Subea avalia positivamente a eficiência na descentralização dos atendimentos, desde avaliações a casos de emergência
O projeto autorizado da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Veterinária está no papel há nove anos, visando à construção de um hospital no estilo SUS (Sistema Único de Saúde) em Campo Grande. Todo ano, a perspectiva de lançamento da obra aguça tutores de baixa renda no tratamento de pets.
Entretanto, a nova gestão deu “adeus” ao plano para descentralizar o serviço gratuito em bairros e na nova sede da Subea (Subsecretaria do Bem-Estar Animal). Ou seja, a UPA Vet não será um sonho possível em 2024 e, talvez, muito menos no próximo ano, como explica a Subsecretária, Ana Luiza Lourenço de Oliveira Lima.
A gestora ressalta que a pasta foi orientada a manter a realidade orçamentária da Prefeitura e mudar a realidade de serviços voltados aos animais.
“Eu assumi faz 15 meses. A prefeita me convidou e disse que queria uma resposta rápida para a população, para eu estudar o custo da UPA Vet e tudo que a gente poderia fazer, o que seria mais viável para a população. Busquei o que foi prometido, que dizia que a UPA atenderia 600 animais por mês. Quando colocamos no papel, em um único local, para fazer todos os atendimentos (…), eu poderia fazer algo diferente. A prefeita também queria algo nos bairros, para a população não ter só uma base. Montar uma estrutura, colocar aparelhos, raio-x, ultrassom e toda a mão de obra teria um custo muito alto”, detalha.
Em 2022, a antiga gestão da pauta havia detalhado que o projeto estava orçado em R$ 3 milhões. A obra faz parte do pacote de obras do Reviva Mais Proteção Animal. Em março do mesmo ano, a prefeitura havia inaugurado a pedra fundamental no bairro Aero Rancho, local onde seria construído o complexo e o Centro de Acolhimento Transitório e Adoção de Animais.
Porém, conforme Ana Luiza, a opção mais coerente seria ampliar os pontos de atendimento, além das equipes móveis que vão até o morador. Atualmente, há duas clínicas veterinárias credenciadas para castração, atendimento hospitalar veterinário na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e a UBEA (Unidade de Bem-Estar Animal), na sede da subsecretaria.
“Em 30 dias montamos nossa base, tudo autorizado pelo CMV-MS (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Mato Grosso do Sul). Aqui fazemos o rastro, para ter o controle, ela busca atendimento e encaminhamos. Hoje, distribuímos diariamente 15 fichas de manhã e 15 à tarde, são 600 atendimentos por mês. Também temos o atendimento itinerante que atende 880 animais. Não é viável fazer um ponto se já estamos levando tudo aos bairros. Quem mora na região do segredo, a UPA perto da lagoa, a pessoa teria que atravessar a cidade. Se a gente está indo aos bairros é mais eficiente”.
Como funciona o serviço
A subsecretária detalha que a UBEA também funciona como uma UPA, por exemplo, o tutor chega na recepção indicando o motivo da visita. Dependendo da gravidade, assim como um posto de saúde que passa por triagem, o animal é avaliado pelos veterinários e encaminhado para a unidade de atendimento.
“A UFMS é nossa credenciada, um grande hospital. Vamos imaginar que o cão chegue em estado grave, o tutor não vai ter tempo de pegar uma senha e ficar esperando, então, ele vai ser avaliado por um dos nossos veterinários. Temos três consultórios e três veterinários. Vamos também ficar atentos à ocupação da universidade, imaginar como se fosse um leito, se tem espaço para mais um. Há casos em que o animal fica mais de 30 dias internado, medicamentos e exames diários e precisa de suporte por 24h”.
São 30 senhas distribuídas por dia, sendo 15 a partir das 7h30 e 15 a partir das 13h. É necessário ter um documento com foto, número do NIS (Número de Identificação Social) atualizado nos últimas 24 meses e comprovante de residência.
