Você sabe por que o Dia Internacional da Mulher é comemorado no dia 8 de março? Entenda tudo sobre a data e sua importância
O Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje, 8 de março, é uma data muito importante no calendário mundial. É um momento de reflexão sobre a luta e as conquistas das mulheres, principalmente por igualdade e respeito ao longo da história. Mas, você sabe qual é a verdadeira origem dessa data?
Neste artigo, vamos falar sobre como surgiu a instituição desse marco, qual é a importância dele, tudo o que já foi conquistado até hoje, quais são as lutas que as mulheres travam nos dias atuais e outros pontos interessantes sobre o tema.
Por que dia 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?
O Dia Internacional da Mulher é comemorado em vários países no dia 8 de março por representar a luta das mulheres em busca de maiores direitos. A data no calendário é motivada por um protesto que aconteceu na Rússia, apesar de, no Brasil, muitas pessoas acreditarem que a data está relacionada a um incêndio em uma fábrica de tecidos nos Estados Unidos. A verdadeira história é outra, um pouco diferente, como veremos a seguir.
Primeiros movimentos nos Estados Unidos e Europa
A primeira manifestação em relação às mulheres ocorreu em Nova York, no dia 26 de fevereiro de 1909. A passeata contou com cerca de 15 mil mulheres que protestaram por melhores condições de trabalho, que na época, eram muito precárias e exploradoras.
Portanto, em outubro do ano seguinte, em Copenhague, capital da Dinamarca, aconteceu a Segunda Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, na qual a líder socialista alemã Clara Zetkin sugeriu que houvesse uma agenda anual de ações em prol das mulheres.
Até o momento, não havia uma data estabelecida, mas já em fevereiro do ano seguinte, 1911, diferentes manifestações foram iniciadas.
Primeiro 8 de março
A partir de 1911, as manifestações começaram a acontecer anualmente em diferentes datas entre fevereiro e março, de acordo com cada país.
No dia 8 de março de 1917, um grupo de operárias saiu às ruas para protestar contra a fome e contra a Primeira Guerra Mundial. Elas foram fortemente repreendidas e o episódio acabou dando início à Revolução Russa.
Desde então, o movimento internacional socialista adotou a data como o Dia internacional da Mulher e as comemorações passaram a ser realizadas no mesmo dia em vários países.
Oficialização da data pela ONU
A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou o ano de 1975 como o “Ano Internacional da Mulher” e, foi a partir desse ano que o 8 de março foi oficializado como Dia Internacional da Mulher.
Assim, anualmente, homens e mulheres de todas as idades vão às ruas nessa data para manifestarem apoio às conquistas e lutarem por mais direitos e respeito.
A data foi mesmo motivada por um incêndio?
No Brasil, houve uma crença de que o dia 8 de março seria referente a um incêndio que aconteceu na fábrica de tecidos Triangle Shirtwaist, em março de 1911. O incêndio teve como vítimas 125 mulheres e 11 homens.
Apesar do fato ser verdadeiro e de muitas mulheres terem morrido nesse episódio, dois fatores são determinantes para que ele não seja o principal motivador da escolha da data.
O primeiro é que o incêndio ocorreu no dia 25 de março e não no dia 8. O segundo é que movimentos anteriores já sinalizavam a movimentação das mulheres em relação à luta por melhores condições de trabalho e de igualdade de direitos, como mencionado anteriormente.
Uma diferente corrente falava sobre outro episódio ocorrido em 1857, em Nova York. Operárias de uma fábrica têxtil em greve teriam sido mortas em um incêndio criminoso por seus patrões. Contudo, não existe comprovação de que esse fato seja verídico, muito menos que tenha ocorrido no dia 8 de março.
Assim, apesar desses momentos emblemáticos, a data do Dia Internacional da Mulher teve como motor o protesto das operárias russas contra a Primeira Guerra Mundial e a fome.
Qual a importância dessa data?
Se você pensa que o Dia Internacional da Mulher é um dia exclusivo para dar flores e chocolates para agradar as mulheres da sua vida, saiba que é possível ir muito além Existem sim algumas ações interessantes para fazer nessa data.
Mas o dia 8 de março é, principalmente, a memória de um dia de muita luta e também um dia de lembrar e celebrar todas as vitórias conquistadas. Assim, veja abaixo alguns pontos muito importantes sobre a data.
Luta por direitos iguais
Apesar de já estarmos no século XXI, muitas mulheres enfrentam dificuldades em ter direitos básicos garantidos ao redor do mundo. Desde casos mais extremos, como países árabes que imputam uma série de proibições às mulheres, inclusive do direito de ir e vir, até países mais liberais, como o Brasil, onde o machismo estrutural ainda dita muitas das do dia a dia.
