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Diabetes gestacional: o que é e como tratar a doença que atinge 18% das grávidas no Brasil

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Histórico familiar, obesidade, ovário policístico, hipertensão e gravidez gemelar são alguns fatores que favorecem a condição

 

A gestação é um período de transformações profundas no corpo feminino, marcado por uma série de adaptações hormonais. No entanto, para algumas mulheres, essas mudanças podem desencadear o desenvolvimento do diabetes gestacional, uma condição que oferece riscos para a mãe e o feto.

De acordo com o Ministério da Saúde, 18% das gestantes brasileiras têm diabetes gestacional. Considerando-se que o número total de partos no Brasil é de aproximadamente 3 milhões por ano, estima-se que cerca de 400 mil pessoas têm algum tipo de hiperglicemia na gravidez.

O que é diabetes gestacional?

O diabetes é uma condição na qual o corpo não consegue usar os açúcares e carboidratos que ingere para produzir energia. O pâncreas não produz insulina ou a produz em quantidade insuficiente para transformar o alimento em combustível celular. Como resultado, o açúcar extra se acumula no sangue.

Diferentemente dos diabetes tipo 1 e 2, que podem aparecer em outros momentos da vida, o diabetes gestacional é específico da gravidez. A enfermidade surge por causa do aumento de resistência periférica à insulina, influenciada por hormônios como o lactogênio placentário.

“Se a gestante não tem um pâncreas preparado para dar conta de aumentar a produção de insulina e tirar o excesso de glicose no sangue, ela vai desenvolver a doença”, diz a ginecologista e obstetra Ana Claudia Colacique, da Maternidade São Luiz Star.

O risco é maior para pessoas com histórico de pré-diabetes, diabetes gestacional, obesidade, ovário policístico e hipertensão. Gravidez gemelar e diagnóstico de diabetes em parentes de primeiro grau também favorecem a condição.

Riscos para a gestante e o feto

O quadro geralmente desaparece sem a necessidade de intervenções médicas após a mulher dar à luz. No entanto, uma mulher com diabetes gestacional pode permanecer diabética depois do parto ou mesmo desenvolver o tipo 2 da doença no futuro. “O organismo da pessoa mostrou que, numa situação sobrecarga, não respondeu muito bem às necessidades do corpo”, afirma a médica.

A gestante ainda tem risco de obesidade, porque o estado de hiperglicemia favorece esse distúrbio metabólico, e de doença cardiovascular. As complicações incluem malformações congênitas, óbito fetal, macrossomia fetal (crescimento excessivo do feto), aumento do líquido amniótico, trabalho de parto prematuro, infecção urinária e hemorragia pós-parto.

Além disso, o crescimento excessivo do feto pode se tornar um desafio no momento do parto, aumentando a probabilidade de problemas de saúde para o bebê após o nascimento.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é realizado durante o pré-natal. Ana Claudia Colacique aponta que, logo que a paciente se descobre gestante, passa por uma bateria de exames de rotina, entre eles a glicemia de jejum, feita com uma amostra de sangue.

Se o resultado for acima de 126 mg/dL, a pessoa é diagnosticada com diabetes mellitus tipo 1 ou 2. Entre 92 e 126, a paciente tem diagnóstico de diabetes gestacional.

“Em torno da 24ª até a 28ª semana de gestação, a gente faz um teste de sangue chamado tolerância oral à glicose. A gente faz uma sobrecarga de açúcar para ver como o pâncreas da gestante se comporta. Nesse exame, é possível confirmar casos que não apareceram na glicemia de jejum”, explica a ginecologista.

Assim como no diabetes mellitus tipo 2, o estilo de vida desempenha um papel significativo no controle da condição durante a gestação. A primeira linha de tratamento consiste em seguir uma dieta balanceada e praticar atividade física. “Na maioria dos casos, é possível controlar a doença só com mudanças de estilo de vida. Na minoria, é preciso usar medicamentos como a insulina”, afirma a médica da Maternidade São Luiz Star.

A detecção precoce durante o pré-natal é crucial para iniciar o tratamento adequado e minimizar riscos.

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