A chegada de um bebê transforma o relacionamento e, no meio do caminho, é comum haver alguns desentendimentos. Aqui, exemplos frequentes
Por mais que uma família se prepare para receber um filho, não tem jeito: a dinâmica do lar muda, o cansaço atinge níveis inimagináveis, novas tarefas se acumulam… Embora o objetivo seja o mesmo, que é fazer o melhor pelo bebê, divergências são normais e podem levar a algumas crises e turbulências no relacionamento.
Aqui, selecionamos algumas das mais frequentes, com dicas para tentar evitá-las ou resolvê-las o quanto antes. Confira:
1. Divisão das tarefas
Só a mãe pode dar o peito e, em muitos casos, ela tem uma licença-maternidade maior. Mas isso não significa – nem de longe – que todos os cuidados relativos ao bebê devem ficar restritos ou desproporcionalmente distribuídos para ela. Ainda assim, há muitos casos em que isso acontece, o que gera brigas e desentendimentos.
O pai ou outro parceiro (a) pode fazer todo o resto: acordar a noite, trocar fralda, dar banho, acalentar, colocar o bebê para arrotar, fazer dormir… Sem falar nos cuidados com a casa e com os outros filhos. Mesmo quando o outro faz as tarefas, pode haver sensação de quem um faz mais do que o outro, o que precisa ser calibrado com conversas honestas e abertas, sem “ataque e defesa”.
Na hora da divisão, além da quantidade, é importante considerar a intensidade. Isso porque pode ser que um esteja com dez tarefas, com intensidade baixa e o outro com uma tarefa, de altíssima intensidade. Faz toda a diferença pensar na energia que cada demanda requer – e não levar isso em conta pode aumentar as brigas.
2. Cadê o casal que estava aqui?
Madrugadas em claro, preocupações, compra fralda, dá banho, guarda compras… Sem falar no leite que vaza, no cocô explosivo, nas roupas com restos de gorfo do bebê, falta de tempo para tomar banho e até mesmo para escovar os dentes. O pijama nunca mais saiu de cena.
As primeiras semanas com um recém-nascido em casa são mesmo uma correria. A exaustão é física e mental. Parece que não sobra tempo para nada e o tempo a dois parece não existir mais. As conversas se limitam a necessidades cobranças e, muitas vezes, brigas.
No começo, é difícil mesmo. Ainda que os pais contem com uma boa rede de apoio, é difícil ficar longe do bebê. Mesmo quando acontece, não é raro que a conversa e as preocupações orbitem em torno do filho.
Para amenizar a situação, é importante que ambos se lembrem que esta é uma fase e que, logo vai passar. Enquanto isso, ajudar um ao outro, conversar em meio a toda a correria, oferecer apoio, escuta e manter a empatia, pode ser importante para manter a conexão.
Vale ainda ter atenção à questão hormonal. O homem não passa por mudanças físicas – e a mulher, sim. Leva um tempo até que ela volte a se reconhecer e a se estabilizar, depois do parto, com a amamentação e todo o resto. No pós-parto, a mãe lida com a sobrevivência do filho e com a própria readaptação. Parece automático, mas há um processo químico cerebral acontecendo – e isso repercute na saúde emocional, o que impacta o relacionamento.
3. Do meu jeito ou do seu
Quando duas pessoas diferentes têm um filho é normal que um pense de uma forma e outro, de outra, sobre vários pontos dos cuidados com o bebê. Afinal, cada um veio de uma família, com as próprias tradições, noções e ideias. Além disso, cada um tem um ponto de vista e uma forma de enxergar.
Opiniões divergentes sobre rotina, sono, amamentação, uso de bicos artificiais, introdução alimentar… A lista é longa e não se restringe apenas à fase de bebê.
É comum, por exemplo, que um dos parceiros prefira seguir as recomendações médicas e o outro queira fazer como a mãe ou a avó faziam. Então, tudo termina em discussões infinitas.
Aqui, o principal é manter em mente que é preciso fazer o melhor para a criança – e não provar quem está certo e quem está errado. Conversem e busquem informações em fontes confiáveis, antes de tomar decisões importantes e chegar a um acordo. Ouvir o outro é fundamental, antes de simplesmente rebater.
4. Interferência da família
Palpites de avós, cunhados, tios e amigos, entre outros, são muito frequentes na vida de quem tem um bebê. A intensidade costuma aumentar quando se trata de pais de primeira viagem. Há avós com a intenção de ajudar, mas que acabam passando dos limites; tios que acham que sabem tudo e criticam os pais nas tarefas mais simples…
O casal precisa estar unido e entender que a família é formada por eles, que têm a responsabilidade de cuidar da criança da melhor maneira. Ouvir quem tem mais experiência ou quer ser uma rede de apoio pode ajudar, mas, no final, vocês é que formam um time e devem jogar juntos – e não em direções opostas. Lembrem-se disso e, se necessário, comuniquem de maneira clara aos familiares que agradecem pela ajuda, mas sem deixar de impor os limites definidos em conjunto.
5. Dinheiro
Além dos cuidados, a chegada do bebê vem com alguns gastos. Roupa, alimentação, fralda, consulta… Algumas famílias precisam mudar de casa, de carro, fazer ajustes no trabalho, para poder adaptar os horários às necessidades da criança… É necessário recalcular a rota, o que pode levar a desentendimentos.
A dica fundamental é não agir por impulso e planejar despesas, divisões e gastos antecipadamente. Pesquisem juntos e conversem sobre o que é necessário e o que é supérfluo, levando em conta os interesses e o bem-estar dos pais, além das prioridades para o bebê. Assim, é possível chegar a decisões financeiramente responsáveis e que funcionem para todos.