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Preso por roubo na casa de Reinaldo tem álibi em SP e nunca havia pisado em MS, denuncia família

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Segundo denúncia, um dos detidos tem álibi em SP na data do crime e foi inocentado pelos outros 2, mas segue preso e isolado da família em presídio de MS

 

A família de um dos presos acusados do furto ao apartamento do ex-governador Reinaldo Azambuja, no dia 8 deste mês, sendo o crime descoberto só no dia seguinte, domingo (9) em Campo Grande, alega que Antônio Matheus de Souza Silva, de 23 anos, é inocente e que nunca veio para Mato Grosso do Sul. Ele teria um álibi para o dia em que o furto foi cometido. Os réus confessos Davi Morais Saldana, de 29 anos, e Ítalo Alexandra Franca Silvestre, de 23 anos, estão presos no Ptran (Presídio de Trânsito) e inocentaram Antônio do crime.

Keli Souza, de 30 anos, microempresária em São Paulo, relatou que Antônio era amigo de infância de Ítalo e Davi e que não sabia do crime. No dia do furto, o irmão estava no condomínio onde mora, na Rua Vitória, no bairro Santa Efigênia, “Eu vi meu irmão antes da meia-noite neste dia quando ele estava indo para uma balada e antes de sair me entregou R$ 40, na portaria do prédio”, disse Keli. (Confira imagens do rapaz no prédio a partir de 1’06” no vídeo abaixo).

O furto ocorreu no dia 8 de junho, mas só descoberto no dia seguinte, domingo (9), quando o ex-governador percebeu ao voltar para o apartamento e ver que a porta havia sido arrombada. Azambuja estava em Maracaju, no dia em que teve o apartamento invadido. Os criminosos usaram a escada de incêndio para entrar e sair o apartamento, não usando elevador para não serem identificados.

As imagens de câmeras de segurança mostram que no dia 8 de junho, às 14h08, Antônio sai na portaria do prédio onde mora, em São Paulo. Ele está de camiseta listrada de azul e short, quando volta às 19h50 para o prédio com as mesmas roupas.

Ítalo e Davi saindo do prédio no dia do crime (Reprodução Processo)

Por volta da meia-noite e 27 minutos, Antônio é flagrado novamente saindo pela portaria do prédio de camiseta, de cor preta e calça de cor cáqui para ir até uma balada no Tatuapé, segundo a irmã. Além das câmeras de segurança que mostram Antônio na portaria do prédio no dia do furto, ele passou a madrugada do dia 9 na companhia de uma ficante indo para a casa da jovem, que postou fotos nas redes sociais do casal na balada.

“Ele passou a noite com a menina com quem foi para a balada, e não tinha como ele estar em dois lugares ao mesmo tempo”, disse Keli, que afirmou que no domingo (9) antes da mãe dos dois ir para o culto viu Antônio no apartamento dormindo. Ainda segundo Keli, o irmão nunca veio para o Estado e o único lugar para onde viajou fora de São Paulo foi para o Nordeste, onde visitou os avós. Antônio é apontado como motorista da dupla que invadiu o apartamento de Azambuja, mas a irmã afirma que Antônio não sabe nem dirigir. “Ele não tem nem CNH e nunca pegou no volante de um carro”, disse.

Keli ainda diz estranhar a rapidez com que o irmão foi transferido de São Paulo para Mato Grosso do Sul. “Nós estávamos atrás dele sem saber onde estava e só no dia 19 conseguimos notícias dele”, disse a microempresária. O trio foi preso no dia 10 de junho em São Paulo, por equipes do Garras que conseguiram rastrear o carro alugado, que foi usado para cometer o crime.

“Eles (policiais) saíram de Mato Grosso do Sul já com o pedido de preventiva deles no dia 10”, disse Keli. Desde então, a família enfrenta uma via crucis para tentar provar a inocência de Antônio, que está proibido de receber visitas no Ptran. “Me disseram que ele (Antônio) está de castigo por 15 dias, sem explicar os motivos”, disse a microempresária, que está em Mato Grosso do Sul para tentar visitar o irmão.

