Eles são suspeitos de envolvimento em um esquema de venda de sentenças e lavagem de dinheiro. Dois ex-desembargadores também são alvo da operação
Em uma operação sem precedentes na história de Mato Grosso do Sul, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) afastou cinco desembargadores, um juiz de primeira instância e um conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul.
Todos estão sendo alvos de uma investigação da Polícia Federal que se arrasta há três anos e a principal suspeita é de que façam parte de um esquema de venda de sentenças e lavagem de dinheiro.
Além dos magistrados da ativa, a investigação também mira dois ex-desembargadores aposentados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do sul.
Por determinação do STJ, todos terão de utilizar tornozeleiras eletrônicas e estão proibidos de entrar no prédio do Tribunal, do fórum e do Ministério Público Estadual nos quais trabalhavam.
O STJ mandou a Polícia Federal e a Receita Federal a cumprirem 44 mandados de buscas contra eles, outros servidores públicos, 9 advogados, além de empresários suspeitos de se beneficiarem dos esquemas de venda de sentenças. As ordens são cumpridas em Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá.
Segundo as investigações, entre os crimes cometidos pelo grupo estão lavagem de dinheiro, extorsão, falsificação e organização criminosa.
A operação foi batizada de “Ultima Ratio”, uma referência ao fato de a Justiça ser o último recurso do Poder Público para parar a criminalidade.
Confira a lista dos investigados pela PF em operação que apura venda de sentenças no TJMS:
1) Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul
2) VLADIMIR ABREU DA SILVA – residência
3) MARCUS VINICIUS MACHADO ABREU DA SILVA – residência e escritório
de advocacia
4) ANA CAROLINA MACHADO ABREU DA SILVA – residência e escritório de
advocacia
5) JULIO ROBERTO SIQUEIRA CARDOSO – residência
6) NATACHA NEVES DE JONAS BASTOS – residência
7) MAURO BOER – residência
8) ALEXANDRE AGUIAR BASTOS – residência
9) CAMILA CAVALCANTE BASTOS BATONI – residência e escritório
10) SIDENI SONCINI PIMENTEL – residência
11) RODRIGO GONÇALVES PIMENTEL – residência, escritório e demais locais de
trabalho
12) RENATA GONÇALVES PIMENTEL – residência e escritório
13) SÉRGIO FERNANDES MARTINS – residência
14) DIVONCIR SCHREINER MARAN – residência
15) DIVONCIR SCHREINER MARAN JUNIOR – residência e escritório
16) MARCOS JOSÉ DE BRITO RODRIGUES – residência
17) DIOGO FERREIRA RODRIGUES – residência e escritório
18) OSMAR DOMINGUES JERONYMO – residência
19) FELIX JAYME NUNES DA CUNHA – residência
20) EVERTON BARCELLOS DE SOUZA – residência
21) DIEGO MOYA JERONYMO – residência
22) DANILLO MOYA JERONYMO – residência
23) PERCIVAL HENRIQUE DE SOUSA FERNANDES – residência
24) PAULO AFONSO DE OLIVEIRA – residência
25) FABIO CASTRO LEANDRO – residência
26) ANDERSON DE OLIVEIRA GONÇALVES – residências em Brasília e Cuiabá,
e locais de trabalho
27) FLAVIO ALVES DE MORAIS – residência
PF apreende documentos e cumpre 44 mandados
Estão sendo cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça em Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá/Mato Grosso.
Conforme apurado, são cerca de 40 equipes na operação, com investigação de parentes e assessores ligados aos investigados.
A ação teve o apoio da Receita Federal e é um desdobramento da operação ‘Mineração de Ouro’, deflagrada em 2021, na qual foram apreendidos materiais com indícios da prática dos referidos crimes.
NOTA DA PF
Em nota, a Polícia Federal que a operação tem o “objetivo de investigar possíveis crimes de corrupção em vendas de decisões judiciais, lavagem de dinheiro, organização criminosa, extorsão e falsificação de escrituras públicas no Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul”.
“A ação teve o apoio da Receita Federal e é um desdobramento da Operação Mineração de Ouro, deflagrada em 2021, na qual foram apreendidos materiais com indícios da prática dos referidos crimes”, informou a nota da PF.
Em decorrência da Operação Mineração de Ouro, três conselheiros do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul estão afastados de suas funções desde o dia 8 de dezembro de 2022.
E, em decorrência das investigações que prosseguiram, desta vez o STJ também afastou o conselheiro Osmar Domingues Jeronymo.
Inicialmente, todos estão afastados de suas atividades por um prazo de 180 dias.