Na plataforma, o cidadão pode escolher qual órgão deseja doar
A advogada Thaynara Espínola, de 26 anos, é uma dos 46 sul-mato-grossenses que formalizaram a sua vontade de ser um doador de órgãos por meio da Aedo (Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos). Lançada há 30 dias, a autorização é disponibilizada pelos Cartórios de Notas de Mato Grosso do Sul em parceria com o Poder Judiciário.
Segundo Thaynara, seu conhecimento da iniciativa veio por meio de uma divulgação feita nas redes sociais de um cartório de Campo Grande.
Ela explica que sempre foi clara com sua família sobre seu desejo de ser doadora, mas, por eles terem certa resistência à decisão, optou por formalizar e garantir que seu desejo seja atendido.
“Acho que sempre tive essa vontade de querer ajudar o próximo. Converso bastante com minha família sobre essas questões”, conta ela.
“Até porque a morte é um tabu na sociedade e quando a gente começa a falar as pessoas ficam ‘ah para, muda de assunto’. Mas para mim, mesmo após a minha partida, quero que o que puder ser reaproveitado, que seja… Tantas pessoas passam anos na fila de espera, aguardando uma doação… As pessoas precisam se conscientizar sobre esse assunto, que apesar de delicado, é muito importante”, pontua.
A advogada, que também é doadora de sangue desde os 17 anos, acredita que a família respeitará sua decisão, mas, por garantia, achou “bacana deixar por escrito”.
No momento de selecionar quais órgãos ela quer doar, Thaynara foi clara: “o que estiver bom, pode doar. Não quero levar para baixo da terra o que pode ser utilizado para salvar vidas”.
Ela ressalta que o processo é prático e rápido. Seu pedido foi emitido em 5 de abril e assinada digitalmente em 18 do mesmo mês.
Como formalizar a Aedo
Regulamentada pelo Provimento nº 164/2024 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e disponível gratuitamente para toda a população, a Aedo feita em cartório pode ser consultada, via CPF do falecido, pelos responsáveis do Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, diretamente na Central Nacional de Doadores de Órgãos.
A iniciativa, que busca ajudar as pessoas que atualmente aguardam na fila por um transplante de órgãos, pode ser solicitada digitalmente em qualquer um dos Cartórios de Notas do Brasil.
Para realizar a Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos, o interessado preenche um formulário diretamente no site, recepcionado pelo Cartório de Notas selecionado.
Em seguida, o tabelião agenda uma sessão de videoconferência para identificar o interessado e coletar a sua manifestação de vontade.
Por fim, o cidadão e o notário assinam digitalmente a Aedo, que fica disponível para consulta pelos responsáveis do Sistema Nacional de Transplantes.
A plataforma está acessível 24 horas por dia, 7 dias por semana, de qualquer dispositivo com acesso à internet.
Na plataforma, o cidadão pode ainda escolher qual órgão deseja doar – medula, intestino, rim, pulmão, fígado, córnea, coração ou todos
O e-Notariado
O processo de emissão da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos é realizado por meio da plataforma e-Notariado, ambiente digital nacional para realização de atos notariais.
O interessado em doar órgãos deverá acessar o site www.aedo.org.br e solicitar o seu Certificado Digital Notarizado, assinatura eletrônica que assegurará a identidade do solicitante. Após envio da solicitação, o tabelião de notas selecionado pelo cidadão entrará em contato para realizar a videoconferência de emissão do Certificado.
Uma vez emitido, o futuro doador deverá preencher o formulário da página inicial do site com seus dados e indicar quais órgãos gostaria de doar. Após preenchido o formulário, o cidadão seleciona o Cartório de Notas que fará a emissão da Aedo e assinará o documento com seu Certificado Digital Notarizado, instalado no celular.
O documento será gerado automaticamente e integrará a Central de Doadores de Órgãos imediatamente. O cidadão então poderá informar sua família da existência do documento para facilitar a busca futura. O documento pode ser revogado a qualquer momento pelo solicitante.