Condição é responsável pela maioria dos transplantes de córnea no Brasil; oftalmologista explica os sintomas e como tratar
Segundo dados recentes do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o número de transplantes de córnea no Brasil quase triplicou nos últimos dez anos, passando de 10.734 em 2014 para 28.937 em 2024. Esse cenário teria sido causado pelo aumento de diagnósticos de ceratocone, problema que afeta a córnea e deixa a visão embaçada e distorcida.
A maioria das pessoas descobrem a condição em estágio intermediário. Uma evidência disso é que dos 920 prontuários avaliados no hospital, 61% ou 561 pacientes já usavam lentes de contato rígida que aplana a córnea e melhora a correção refrativa. “A falta de acompanhamento oftalmológico do ceratocone é um erro porque o prognóstico de todas as condições de saúde é melhor quanto antes são tratadas”, pontua Leôncio.
Causas e sintomas
O ceratocone é uma condição degenerativa que enfraquece as fibras de colágeno da córnea, lente externa e transparente do olho, responsável por 60% de nossa refração. A doença afina e curva a córnea que normalmente é esférica e passa a ter o formato de um cone. Altamente incapacitante, os sintomas do ceratocone são: troca frequente dos óculos, dificuldade de enxergar à noite, miopia associada ao astigmatismo, fotofobia, visão dupla e turva.
Além disso, há indícios de que a condição pode estar associada à genética, atopia, fatores ambientais como o excesso de poluição, poeira ou contato com pelo de animais, alterações hormonais que interferem na síntese do colágeno, excesso de limpeza e exposição precoce aos antibióticos. A atopia pode causar reação alérgica nos olhos, eczema na pele, rinite no nariz e asma nos pulmões. Por isso, toda pessoa que apresenta uma ou mais dessas alterações deve fazer um checkup da córnea.
Como prevenir o ceratocone?
Existem alguns cuidados essenciais para evitar o desenvolvimento do ceratocone. São eles:
- Mantenha as consultas regularmente para ajustar suas lentes;
- Evite coçar os olhos;
- Aplique compressas frias em crises de coceira ou sensação de areia nos olhos;
- Dê preferência às soluções higienizadoras de lente sem conservante para evitar irritações oculares;
- Só use colírio com corticoide sob supervisão médica para afastar o risco de glaucoma;
- Interrompa o uso de antialérgico caso use lente e sinta os olhos ressecados;
- Faça polimento semestral das lentes com seu oftalmologista para eliminar resíduos que deformam a superfície,
- Use óculos escuros com proteção ultravioleta em locais ensolarados.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da condição é feito por meio da tomografia, que faz o mapeamento 3D da córnea e possibilita flagrar a doença logo no início. No entanto, o oftalmologista ressalta que o exame oftalmológico de rotina não é suficiente para diagnosticar o ceratocone.
“Quanto mais precoce é o diagnóstico, maiores são as chances de escapar do transplante de córnea. No início o tratamento combina o uso de óculos para corrigir a refração e colírio hidratante que melhoram a lubrificação das pálpebras, córnea, conjuntiva, esclera e cílios, visando evitar danos na parte externa dos olhos”, explica Leôncio.