Os barracos, que haviam sido removidos ontem pela Emha, foram reerguidos pelos moradores
Equipes da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Metropolitana) voltaram a atuar na tarde deste sábado (21) em uma área pública localizada na Rua Bororós, no Jardim Tijuca, para conter a reocupação de um terreno por cerca de 20 famílias. Os barracos, que haviam sido removidos ontem pela Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), foram reerguidos pelos moradores, que alegam não ter onde morar.
Segundo testemunhas, a ação das forças de segurança envolveu o uso de spray de pimenta e bomba de efeito moral para dispersar o grupo, que inclui crianças e idosos. “Eles voltaram jogando bomba, aqui tem crianças e idosos”, relatou um morador, que preferiu não se identificar por medo de represálias. Diversas viaturas da PM e GCM estão no local.

A invasão, motivada pela construção de uma edificação de alvenaria no terreno, que, segundo os invasores, seria um indicativo de venda ou ocupação irregular da área pública. Revoltados, cerca de 50 pessoas decidiram invadir o local e erguer barracos improvisados.
Tatiane, moradora do bairro há 38 anos e designada pelo grupo para falar com a imprensa, contou que paga R$ 1 mil de aluguel e está inscrita há anos em programas habitacionais, sem nunca ter sido contemplada. “A área é pública, prefeitura vendeu? Então vamos invadir”, justificou.
Ela afirmou que o grupo passou a noite no local e iniciou a construção dos barracos ontem de manhã. No entanto, a tentativa foi frustrada com a chegada de equipes da Emha, que começaram a derrubar as estacas e vistoriar a área. A ação foi acompanhada por guardas civis metropolitanos.
Em nota, a Emha informou que a construção de alvenaria também pode ser considerada invasão e, portanto, configurar crime, conforme previsto na Lei Municipal nº 2.909. A agência orientou que a população busque os canais oficiais para atualização cadastral e obtenção de informações sobre os programas habitacionais vigentes. “O fato de estar inscrito no cadastro geral não garante atendimento imediato, já que a seleção segue critérios técnicos e sociais estabelecidos por normativas federais”, destacou.
Apesar da intervenção, os moradores afirmaram que pretendiam permanecer no local. “Há duas semanas não tinha nada, e agora tem até construções. A gente mora de aluguel, queremos moradia própria. Vamos ficar aqui até segunda-feira, queremos uma resposta”, declarou Tatiane. Esta é a segunda invasão registrada em menos de dois dias em Campo Grande. Na quinta-feira, um grupo ocupou outro terreno no Jardim Monte Alegre, também sob alegação de abandono da área.