Advogada reclama que a universidade se isentou da responsabilidade, pois vítima era funcionária terceirizada
Faxineira de 59 anos foi demitida após procurar a Polícia Civil para denunciar injúria racial, cometida por aluno de Biologia da Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande.
O crime aconteceu por volta das 14h30 do dia 20 de outubro. A faxineira havia acabado de limpar uma das salas do bloco de Turismo, quando um grupo de alunos do curso de Biologia aproveitou o local vazio e entrou para comer.
A funcionária viu e pediu: “quando terminarem, deixem limpo, eu não sou escrava”, e um dos acadêmicos que estava na sala respondeu em tom de ironia: “você foi libertada em 1888 e já parou de levar chibatada”.
A mulher procurou a coordenadora do curso de Biologia para relatar o que havia acontecido, mas quando a universidade questionou o aluno, ele negou as acusações. Dois dias após as ofensas, a mulher foi demitida. A empresa terceirizada que presta serviço na faculdade usou como alegação que a vítima tinha tido um conflito inadmissível com o aluno.
Advogada da vítima, Janice Andrade conta que se trata de “uma senhora semianalfabeta, que presta o mesmo serviço por cerca de seis anos no mesmo local e nesse tempo todo, nunca houve falta ou alguma queixa do serviço dela”.
Ela também reclamou que universidade se isentou da responsabilidade, alegando que a vítima era contratada de uma empresa terceirizada. “Ela é uma mulher preta, de quase 60 anos, que faltava pouco mais de três anos para se aposentar, foi demitida porque comunicou um crime onde ela foi vítima, isso (se isentar) é inadmissível por parte de uma instituição de ensino”, finalizou Janice.
A empresa Guatós, responsável pela demissão da funcionária, também foi procurada via telefone e os responsáveis da prestadora de serviço não puderam atender ou encaminhar um retorno.