Investigação do Gaeco durou 20 meses e objetivo da organização criminosa era ‘se apoderar’ de valores vindos do Governo do Estado e da CBF
Francisco Cezário de Oliveira e a cúpula que cuida do futebol do Estado desviaram, ao longo de cinco anos, mais de R$ 6 milhões da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul no período investigado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Nesta terça-feira (21), o órgão deflagrou a Operação ‘Cartão Vermelho’, que apura o desvio de dinheiro da entidade e os crimes de peculato e demais delitos correlatos.
Cezário é um dos alvos investigados na operação. Equipes do Gaeco estiveram logo nas primeiras horas da manhã de hoje na casa do presidente da FFMS, na região do Taveirópolis, e não foi informado se contra ele está sendo cumprido mandado de prisão ou somente busca e apreensão
O período analisado pelo Gaeco durante a investigação, que durou 20 meses, foi entre setembro de 2018 e fevereiro de 2023. Segundo divulgado em nota pelo Ministério Público, o principal objetivo da organização criminosa era desviar os valores que eram repassados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e pelo Governo do Estado.
“Uma das formas de desvio era a realização de frequentes saques em espécie de contas bancárias da Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul em valores não superiores a R$ 5.000,00, para não alertarem os órgãos de controle, que depois eram divididos entre os integrantes do esquema”, diz trecho da nota.
Durante esse tempo de investigação, o Gaeco identificou que os integrantes dessa organização criminosa realizaram mais de 1,2 mil saques e que, por conta dessas retiradas de valores, foram desviados mais de R$ 3 milhões das contas bancárias da federação. Porém, o valor dobrou após o término da investigação.
O órgão ainda identificou que o grupo criminoso tinha um esquema de desvio de diárias dos hotéis pagos pelo Governo do Estado em jogos do Campeonato Estadual de Futebol. Para o Gaeco, o esquema de peculato se estendia a outros estabelecimentos, já que altas quantias estariam envolvidas.
“A prática consistia em devolver para os integrantes do esquema parte dos valores cobrados naquelas contratações (seja de serviços ou de produtos) efetuadas pela Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul”, frisa a nota do Ministério Público.
A Operação Cartão Vermelho está cumprindo sete mandados de prisão preventiva e outros 14 mandados de busca e apreensão nas cidades de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Conforme informado pelo Ministério Público, até o momento foram apreendidos mais de 800 mil reais.