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Empresária com histórico de golpes pelo Brasil é acusada de agir na Capital

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Seis ocorrências registradas em MS apontam Lilianne Pessoa como suspeita de, entre outros crimes, estelionato

 

Uma mulher acima de qualquer suspeita, eloquente, com hábitos caros, capacidade de persuasão e, algumas vezes, até uma história triste. Assim um grupo de pessoas descreve a empresária Lilianne Pessoa da Silva, de 37 anos.

A impressão inicial, porém, não se sustentou diante do emaranhado de contradições criadas pela própria Lilianne, que está sendo apontada por esse mesmo grupo como golpista.

Há pelo menos seis boletins de ocorrência registrados em Campo Grande e Anastácio contra a empresária, dona de um restaurante, que a colocam como suspeita de crimes de ameaça, difamação e, principalmente, estelionato.

O passado de Lilianne só é conhecido, até o momento, através do que ela conta, ou, como foi revelado depois, por reportagens de outros estados em que ela aparece sendo autora de golpes, inclusive junta dos pais.

Os primeiros registros da atuação de Lilianne como empresária em Campo Grande são do começo deste ano. Durante cerca de três meses ela conheceu pessoas e fechou negócios, cujo futuro desandou rapidamente.

Apenas há pouco tempo as supostas vítimas conseguiram se comunicar e começaram a montar o que eles caracterizam com um quebra-cabeça onde as peças são os supostos golpes de Lilianne.

Uma das primeiras pessoas com quem Lilianne se relacionou em Campo Grande foi uma empresária do ramo de semijoias. A relação entre ela e a suposta estelionatária chegou a ter caráter pessoal, tendo ela, inclusive, recebido uma das filhas de Lilianne em casa para pousar.

Segundo o boletim de ocorrência registrado pela empresária, que também vende ouro, Lilianne não pagou uma pulseira de R$ 14 mil que eteria pego em consignado junto de um montante maior, que foi devolvido.

A história por trás desse empréstimo consignado é um laço de confiança construído por meio da proximidade entre a loja da empresária e o flat  onde Lilianne morou, ambos no mesmo prédio.

“O dia que a filha dela pousou na minha casa, ela contou uma história diferente sobre o passado dela, do que ela havia me contato. Aí já começamos a estranhar”.

Após seguidas contradições, a empresária de semijoias, alertada por familiares, resolveu pesquisar o nome de Lilianne na internet, aí a surpresa. Lilianne aparece pelo menos em duas reportagens em estados e anos diferentes, apontada como golpista.

Lilianne presa em 2012 após suspeita de aplicar golpes em joalheirias do DF (Foto: Reprodução/R7)

 

A primeira reportagem, de 2012, no programa Balanço Geral, Lilianne aparece sendo presa no Distrito Federal acusada de causar prejuízo de R$ 100 mil a três joalherias. Ela, inclusive, é apresentada à imprensa pelo policiais do DF.

Ainda conforme narrado na reportagem, Lialianne tinha sempre o mesmo modus operandi, de andar bem vestida. Ela se apresentava como Mariana Pires, assessora de um senador e então pegava uma certa quantidade em joias, as penhorava no banco e não pagava as joalherias. Segundo a matéria, ela chegou a dizer em depoimento que “tinha mania de roubar”.

Em outra reportagem, em 2018, da EPTV, afiliada da Rede Globo, Lilianne foi presa em Franca, interior de São Paulo, ao tentar defender os pais, que na ocasião estavam sendo apontados também como suspeitos de aplicar golpes.

A Polícia Civil investigava os donos da peixaria, os pais de Lilianne, por suspeita de aplicarem golpes que somavam ao menos R$ 300 mil. A empresa foi interditada pela Vigilância Sanitária e 7,8 toneladas de peixes armazenados de forma inadequada foram recolhidas e descartadas. O caso foi denunciado por dois trabalhadores autônomos de Manaus.

Lilianne foi presa quando registrava um boletim de ocorrência, reclamando da apreensão. Segundo a Polícia Civil, ela era alvo de um mandado de prisão expedido pela Justiça do Pernambuco também por estelionato. Ainda de acordo com a polícia na época, mãe e filha já haviam sido presas em outubro do ano passado, quando ainda moravam em Cristais Paulista (SP), por suspeita de aplicar golpes na compra de joias no Pará. As vítimas se queixavam de prejuízos de R$ 350 mil.

Foto de Lilianne em reportagem da EPTV e 2018 (Foto: Reprodução/EPTV)

 

Voltando a Campo Grande, Lilianne também teve problema com a corretora do flat, onde não mora mais. A corretora relatou em boletim de ocorrência que ela alugou flat durante dois meses e que teria falsificado dois comprovantes de PIX, um no valor de R$ 6.166,21 e outro no valor R$ 6.780,00. A corretora confirmou com o banco que não houve o pagamento.

