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“Bancado pelo pai”: áudio de Playboy depreciando Name garantiu aval para matar

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Quatro meses antes de júri, defesa de Jamilzinho chama atenção para detalhe de investigação

 

Pedido feito pela defesa de Jamil Name Filho, o Jamilzinho, quando faltavam quatro meses para ele ir a julgamento como mandante da execução de Marcel Costa Hernandes Colombo, 31 anos, chama atenção para detalhe da investigação da Operação Omertà que havia passado despercebido, ao menos da cobertura da imprensa à época. Áudio atribuído à vítima, que ficou conhecida em Campo Grande, como “Playboy da Mansão”, teria despertado a ira de Jamil Name, que deu o aval para o filho por em prática o plano que cultivava há pelo menos 30 meses: matar Colombo.

O caso do assassinato de Marcel Colombo começou a ser investigado pela delegada Daniela Kades, depois passou para as mãos do delegado Carlos Delano. Mas, só depois, quando já integravam a força-tarefa da Omertà, é que os responsáveis pela investigação chegaram aos mandantes.

Marcel Colombo deixando restaurante em Campo Grande horas antes da morte (Foto: Inquérito policial/Reprodução)

Segundo a acusação, a vítima foi morta dois anos e meio depois de confusão em boate entre Jamilzinho e Colombo. Alguns motivos foram apontados por testemunhas e pelo próprio réu, em interrogatório: uma mulher, confusão por causa de um balde de gelo. Mas, fato é, segundo as apurações da polícia, que várias pessoas sabiam que o “Playboy da Mansão” havia assinado ali sua sentença de morte.

A vítima chegou a pedir desculpas pelo ocorrido, segundo Name Filho. “Não com muita humildade”, disse ao ser interrogado em juízo. O pai de Colombo também revelou à força-tarefa que chegou a reunir-se com o pai da Jamilzinho para pedir clemência.

Além disso, relatório elaborado por policiais da Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) registra que, conforme apurado, todas as execuções praticadas pela milícia mantida pelos Name dependiam do aval do mais velho.

Em depoimento, Eliane Batalha, que foi considerada testemunha-chave contra a organização e depois mudou depoimento, chegou a dizer que Jamilzinho era “obcecado” por matar Colombo, chegou a planejar um assassinato dentro da prisão – a vítima passou alguns meses preso, entre dezembro de 2017 e abril de 2018 –, mas o pai só autorizou a execução após muita insistência.

É neste ponto que a força-tarefa se recorda da existência de áudio atribuído à vítima. “Observa-se que Jamil Name, embora relutante no início, acabou por autorizar a morte de Marcel Costa Hernandes Colombo, tanto desejada pelo seu filho. Acredita-se que um dos motivos que contribui para a decisão de Jamil Name foi um áudio de autoria de Marcel que circulou em alguns grupos de WhatsApp”.

Cê acha que vou ter medo de moleque bancado pelo pai?”, teria dito Marcel Colombo ao interlocutor, referindo-se a Jamilzinho.

Trecho do relatório da Garras que transcreve o teor do áudio (Foto: Reprodução)

Sobre a motivação, a força-tarefa conclui: “com autorização do líder da organização, a estrutura foi toda mobilizada para a concretização do homicídio”.

Name morreu na prisão antes de ir a júri pelo crime e Jamilzinho nega qualquer envolvimento.

Pedido da defesa – O tal áudio nunca foi anexado aos autos do processo. Pelo menos é o que diz a defesa de Jamilzinho, que em maio pediu para que o juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, determinasse que o arquivo fosse disponibilizado.

“Requer seja oficiado o GARRAS/MS para apresentar cópia do áudio de WhatsApp mencionado no Relatório Final do Inquérito Policial (fls. 622/674), supostamente de autoria de Marcel Costa Hernandes Colombo, em que teria dito ‘se acha que vou ter medo de moleque bancado pelo pai?'”, diz o requerimento assinado pelo advogado Nefi Cordeiro.

O magistrado atendeu e enviou o ofício.

Ângulo mostro como Marcel Colombo estava sentado próximo à calçada e dá para ter ideia da posição do atirador (Foto: Laudo da perícia criminal/Reprodução)

A vingança – O empresário na Capital foi assassinado a tiros de pistola 9 milímetros no dia 18 de outubro de 2018. Ele estava em bar na Avenida Fernando Corrêa da Costa, quando pistoleiro se aproximou e descarregou a pistola. Seis tiros atingiam Colombo, um deles de raspão e outros cinco pelas costas, que morreu sentado no estabelecimento.

O alvo estava sentado próximo à calçada, quando o atirador desceu de uma motocicleta e sem tirar o capacete, disparou, voltou para a moto e fugiu virando na primeira rua à direita. Toda ação foi filmada pelas câmeras de segurança do bar.

Além dos Name, também são acusados de envolvimento no crime José Moreira Freires, Juanil Miranda Lima, o ex-guarda municipal Marcelo Rios, o policial federal afastado Everaldo Monteiro de Assis.

Jamil Name e o filho foram apontados como os mandantes. Enquanto José, Everaldo e Marcelo intermediaram e Juanil foi o executor.

O júri foi agendado para os dias 16, 17, 18 e 19 de setembro, mas ainda não se sabe se o impasse sobre a presença ou não de Jamilzinho e Rios, ambos presos na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), vai chegar a outras instâncias e adiar o julgamento.

Atirador ainda de capacete disparando nas costas da vítima (Foto: Vídeo/Reprodução)

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