A Prefeitura de Campo Grande, através da Secretaria Municipal de Educação (Semed), realizou nesta quinta-feira (23), evento em comemoração aos 20 anos da lei 10.639/03, um dos marcos na conquista dos negros que passaram a ter sua história e cultura inseridas nos currículos escolares.
A lei propõe novas diretrizes curriculares para o estudo da história e cultura afro-brasileira e africana. O ensino faz-se necessário para garantir uma ressignificação e valorização cultural das matrizes africanas que formam a diversidade cultural brasileira.
Para aplicar a lei no dia a dia nas 205 unidades escolares da Reme (Rede Municipal de Ensino) de Campo Grande, os professores devem ressaltar em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura, como música, culinária, dança e as religiões de matrizes africanas.
De acordo com o chefe da DED (Divisão da Educação e Diversidade), Felipe Augusto da Costa Souza, a comemoração é para retratar a luta do povo negro de 20, 40, 200 anos atrás. “A lei 10.639 está inserida no currículo e os professores devem fazer o planejamento em cima dela, levando histórias, contos, atividades relacionadas ao étnico racial afro. 60% dos estudantes da Reme são negros e sempre estamos fazendo acompanhamento pedagógico com esses professores para que haja o trabalho dessa lei”.
Conforme o secretário municipal de Educação, Lucas Henrique Bitencourt, é preciso ressignificar o esse olhar para o assunto, do professor e do aluno. “Precisamos saber quais são as atividades que se tem trabalhado na própria atividade aplicada. Qual o olhar específico que eu preciso ter para trabalhar de fato a cultura afro e afro-brasileira e entender a sociedade brasileira que o negro faz parte da cidadania”.
Segundo a coordenadora de Políticas de Promoção para Igualdade Racial, Rosana Anunciação, a lei 10.639 foi instituída para uma educação antirracista. “A Prefeitura de Campo Grande vem com esse olhar, desenvolve várias ações nas escolas no intuito de que a lei seja cumprida na sua totalidade de direito. Precisamos falar de personalidades negras, dar ênfase às pessoas que constituem todo esse legado, momento como esse é fundamental para que os professores abordem a lei e de fato seja desenvolvida”.
A coordenadora da Emei Sonia Helena Baldo Bernardo dos Santos, Vanessa Albuquerque, fala sobre como o trabalho é feito na escola. “A gente trabalha com projetos e aborda o tema de forma pedagógica, com literaturas, informações do dia a dia, quando tem alguma dificuldade a gente traz a lei que é de suma importância”.
Juliana Fernandes Junqueira faz parte do apoio pedagógico da Escola Municipal Plínio Mendes dos Santos. “Voltado ao tema, fizemos um grande projeto com toda a comunidade escolar unida, para trabalhar a lei e tivemos um projeto interdisciplinar, exposições com cartazes, aprimoramento em poesia, em libras, danças expressivas relacionadas a sua cor, pele e existência. De 1.100 alunos da escola, 900 são negros”.