Um casal também alega ter sido enganado por Lilianne. Segundo o boletim de ocorrência, um deles, o rapaz, é chef de cozinha e teria sido informado por um amigo que um restaurante na Avenida Afonso Pena, o de Lilianne, estava precisando de cozinheiro.

Ele então entrou em contato com Lilianne que, inicialmente, informou não ser mais dona do restaurante. Porém, cinco dias depois, ela retornou para o chef oferecendo uma sociedade em novo negócio, com repartição societária em partes iguais, 50% para cada, com investimento inicial de R$ 16 mil.

Logo após o fechamento da parceria, os problemas começaram. Lilianne alegou mais de uma vez que estava com problemas no aplicativo do banco e pediu então para que o casal arcasse com algumas despesas do dia a dia, que representou mais R$ 2.149,00.

A sociedade durou apenas uma semana, tempo suficiente para o casal se desentender com a suposta estelionatária e registrar a ocorrência com a tipificação de estelionato.

O restaurante de Lilianne foi comprado de um homem, que também registrou boletim de ocorrência contra ela por estelionato. Foi feito um contrato de compra e venda entre os dois com mudança de CNPJ.

 

Lilianne atualmente em foto tirada em Campo Grande (Foto: Reprodução)

Algum tempo depois, uma distribuidora de bebidas entrou em contato com este mesmo homem alegando que havia dois boletos em aberto, nos valores de R$ 495,00 e R$ 693,00, respectivamente. Porém, ela não poderia usar os dados dele já que o comércio havia sido vendido.

Este mesmo homem registrou um segundo boletim contra Lilianne por ameaça e injúria. Em abril, uma equipe da Polícia Militar foi chamada ao restaurante após um desentendimento entre o homem, sua esposa e Lilianne. No calor da discussão, Lilianne teria xingado a suposta vítima, além, conforme o B.O, o pai de dela ter o ameaçado de morte.

Em outra situação, fora do estado, uma empresa gaúcha de alimentos registrou um boletim de ocorrência no dia 25 de maio alegando que Lilianne se identificou como representante da empresa, o que não corresponderia a verdade e que ela, inclusive, teria prestado serviço no valor de R$ 15 mil para outra empresa em Mato Grosso do Sul.

Um dos casos mais controversos é de uma cozinheira de Aquidauana, que foi recrutada por Lilianne com objetivo de trabalhar em outro restaurante na cidade, que faria marmitas para terceiros.

“Ela me ofereceu um salário que dificilmente ganharia aqui na cidade. Me disse que daria um cartão pra eu ir comprando as coisas, mas não me deu. Aí eu tinha um dinheiro guardado e fui comprando as coisas quando faltavam”.

O boletim de ocorrência registrado por ela, no entanto, não foi por estelionato. Ela foi à polícia porque teria sido ameaçada com faca por Lilianne após um desentendimento. “Ela me disse que tinha descoberto que eu estava falando mal dela, daí começamos uma discussão e ela pegou a faca”.

Em contato com Lilianne, sobre o último caso ela mesma se defendeu. Disse que a cozinheira a acusa injustamente, que nunca houve ameaça e que, na verdade, a ex-funcionária queria tomar o negócio dela.

Sobre os outros casos, as respostas foram dadas por um homem chamado Weslley Rezende, que se identificou como advogado de Lilianne. Ele encaminhou trechos do depoimento de Lilianne à polícia.

Ela explica que no caso do flat, as transferências de PIX não foram falsificadas, mas sim houve estorno do pagamento,  efetuado no dia seguinte. Ela ainda acusa a dona do flat de restringir o acesso dela ao imóvel sem decisão judicial.

Sobre o casal que foi sócio de Lilianne, a empresária diz que foi feito um acordo de R$ 20 mil por 50% do negócio e que foi pago apenas os R$ 16 mil e que quem propôs a sociedade foi ele. Também disse que decisão de terminar a parceria partiu do rapaz, que não estaria tratando bem os funcionários. Sobre o valor R$ 2.149,00, Lilianne afirma que pagou o valor integralmente de volta.

Sobre o caso do ex-dono do restaurante, o advogado da empresária informou que se tratam de acusações difamatórias, por rixa comercial, sendo que ele ajuizou ação de rescisão contratual, por supostamente Lilianne ter usado o CNPJ dele para compra de bebidas, o que não se sustentaria, pois as compras realizadas foram feitas por ele dias antes de entregar o ponto comercia.

“lsso será devidamente comprovado no curso do processo e será postulada indenização por danos morais com relação as acusações difamatórias orquestradas por ele”, completa o advogado.

Sobre a pulseira de ouro, Lilianne conta que havia ficado com um mostruário de R$ 98 mil por três dias, que ao provar a pulseira houve um dano e que mandou arrumar e entregaria depois, mas em seguida decidiu ficar com a pulseira, ficando combinado o pagamento de R$ 2 mil por semana.

Se sentindo difamada por ter descoberto que a empresária havia comentado sobre seu passado, Lilianne disse que só devolveria o objeto em juízo.

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