Muito comum no passado, o uso de minancora na axila volta a virar pauta na internet, prometendo eliminar odores e diminuir manchas. Mas será que ela realmente cumpre o que promete?
Lançada em 1912, a pomada Minancora se tornou item clássico do mercado de cosméticos no Brasil, principalmente por prometer ação multifuncional. Apesar de poder ser usada em várias partes do corpo e do rosto, o uso de Minancora na axila talvez seja o mais popular – de acordo com a marca, ela diminuiria o suor e preveniria odores. Alguns usuários do produto ainda relatam que ele ajuda até a clarear manchas na região.
Apesar da popularidade, o uso de Minancora na axila vem acompanhado de debates acerca de sua eficácia e segurança. Conversamos com dermatologistas para entender melhor a questão.
O que é a pomada Minancora?
“Apesar do nome dado pela marca, do ponto de vista dermatológico, a Minancora, na verdade, não é uma pomada, mas sim uma pasta”, comenta a dermatologista Mônica Aribi. Ela é formulada com cloreto de benzalcônio, cânfora e óxido de zinco, combinação que, na teoria, dá a ela propriedades anti-inflamatórias, antibacterianas e antifúngicas.
É justamente por conta dessas propriedades que, antigamente, ela era muito utilizada para tratar acne, frieiras e escaras. “Apesar disso, hoje em dia, nós não usamos o produto para tratar doenças ou problemas dermatológicos. Ela até pode entregar algum resultado pontual, mas não deve ser vista como tratamento”, aconselha a dermatologista Cíntia Guedes.
O dermatologista Danilo S. Talarico diz ainda que seu uso indiscriminado pode trazer problemas para a pele. “Principalmente porque é um produto com uma concentração elevada de zinco, que pode trazer uma série de efeitos colaterais, como eczemas, por exemplo”, adiciona.
E Minancora na axila, funciona?
De acordo com dermatologistas, não. “A Minancora é rica em cânfora, que tem um odor muito forte e que pode mascarar possíveis maus cheiros do corpo. Além disso, por ser uma pasta, o produto obstrui as glândulas sudoríparas, evitando que o suor molhe a pele – o que pode dar a impressão da diminuição do odor”, explica Mônica. Segundo a dermatologista, essa obstrução das glândulas pode, inclusive, causar problemas, como foliculite, disfidrose e até o aumento do mau cheiro.
Também não existe nada na fórmula que indique o clareamento das axilas com o uso de Minancora. “Geralmente, para combater esse excesso de melanina, precisamos usar substâncias que a degradam ou que ajudam a diminuir sua produção. Nada na composição do produto possui esse tipo de ação”, explica Cintia.
“A pele das axilas é muito mais delicada do que a de outras partes do nosso corpo e, por isso, exige ainda mais cuidado. Hoje em dia, temos nos consultórios médicos especializados as mais modernas tecnologias para tratar todos estes problemas. Qualquer tipo de automedicação pode ser perigosa”, finaliza Danilo.