajou de Goiânia a Campo Grande para fazer a prova
O candidato do concurso da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Arthur Matheus Martins Rosa, de 25 anos, que passou mal e morreu na prova do TAF (Teste de Aptidão Física) nessa quinta-feira (3), após desmaiar durante a corrida, ficou 7 horas sem comer e beber água, segundo o boletim de ocorrência registrado pela família nesta sexta-feira (4).
Arthur é de Goiânia e a irmã dele contou na delegacia que recebeu uma ligação na quinta-feira (3) informando que o irmão havia passado mal durante a etapa do concurso e que havia sido socorrido para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Coronel Antonino, em Campo Grande.
O concurseiro foi transferido para o Hospital do Pênfigo, mas acabou não resistindo e morreu. De acordo com a irmã de Arthur, outros candidatos falaram para ela que eram proibidos de beber água e se alimentar depois de entrar no local para esperar o início da prova.
Arthur teria chegado ao local do TAF por volta das 6 horas da manhã e ficou cerca de 7 horas sem comer ou beber água, até às 13 horas debaixo de um sol de 37°C. O caso foi registrado como morte natural.
Candidatos desmaiam durante TAF da PM
Em vídeos enviados, dois candidatos aparecem desmaiando durante a prova que acontece no Centro Olímpico da Vila Nasser, sob sol forte. A cidade enfrenta índices críticos de umidade relativa do ar, que, segundo o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), varia de 10 a 30%. O teste de aptidão é a 4ª fase do concurso da PM, que acontece até sábado (5), com resultado publicado no dia 31 de agosto.
As exigências do TAF incluem, para homens, flexão e extensão de membros superiores na barra fixa, flexão abdominal, carl-up e corrida de 12 minutos. Para as mulheres, flexão de braços no solo (exercícios de apoio), flexão abdominal, carl-up, corrida de 12 minutos.
A reportagem entrou em contato com a Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) e a PM para um posicionamento sobre o incidente e aguarda retorno. Sobre os desmaios, a PM havia informado, na quinta-feira (3), que “apenas auxilia no processo avaliativo”.
O que diz a organização
O Exame de Capacidade Física do concurso Público para ingresso nos cursos de formação de soldados, e formação de oficiais, da PMMS, é de caráter eliminatório, aplicado por profissionais habilitados, sob a responsabilidade do Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (IDECAN), banca organizadora de todo o concurso, e supervisionado pela Comissão Organizadora.
A Comissão Técnica, designada pelo Comandante-Geral da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, apenas auxilia no processo avaliativo, com aferição da execução dos exercícios, cuja função é permitir a avaliação de padrões de força, coordenação, agilidade, equilíbrio dinâmico, flexibilidade, potência muscular, capacidade aeróbica, anaeróbica e de velocidade, com vista a aferir o condicionamento físico do candidato para suportar os exercícios físicos a que será submetido durante o curso de formação e a resistência necessária para o desempenho da função militar.
Quaisquer questionamentos sobre eventualidades na data, horário e/ou condições de aplicação do teste cabem à banca organizadora.
Já a SAD (Secretaria Estadual de Administração) afirmou em nota que o cronograma de etapas do referido concurso é estabelecido e divulgado via edital antecipadamente.
“Diante da estrutura necessária para a realização deste e do fato que muitos candidatos são oriundos de outras cidades e estados, não é possível adiar ou cancelar as avaliações previamente agendadas. As etapas, dos concursos são desenvolvidas de modo a oferecer a estrutura necessária de avaliação ao candidato para que haja total transparência no processo”.
A Idecan entrou em contato e encaminhou nota rebatendo a versão apresentada pelos candidatos e pela irmã da vítima à polícia, afirmando que o Idecan “desde o primeiro dia está disponibilizando pontos de hidratação, equipes médicas e ambulâncias, isso mesmo, no plural, cadeiras e tendas para bem acomadar os candidatos, além da existência de bebedouro disponível aos candidatos”.
Além disso, a nota afirma que os candidatos também poderiam portar garrafas de água individuais para se hidratarem. “Logo, não é verdade que os candidatos passaram horas sem água, haja vista haver água disponível”.
Por fim, a banca lamentou a dor da família e amigos e afirmou estar prestando “todo o apoio necessário à família do candidato, além de ter dado o socorro e acompanhamento ao caso até o momento”.