Para a PF, manobra é tentativa de ocultar aumento patrimonial gerado pela venda de decisões
Investigação da PF (Polícia Federal) revelou que o desembargador aposentado Divoncir Schreiner Maran, investigado por suposta venda de sentenças no TJMS (Tribunal de Justiça de MS), ocultou mais de R$ 1,7 milhões em sua declaração do real valor que pagou por uma fazenda do ex-presidente do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), Waldir Neves Barbosa, que está afastado da Corte de Contas desde dezembro de 2022 por corrupção.
Conforme os dados levantados pela PF, em 21 de dezembro de 2017, o desembargador e seus filhos Divoncir Júnior, Maria Fernanda Gehlen Maran e Rafael Fernando Ghelen Maran compraram uma fazenda de Waldir Neves e pagaram R$ 3.985.547,00 pela propriedade.
O fato da compra também ter sido feita em nome dos filhos do magistrado levantou suspeitas da PF: “Portanto há aparentemente mistura patrimonial entre DIVONCIR e seus filhos, resultando, a nosso ver, na necessidade de inclusão deles na presente investigação, porquanto a possível venda de decisões gera aumento patrimonial, tendo ocorrido a citada aparente propriedade conjunta de bem de alto valor“, diz trecho do documento.
Porém, Divoncir teria declarado às autoridades fiscais ter pago R$ 2,2 milhões pelo imóvel chamado ‘Fazenda Mistura’, em Bonito. Uma diferença de mais de R$ 1,7 milhão.
Outro fato que chamou atenção é que, na mesma data da compra da fazenda, Divoncir e os filhos venderam um apartamento a Waldir Neves. O imóvel está localizado no bairro Santa Fé, em Campo Grande, e foi vendido por um valor declarado de R$ 1,9 milhões.
Divoncir é investigado pela PF por suposto esquema de venda de sentenças que resultou no afastamento de cinco desembargadores do TJMS (Tribunal de Justiça de MS): Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Sérgio Fernandes Martins e Marcos José de Brito Rodrigues.
Waldir Neves afastado do cargo por corrupção
O ex-deputado do PSDB, Waldir Neves está afastado do cargo desde 8 de dezembro, quando a PF (Polícia Federal) deflagrou a Operação Terceirização de Ouro, que constatou desvios em contratos com empresas de informática.
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) ainda não marcou o julgamento para analisar recebimento da denúncia contra Neves. Já Ronaldo Chadid se tornou réu.
PF pediu prisão de desembargadores, empresários e advogados
A PF (Polícia Federal) pediu a prisão de 12 dos 26 investigados por suposto esquema de venda de sentenças no TJMS.
Entre os que tiveram pedido de prisão representados pela autoridade policial estão os cinco desembargadores que foram afastados do cargo: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Sérgio Fernandes Martins e Marcos José de Brito Rodrigues.
Além deles, também foi representada prisão do conselheiro afastado do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Osmar Domingues Jerônymo, e seu sobrinho Danillo Moya Jerônymo – que é servidor do TJMS.
Também foram alvo de pedidos de prisão: Júlio Roberto Siqueira Cardoso – desembargador recém-aposentado flagrado com R$ 2,7 milhões que foram apreendidos -, Diego Moya Jerônymo (parente de Osmar Jerônymo e proprietário da empresa DMJ Logística e Transportes Ltda), Everton Barcellos de Souza (sócio da DMJ), Percival Henrique de Sousa Fernandes (proprietário da PH Agropastoril) e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha.