A ideia da festa do divórcio é celebrar, com bom humor, o fim do casamento e deixar o conceito de “fracasso” para trás
Algumas pessoas vivenciam o fim do casamento chorando em casa, enquanto outras gostam de sair com os amigos para espairecer a mente. A empresária Mari Marques, de Rio Negrinho, em Santa Catarina, encontrou outro jeito de passar por essa situação ao comemorar em uma festa do divórcio.
Mari contou que pediu o divórcio após descobrir a traição do ex-marido. Isso porque o homem fez um Pix para outra mulher usando a conta conjunta do casal. Como não foi uma separação fácil, a empresária prometeu comemorar quando realmente chegasse ao fim.
“Meu divórcio foi bem complicado. Era um relacionamento de 20 anos, me casei quando ainda tinha 17. Dez dias após meu pedido de separação, ele já estava morando com outra mulher, mas me atormentou muito nesse período. Entrei com um processo litigioso”, afirmou Mari.
A sobrinha Bruna Marques e as amigas da empresária viram que ela precisava extravasar após o fim do processo, que se arrastou na Justiça por cerca de sete meses. Foi aí que surgiu a ideia da festa do divórcio. Tudo foi feito de forma surpresa e Mari não desconfiou de nada.
Ela não foi a única
Em fevereiro deste ano, uma britânica viralizou nas redes sociais ao fazer uma festa do divórcio no valor de R$ 1,5 milhão, com direito a brindes, atrações musicais e sessões de fotos para os convidados.
A mulher, que não teve sua identidade revelada, teria usado o “dinheiro de seu primeiro cheque de pensão alimentícia” para pagar pelo evento. Ou seja, a festa acabou sendo financiada pelo ex-marido.
A ideia da festa do divórcio é celebrar, com bom humor, o fim do casamento e deixar o conceito de “fracasso” para trás. Esse tipo de celebração, inclusive, já virou tema de um episódio da novela Salve Jorge, da Globo. A personagem Bianca, vivida por Cleo Pires, organizou uma luxuosa festa para comemorar a separação.
Vale a pena?
Será que faz bem fazer uma festa do divórcio para celebrar o término? De acordo com Izabella Rodrigues Melo, mestre em psicologia clínica e cultura pela Universidade de Brasília (UnB) e professora de psicologia do Centro Universitário de Brasília (CEUB), essa celebração é o reflexo de um movimento em que o divórcio deixa de simbolizar um fracasso.
“O divórcio não precisa significar uma derrota, que o casamento não deu certo. Pode significar tanto para o casal, como para a família ao redor, que aquela união, naquele formato, não fazia mais sentido”, afirmou a especialista.
A neuropsicóloga Andrea Stravogiannis, por sua vez, elucidou que, quando o casamento termina de forma amigável, é importante pensar no impacto emocional que a festa pode ter na outra pessoa e em si mesmo. É aí que entra a responsabilidade afetiva.
“Quando estamos numa relação amorosa saudável, são criadas expectativas. Quando há o rompimento, por mais que você não queira mais aquela pessoa, também é preciso lidar com a perda dessas projeções. E promover uma festa pode trazer mais sofrimento ao reviver aquela relação do que um alívio”, disse.
Ela, então, acrescentou: “No caso de um relacionamento saudável, se depois de dois meses você faz uma festa, o quanto isso pode machucar o outro? Mas depois de um tempo, quando esse fim tiver sido mais elaborado, acredito que seja possível celebrar sim, ainda que muitas pessoas olhem para isso com estranheza”.