Demolição é feita pela Sisep com aval do dono, que viu a casa da mãe ser invadida por usuários de drogas
O aposentado João dos Santos, 68 anos, assistiu à demolição da casa da mãe, na Rua Luiz Louzinha, na Vila Nhanhá. “É um alívio ver que estão derrubando e limpando tudo”, disse. O motivo é que, há quatro meses, o imóvel era usado por moradores de rua e usuários de drogas, se tornando uma dor de cabeça para a família.
A demolição foi feita por equipe da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), sendo coordenada pelo CCEV (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais) da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).
Três caminhões de lixo iam e voltavam para a limpeza. No total, foram cinco viagens para retirada de entulho.
João teve perna amputada por conta da trombose. Cadeirante, disse que tinha dificuldade em manter o terreno limpo e não tinha condições de mandar fazer o serviço. A mãe tem 97 anos e mora com outra filha. “Eu fico triste por ser a casa da minha mãe, mas, fazer o quê? Aqui na Nhanhá é assim, é tudo voltado para a droga. A droga leva tudo”.
A casa de João foi tomada pela droga há uns 4 meses, quando uma mulher invadiu o imóvel e o transformou em uma boca de fumo.
Luciana Santana, 31 anos, vizinha deles diz que a movimentação dos moradores de rua começou há uns três anos na área, a partir das ações de dispersão feita na antiga Rodoviária, na Rua Dom Aquino. “Furtaram fios, cadeira, tudo que você deixar aqui na frente”, contou.
Segundo ela, os moradores se mobilizaram contra a migração e foram até a prefeitura e liderança do bairro. Além da casa de João, outro imóvel, na esquina, também era usado como moradia dos usuários.
Um vigilante de 48 anos, que mora no bairro e não quis se identificar, disse que a situação já estava insuportável. “Jogam lixo, a casa já estava sendo invadida por escorpião, baratas, ratos”, contou. Para ele, a demolição foi uma solução e diz que vão tentar fazer com que o terreno, limpo, seja usado como estacionamento da Igreja Santa Luzia, próxima do local.
Hoje, com aval do dono da casa, a casa foi demolida e o terreno limpo. João também não se opõe que a área seja usada pela igreja.
O chefe do serviço do Controle de Leishmaniose e Doença de Chagas, Márcio Márcio Oliva, diz que a demolição e limpeza fazem parte de trabalho em parceria com a Sisep.
A execução do serviço depende da autorização do proprietário do imóvel e o trabalho de encontrar essas pessoas pode demorar para a liberação. “A maior dificuldade são os espólios de herdeiros, difícil localizar o dono”. Há também os casos de cumprimento de determinação judicial.
Somente hoje, foram cinco imóveis limpos e/ou demolidos. Na Avenida das Bandeiras, as equipes retiraram o entulho. O outro terreno é localizado na esquina das ruas Japão e Ouro Verde que, desde 2021, já faz parte do trabalho recorrente da coordenadoria. No último dia 5, conta, retiraram 18 caminhões de lixo e entulho.
Hoje, os antigos moradores viram de longe a limpeza da área. No terreno ao lado, ainda tentavam resgatar alguma pertence no meio dos escombros.
Outro caso – No fim de semana, moradores do Jardim Sayonara, região do Aeroporto de Campo Grande, destruíram por conta própria um prédio pelo mesmo motivo. O imóvel estava abandonado entre a Rua Arthur Marinho e a Avenida João Júlio Dittmar.
No sábado à noite, grupo colocou tudo abaixo sob alegação que a criminalidade aumentou depois que o local se tornou abrigo de usuários de drogas. Uma semana antes, casa havia sido furtada, segundo os moradores da região. A comunidade resolveu então ir até o ponto abandonado e, com marretas, derrubar toda a estrutura de alvenaria.