Na visão da pasta, comparando ao planejamento anterior, os custos da prestação de serviço são mais baixos. Das metas iniciadas desde o ano anterior, a previsão orçamentária é de 6.577.567,36, com destinação de recursos para:
Implantação e operação UBEA;
Exames de hemograma/bioquímico;
Convênio de procedimentos cirúrgicos na UFMS;
Aquisição de alimentos para animais;
Veículos;
Programa de castração;
Programa de microchipagem.
Além das 15 senhas para moradores, as OSCs (Organizações da Sociedade Civil), protetoras com CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) têm uma média de 12 atendimentos por dia. A subsecretária enumera que há 198 protetoras cadastradas e 10 OSCs.
“Toda quarta-feira é dia de atendimento para os protetores, muitas já sabem. Em média, cada protetora busca atendimento para cinco animais, o que inclui serviços como microchipagem, vermifugação, avaliação e castração. Também oferecemos o serviço de ultrassom, na parte da manhã.”
Lançamento do Consultório Móvel
A promessa da nova gestão é a entrega de um ônibus consultório móvel exclusivo da pasta para levar o serviço aos bairros. O veículo era utilizado pelo Hemosul e foi doado pelo Governo do Estado. O projeto prevê que o ônibus tenha pintura azul, duas salas e dois veterinários atendendo.
“Está quase tudo pronto e até o meio do ano vamos colocá-lo para rodar, junto com a campanha de vacinação viral. Precisamos fazer as adaptações necessárias para o Conselho Regional de Medicina Veterinária autorizar, seguindo a legislação. Assim que estiver aprovado, estará pronto para entrar em ação.”
Enquanto o ônibus ainda não está pronto, as agendas também estão disponíveis nas unidades de CRAS (Centros de Referência de Assistência Social) e em mutirões com os serviços já oferecidos. As campanhas nas escolas visam orientar crianças e adolescentes sobre a tutela responsável.
“Não podemos nos limitar apenas aos atendimentos; se não conscientizarmos a população sobre a responsabilidade, não conseguiremos combater o abandono. Se trabalharmos com a prevenção, evitaremos grandes gastos. Aqui na Ubea, temos profissionais, serviços e tudo é gratuito.”
O que tem sido feito?
A subsecretária, que é veterinária, destaca que as medidas de adoção estão gradualmente mudando o cenário da causa animal na cidade. Desde o ano passado até abril deste ano, mais de 7 toneladas de ração foram doadas a abrigos, protetores e moradores.
“Antes, o tutor não queria castrar o macho devido ao mito de que ele deixaria de ser ‘galã’, mas houve um aumento na demanda por esse serviço. Hoje em dia, o animal sai do atendimento monitorado pelo microchip, o que permite sua localização caso se perca, com os dados do tutor. Nosso serviço hoje em dia é amplo; o tutor que busca ajuda encontrará desde orientação até avaliação de doenças simples e mais complexas que podem levar a cirurgias.”
Outro serviço oferecido é o de denúncias de maus-tratos, pelo telefone 156, acompanhado por uma veterinária da subsecretaria. Cerca de 100 casos por mês são investigados. A visita é realizada para avaliação e orientação; caso algo grave seja constatado, a polícia é informada com um laudo assinado.
“A maioria dos casos envolve pessoas idosas, que desconhecem o que é considerado maus-tratos. Às vezes, não sabem que é necessário fornecer uma cobertura ou um local de proteção, ou onde o animal não pode ficar amarrado. A veterinária elabora um termo de adequação e o morador precisa seguir as orientações.”
Calendário do mês
No próximo sábado (20), das 8h às 13h, haverá um mutirão no evento “Todos em Ação”, no Nova Campo Grande, na Escola Municipal Fauze Scaff Gattass Filho. Serão oferecidos atendimento médico-veterinário, microchipagem, vacinação e encaminhamento para castração e controle de ectoparasitas.
No dia 23, a ação será no CRAS do bairro Canguru.