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Quadrilha do narcotráfico que tem ajuda de policiais é alvo de operação do Gaeco

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Policiais usavam viaturas oficiais para transportar cocaína do Paraguai até Campo Grande. Dois foram presos em setembro do ano passado com 538 kg

 

Pouco mais de seis depois de dois policiais civis terem sido flagrados transportando 538 quilos de cocaína entre Ponta Porã e Dourados, em viaturas oficiais, O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO) deflagrou na manhã desta terça-feira uma operação para cumprir 21 mandados de prisão e 33 de busca e apreensão para tentar desmantelar a quadrilha especializada no tráfico de cocaína.

Embora não tenham sido divulgados nomes dos alvos da operação, notas do MPE e da Polícia Civil deixam claro que, além daqueles dois flagrados no começo de setembro do ano passado, outros agentes públicos foram presos nesta terça-feira.

Conforme nota do MPE, a “organização criminosa, altamente estruturada, com uma rede sofisticada de distribuição, com vários integrantes, inclusive policiais cooptados, fazia o escoamento da droga, como regra cocaína, por meio de empresas de transporte, as quais eram utilizadas também para a lavagem de capitais, ocultando a real origem e destinação dos valores obtidos com o narcotráfico”.

De preferência, segundo o MPE, os traficantes utilizavam caminhões que transportavam carnes resfriadas, já que estes caminhões viajam lacrados. Todos os carregamentos de carne saem dos frigoríficos ou locais de embarque com lacre que só pode ser aberto no destino final. Nem mesmo a polícia tem autorização para romper estes lacres para fazer vistoria quando desconfia de alguma irregularidade.

Mas, em uma série de apreensões ao longo dos últimos meses, as drogas haviam sido inseridas no meio das cargas sem rompimento destes lacres. Então, a conclusão dos policiais é de que os traficantes estavam removendo integralmente as portas dos baús sem rompimento dos lacres para conseguirem embarcar as drogas.

Foi o que aconteceu na descoberta de 1,5 tonelada de maconha que estava em meio a um carregamento de 18 toneladas de carne bovina apreendido no dia 5 de outubro do ano passado em um galpão do Jardim Noroeste, em Campo Grande. A justiça autorizou a doação desta carne para 38 entidades assistenciais, mas depois a decisão foi revista. Porém, 85% já havia sido distribuído.

Antes disso, no dia 25 de abril, agentes da Polícia Rodoviária Federal apreenderam, na BR-158, em Paranaíba, 484 quilos de cocaína em meio a um carregamento de carne resfriada. O motorista informou que receberia R$ 200 mil pelo transporte.
A descoberta, segundo informou a PRF à época, só ocorreu porque os agentes constataram excesso de peso no caminhão. Diante disso, ele foi levado a um frigorífico e o lacre foi rompido em local onde havia autorização para ser substituído.

Durante o transcorrer das investigações sobre a quadrilha que está sendo alvo nesta terça-feira foram apreendidas cerca de duas toneladas de cocaína, de acordo com a nota do MPE.

“Além de usar uma carga lícita como cobertura para transportar a droga, a organização ainda fazia a transferência da propriedade de caminhões entre empresas usadas pelo grupo e os motoristas, desvinculando-os dos reais proprietários, para assim chamarem menos a atenção em eventual fiscalização policial (em regra, a liberação é mais rápida quando o motorista consta como dono do veículo)”, explica nota emitida pelo MPE.

Uma das maneiras utilizadas pelo grupo para trazer a droga de Ponta Porã/MS até Campo Grande/MS, de onde saía para outros Estados da Federação, era o chamado “frete seguro”, por meio do qual policiais civis transportavam a cocaína em viatura oficial caracterizada, já que, como regra, não era parada, muito menos fiscalizada por outras unidades de segurança pública.

No dia 6 de setembro do ano passado, os policiais civis Alexandre Novaes Medeiros e Anderson Cesar dos Santos foram flagrados com 538 quilos de cocaína em Dourados. A investigação apontou que aquela seria a sexta viagem que faziam para a mesma quadrilha.

Batizada de “Snow”, a operação desta terça-feira contou com o apoio de investigações da PRF e a Corregedoria da Polícia Civil. Dos 21 mandados de prisão preventiva, três tiveram como alvo pessoas que já estão presas.

NOTA DA POLICIA CIVIL

Depois de o MPE divulgar algumas informações a respeito das prisões, comando da Polícia Civil divulgou nota dizendo “a Polícia Civil do Mato Grosso do Sul tem o compromisso de combater qualquer crime em nosso Estado. Nesse contexto informamos nossa participação na operação em curso conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO).

No decorrer dessa operação, os mandados de prisão relacionados à prisão e busca e apreensão relacionados a policiais civis foram cumpridos pela nossa instituição, por meio da Corregedoria-Geral da Polícia Civil.

Salientamos que, além das medidas de natureza criminal, encontram- se em andamento na Corregedoria procedimentos administrativos para apurar eventuais transgressões disciplinares”.

Porém, a nota não informou nomes dos policiais que foram alvo da operação. A maior parte dos presos foi levada ao prédio da Cepol, no bairro Tiradentes.

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