Por isso a data é tão importante, pois ela faz com que o mundo pare por um dia para ouvir o que as mulheres têm a dizer e, a cada pequena intervenção, as mudanças necessárias vão acontecendo na sociedade.
Ressignificação do papel da mulher na sociedade
Antes do feminismo, as mulheres eram submissas aos seus maridos e não tinham vários dos direitos que vemos hoje. Um exemplo disso é que, até a Constituição Federal de 1988, as mulheres não tinham a igualdade de direitos assegurada por lei.
Nas primeiras décadas daquele século, elas precisavam de autorização do marido, registrada em cartório, para trabalhar.
Hoje, a mulher é empoderada, tem seu papel muito mais forte e presente na sociedade. São, muitas vezes, as principais fontes de sustento de seus lares e têm oportunidades de serem mais valorizadas por seus talentos e habilidades.
Celebração das conquistas
O dia 8 de março também é um dia para celebrar as conquistas, que sempre foram tão difíceis de alcançar. É um momento para lembrar que, por causa dessas manifestações, hoje as mulheres podem votar e se elegerem, podem representar sua comunidade, podem ser independentes e ter suas próprias carreiras.
A data ajuda a valorizar tudo o que aquelas que foram às ruas no passado representaram e fizeram, que acreditaram em um mundo melhor e mais justo e proporcionaram às mulheres de hoje todos os direitos e acessos que podem usufruir.
Lembrete de que a luta ainda é necessária
Apesar de tantos avanços e mudanças, ainda há muito a ser feito. A nossa legislação prevê direitos e benefícios, mas na prática, existem diversas práticas realizadas com base na misoginia.
A cada Dia Internacional da Mulher, é preciso voltar às ruas e lembrar que a luta não terminou e que cada uma têm um papel fundamental nisso.
Conquistas das Mulheres ao longo dos anos
Ainda hoje, é comum ouvirmos de algumas mulheres que “os movimentos feministas não serviram de nada”. Essa é afirmação que não se relaciona com a realidade e que pode ser refutada facilmente se pararmos para analisar alguns dados históricos.
Para que você entenda melhor a importância dessas iniciativas, criamos uma linha do tempo com as principais conquistas femininas ao longo dos anos.
1827 – Meninas são autorizadas a frequentar a escola
Nos dias de hoje, as mulheres são maioria quando o assunto é educação. A estimativa é que 25% das mulheres ingressam em uma universidades, enquanto apenas 18% dos homens buscam um curso superior.
Analisando esse cenário, é até estranho pensar que o direito à educação foi negado às mulheres por tanto tempo. Só em 1827 elas receberam autorização para frequentar a escola. O acesso à universidade veio ainda mais tarde, apenas em 1879.
1932 – Mulheres conquistam o direito ao voto
Muitas das conquistas e direitos das mulheres foi fruto de muita pressão política, mas a possibilidade delas entrarem nesse cenário não foi tão simples.
Apesar da Proclamação da República ter ocorrido em 1889, o primeiro partido político feminino nasceu apenas vinte anos depois, para lutar pelo direito ao voto e emancipação das mulheres.
A vitória da luta chegou apenas em 1932, pelo primeiro Código Eleitoral Brasileiro. A conquista só foi possível após a organização de movimentos feministas que atuaram intensa e exaustivamente no movimento sufragista.
1960 – Criação da primeira pílula anticoncepcional
O direito ao controle de natalidade também foi uma conquista importante para a liberdade feminina. O movimento foi mais social do que político e culminou na criação e comercialização da primeira pílula anticoncepcional em 1960.
1974 – Mulheres conquistam o direito de portarem um cartão de crédito
Dá para imaginar que o direito ao uso do cartão de crédito foi, por tanto tempo, limitado apenas aos homens? Sim, até 1974, os bancos queriam ditar como as mulheres deveriam gastar seu próprio dinheiro.
Dessa forma, mesmo se você fosse uma mulher solteira ou separada, ainda precisaria levar um homem para assinar o contrato ao solicitar um cartão de crédito. A liberação veio com a aprovação da “Lei de Igualdade de Oportunidade de Crédito”.
1977 – Aprovação da Lei do Divórcio
O divórcio só se tornou uma opção legal no Brasil em 1977, a partir da Lei nº 6.515. Até então, as mulheres eram obrigadas a permanecer legalmente em casamentos infelizes e abusivos. Mesmo que não convivessem mais juntos, essas mulheres ainda precisariam da autorização do marido para diversas situações.
