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“Ombro amigo” não é herói, também precisa de atenção e cuidados

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Psicóloga explica sobre como os “cuidadores”, caso não se atentem, podem entrar no ciclo dos pensamentos

 

“É importante o autocuidado para evitar o esgotamento desse cuidador que pode ser afetado por estresse muito alto, ansiedade, depressão e muitas vezes o retraimento social”, defende a psicóloga com formação em suicidologia e coordenadora do Gaes (Grupo de Apoio aos Enlutados por Suicídio), Elma Pacheco. É nesse sentido que o “ombro amigo” não pode ser visto como um herói, mas como alguém que também precisa ser cuidado.

De forma geral, Ela explica que pessoas em sofrimento existencial profundo e deixa claro o desamparo, desespero e desesperança, é nítida a complexidade dos comportamentos autodestrutivos. Com eles, se aproxima o que ela chama de um esvaziamento de si e, consequentemente, a morte como uma possibilidade.

Nesse momento, é importante ofertar redes de apoio e alternativas no sentido de resgatar os momentos que essa pessoa sentiu dentro dela, reconhecendo sua história de vida. Não é um trabalho simples, pois o comportamento suicida é bastante complexo e exige um manejo específico. O ideal é que haja um tratamento em conjunto, demandando atenção interdisciplinar de vários profissionais da saúde que mantenham interlocução entre eles”, descreve.

Dado esse passo, quem está por perto, seja a família ou amigos, também precisa se manter atento não só com quem sofre, mas consigo mesmo. Isso porque o processo de sofrimento compartilhado é um ambiente de fragilidades.

Elma comenta que ao assumir o papel de cuidador (quem cuida da dor) é necessário entender que “a gente não dá o que não tem”.

Grupo Amor Vida é uma das sugestões para buscar ajuda. (Foto: Arquivo/Marcos Maluf)

“Então, para as pessoas que assumem essa função é importante olhar para si, buscando estratégias como dividir tarefas e responsabilidades. É importante se cuidar, se educar e fazer escolhas que contribuam para o bem-estar”.

Com esse ciclo, o desgaste físico e psíquico é grande e, automaticamente, pode gerar problemas intensos. Assim como essas pessoas integram uma rede de apoio, também precisam das suas.

O apoio não pode ser um beco sem saída e cada um precisa encontrar ajuda tanto de familiares e de amigos quanto profissional.

Assim, a orientação da psicóloga é nunca se isolar. “Fazer psicoterapia será muito importante para que essa pessoa consiga dividir suas dores e partilhar suas dificuldades. A rede de apoio serve para partilhar com, para sorrir e chorar junto, para se criar compaixão e redescobrir a melhor alternativa para curar feridas existenciais”, completa.

Em Campo Grande, o GAV (Grupo Amor Vida) presta um serviço gratuito de apoio emocional a pessoas em crise através do telefone 0800 750 5554. Ligue sempre que precisar. O horário de funcionamento é das 7h às 23h, inclusive, sábados, domingos e feriados.

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