No inquérito sobre o furto do apartamento do ex-governador, é possível ver pelas imagens apreendidas pela polícia os outros dois acusados do crime saindo do prédio. Um deles está saindo falando ao celular, enquanto o outro passa logo depois com uma mala, onde estão as joias e relógios furtados de dentro do apartamento. Mas, Antônio não aparece nas imagens.

Ainda pelas imagens apreendidas pela polícia, o carro alugado, um Citroën, de cor branca, é visto nas proximidades quando a dupla embarca no veículo. Do apartamento foram furtados: 1 relógio Bulova, um relógio Baume e Merzier; 1 Medalha da câmara dos deputados; 1 Medalha do mérito legislativo; 1 Medalha da república do Paraguai no grau de comendador; 1 caneta H. Stern; 1 medalha da Força Aérea Brasileira; 1 brinco redondo grande de ouro branco com uma pedra azul; 1 Anel de brilhante branco; 1 Brinco de brilhante de folha; 1 Anel grande de ouro branco, amarelo e brilhante; 1 Brinco brilhante de uma pedra.

Além de 1 Aliança de brilhante grande; 1 Jogo de pulseira e anel de brilhante; 1 Relógio de ouro branco e amarelo; alguns colares de pérola grandes e curtos; 2 anéis de ouro amarelo; 1 pulseira de ouro amarelo e uma corrente; 1 conjunto de corrente e pulseira grossa; 1 anel tipo chuveiro de brilhante; algumas bijuterias. Além destes objetos, identificou-se também que aproximadamente R$ 30 mil em espécie foram furtados.

Carro usado para cometer o crime (Reprodução Processo)

Prisão e negativa de liberdade de Antônio

Antônio acabou preso com a dupla que confessou o crime, quando pegava uma carona com os amigos de infância para ir até a Praça da Sé. A dupla estava indo em uma localidade conhecida como prédio do ouro para receber o que haviam negociado.

Quando os policiais prenderam os três, com um deles foi encontrada a corrente de ouro com diamantes e no pulso do outro acusado estava o relógio Bulova de Azambuja. Já com Antônio nada foi encontrado. “Ele estava no lugar errado e na hora errada”, disse Keli.

Nas imagens do local onde foi vendida parte das joias, apenas Italo e Davi aparecem. Antônio Matheus não tem antecedentes criminais, é réu primário, segundo a família, mas no inquérito da Polícia Civil do Estado, Antônio é apontado como um criminoso com diversas passagens criminais.

Ítalo e Davi no prédio em SP negociando as joias

“Tal fato demonstra, por si só, a grande expertise que o grupo possui na prática desses delitos, bem como que não se trata de fato isolado, mas sim de ação criminosa organizada e estruturada que provavelmente se reiterará caso se mantenham soltos”, diz argumentação do inquérito.

A defesa de Antônio pediu pela liberdade do rapaz alegando ser réu primário, tem residência fixa, e mesmo assim, teve por duas vezes o pedido de liberdade negado pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, sendo o último no dia 21 deste mês.

“No que tange à alegação de que o crime é de gravidade abstrata e da existência de condições pessoais favoráveis, pelo que é possível aferir até agora, a presença de boas condições pessoais, estas, por si só, não têm o condão de induzir à revogação/substituição da prisão preventiva quando outros elementos nos autos demonstram a necessidade da segregação cautelar”, diz o magistrado.

Por fim, o pedido foi negado. “E, nesse tanto, a análise perfunctória dos fatos e elementos dispostos nos autos não permite concluir pela presença de constrangimento ilegal, e, por outro lado, sugere a configuração da situação excepcional que autoriza a segregação cautelar, de maneira que resta indeferido o pleito liminar”.

A Polícia Civil sobre o possível álibi e as imagens de câmeras de segurança que mostram que o rapaz estaria em São Paulo e não em Mato Grosso do Sul ainda não se manifestou.

Em contato com a Agepen (Agência Estadual de Administração Penitenciária) para saber os motivos pelos quais a família não pode visitar Antônio e qual seria a infração que cometeu para estar isolado, a mesma informou que, “Conforme a direção do presídio, ele não estava no castigo e sim no correcional (que é a cela de observação, destinada a internos recém-chegados) , onde ainda não recebe visita”.

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