1985 – Criação da primeira Delegacia da Mulher
Com foco em ações de proteção e investigação de crimes de violência doméstica e violência sexual contra as mulheres, a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (DEAM) surgiu em 1985 em São Paulo. Logo depois, novas unidades começaram a existir em outros estados do país.
1988 – A Constituição Brasileira passa a reconhecer as mulheres como iguais aos homens
Outra conquista importante dos movimentos populares feministas foi a igualdade constitucional. Apenas na Constituição de 1988, as mulheres passaram a ser vistas pela legislação de forma igualitária, tendo os mesmos direitos e deveres dos homens como cidadãs.
2006 – Sanção da Lei Maria da Penha
As conquistas mais recentes dizem respeito à luta contra a violência. Em 2006, foi criada a Lei Maria da Penha, para reconhecer e combater a violência doméstica. Assim, a lei foi uma homenagem à farmacêutica brasileira que ficou paraplégica após sofrer agressões do marido por anos.
Nove anos depois, outra lei importante foi sancionada, a Lei do Feminicídio, que classifica como crime hediondo o assassinato de mulheres por razões de condição de gênero.
2010 – O Brasil elegeu a primeira mulher presidente
A visibilidade política também foi uma conquista importante para as pautas feministas. Em 2010, o país elegeu sua primeira presidente mulher, Dilma Rousseff (PT).
As lutas das mulheres na atualidade
No início do século 20, a luta das mulheres era por direitos que hoje são básicos, como uma jornada de trabalho justa, direito a escolher seus representantes na política e se elegerem para representar outras mulheres. Até porque, um estudo do IBGE revela que, apesar dos avanços, existem muitos desafios que as mulheres estão vencendo no dia a dia, como: o preconceito do mercado com a maternidade, jornadas duplas e triplas e até uma renda menor.
Igualdade salarial
Quem não se lembra do protesto da jogadora de futebol Marta, na Copa do Mundo de Futebol Feminino que aconteceu em 2019, na França. No mesmo jogo em que se consagrou a única jogadora de futebol do mundo a marcar gols em 5 mundiais, o que mais chamou a atenção foi seu protesto na comemoração. Na chuteira, no lugar de um patrocínio, um símbolo pela equidade de gênero no esporte.
Ela, eleita seis vezes a melhor jogadora do mundo, maior artilheira em Mundiais entre homens e mulheres, recusou o patrocínio porque o valor estava muito abaixo do que é praticado para atletas do mesmo nível do sexo masculino.
Portanto, com tantos feitos e visibilidade, Marta precisou se manifestar e dar um basta, imagine quantas mulheres não recebem salários inferiores que seus colegas que exercem a mesma função? É uma luta no mercado de trabalho que, infelizmente, precisa seguir firme.
Violência contra as mulheres
A violência contra a mulher está estampada na capa dos jornais diariamente. A Lei Maria da Penha é uma importante conquista, mas os agressores ainda existem e resistem. A grande maioria, maridos e companheiros que não aceitam o fim de uma relação ou que se sentem donos da mulher.
Apenas no período entre janeiro a julho de 2023, o Brasil registrou 1.153 feminicídios, sem falar nos casos de agressão física e sexual. O Dia Internacional da Mulher deve ser usado para ressaltar a importância da denúncia e para educar os homens desde novos para que eles não cometam tais crimes.
Feminismo negro
Outra corrente de luta social bastante relevante no Brasil é contra o racismo. Se as mulheres já sofrem diferentes tipos de preconceitos e estigmas, quando falamos das mulheres negras o problema se multiplica.
A cor da pele e os traços étnicos são suficientes para que elas sejam classificadas como pessoas inferiores, criminosas e coisas similares. Além de lutarem por seus direitos como mulher, elas precisam lutar por direitos básicos, como acesso à saúde, educação, alimentação e emprego.
Preconceito contra mulheres LGBTQIAP+
Por fim, precisamos falar do universo LGBTQIAP+. Uma sigla que engloba diferentes tipos de pessoas marginalizadas, das quais várias são mulheres. As lésbicas e trans são as que mais sofrem preconceito, por não se encaixarem no padrão tradicional da sociedade, que já mostrou que têm dificuldades em aceitar o diferente.
Mulheres inspiradoras
Conhecer as principais conquistas e lutas é muito importante para entender de onde saímos e o que ainda podemos alcançar. Mas, mais do que isso, é válido conhecer e homenagear figuras femininas que contribuíram significativamente para suas respectivas áreas e para a sociedade em geral.
A seguir, listamos 5 personalidades importantes, que podem ser homenageadas e lembradas neste Dia Internacional da Mulher.
Marie Curie
A cientista e física polonesa Marie Curie foi a primeira mulher da história a ganhar um Prêmio Nobel e a única a ganhá-lo duas vezes. Também foi a primeira mulher a ser admitida como professora na Universidade de Paris.
Assim, conhecida como uma das mentes mais brilhantes do século passado, Marie fez pesquisas importantes para a teoria da radioatividade e nomeou dois elementos químicos descobertos por ela: o polônio e o rádio.
Malala Yousafzai
Malala Yousafzai é uma ativista paquistanesa que luta pelo direito à educação para meninas, um grande símbolo em todas as comemorações de Dia Internacional da Mulher. Em 2008, o líder talibã exigiu que as escolas interrompessem as aulas dadas para as meninas. Dessa forma, Malala seguiu frequentando a escola escondida e foi baleada na cabeça enquanto voltava para casa.
Após sobreviver ao ataque, Malala se mudou para o Reino Unido, onde vive com a sua família desde então, e continua lutando pelos direitos de todos à educação. Por conta de seu engajamento na causa, ganhou o Prêmio Nobel da Paz, aos 17 anos, tornando-se a pessoa mais jovem a receber o prêmio.
Maria Quitéria
Maria Quitéria foi uma militar e heroína da Guerra da Independência, que fugiu de casa disfarçada de homem para conseguir entrar em combate. Assim, ela é a primeira mulher a assentar praça numa unidade militar das Forças Armadas Brasileiras e a primeira a entrar em combate pelo Brasil, em 1823.
Ada Lovelace
Nascida em 1815, no Reino Unido, Augusta Ada King, mais conhecida como Ada Lovelace, foi uma matemática e escritora inglesa considerada a primeira programadora do mundo. Assim, muito à frente de seu tempo, ela é responsável pelas primeiras linhas de código processadas por uma máquina. Além disso, ela é grande referência para empoderar meninas e mulheres a consquistarem seu espaço no Dia Internacional da Mulher.
Valentina Tereshkova
Valentina Tereshkova foi a primeira mulher a viajar para o espaço e a única, até hoje, a ter realizado um voo solo. A russa se destacou de outras candidatas por suas habilidades de paraquedismo e sua representação com uma heroína da União Soviética. Após o feito, Valentina ingressou na vida política.
Como celebrar o Dia Internacional da Mulher?
Dê espaço de fala para as mulheres
As ações de igualdade dentro da empresa devem acontecer no cotidiano, e muito além de apenas no Dia Internacional da Mulher. No entanto, o dia 8 de março pode ser a oportunidade perfeita para reforçar a importância dessa postura.
Para isso, é essencial dar lugar de fala para mulheres, sejam elas líderes ou lideradas. Escutar o que o time feminino tem a dizer e a acrescentar é fundamental para garantir uma maior participação feminina nas decisões da organização.
Reconheça o trabalho de cada colaboradora
A data também é um bom momento para reconhecer o bom trabalho das mulheres e mostrar que a empresa valoriza sua contribuição diária.
Assim, um exemplo de ação de reconhecimento é a criação de um painel ou vídeo institucional de agradecimento, com a foto de todas as colaboradoras, independentemente de suas posições hierárquicas.
Ofereça presentes úteis
Os presentes são sempre uma boa opção para mostrar gratidão e carinho. No entanto, como vimos, o Dia Internacional da Mulher é uma data de luta. Dessa forma, pode não pegar muito bem presentear o time com elementos que remetam a fragilidade, como flores e chocolates.
Em vez disso, que tal pensar em mimos realmente úteis, como um vale-livro em uma livraria, ingressos para o cinema, um curso ou mesmo um crédito extra no cartão de benefícios.
Apoie projetos sociais
Outra forma de celebrar uma data tão importante como essa é contribuir para projetos sociais que ajudam para mulheres carentes. Para isso, a empresa pode selecionar uma ONG ou instituição e efetuar uma contribuição financeira.
É possível, também, envolver os colaboradores, incentivando-os a contribuírem, por exemplo, com trabalho voluntário ou doações de alimentos e itens de cuidado pessoal.
Incentive o cuidado com a saúde mental das mulheres
Por fim, em vez de romantizar o cansaço e a força da mulher, que tal pensar em ações voltadas para a promoção da saúde e do bem-estar feminino?
Segundo um estudo realizado na Universidade de Oxford, as mulheres têm 40% mais chances do que os homens de sofrer algum transtorno mental e 75% mais chances de terem depressão.
Nesse contexto, promover ações como rodas de conversa, palestras e debates sobre autocuidado podem ser de grande valia para chamar atenção à pauta.