“A Casa da Mulher Brasileira e a Funsat me abraçaram. Hoje eu saí do poço, estou empregada, sou forte e independente”, é assim que R.S. resume um pouco da história vivenciada recentemente após um caso de agressão envolvendo o ex-marido. Diante da situação, que se repetiu por quatro vezes, a técnica de enfermagem procurou novamente os serviços da CMB (Casa da Mulher Brasileira), que realiza atendimento 24 horas, todos os dias.
“Ele me empurrou durante uma discussão, foi quando entrei em contato com a polícia, que chegou rapidamente, em tempo de evitar que ele fizesse alguma coisa mais”. Inicialmente, ambos foram encaminhados para a delegacia da mulher para as devidas providências.
Para R.S., os serviços oferecidos pela CMB são importantes porque muitas vezes a mulher se vê presa na situação de agressão por causa da dependência financeira. Ao procurar a Casa, ela passou por todo o atendimento inicial, com destaque para o acolhimento. Posteriormente, foi atendida pelo serviço Psicossocial, pela Deam – responsável pelo boletim de ocorrência, e pelo Poder Judiciário, que concedeu a medida protetiva.
“A equipe da Funsat me ajudou muito nesse processo. Consegui um trabalho por causa delas. As meninas estavam preocupadas comigo, entraram em contato para saber se deu certo”, conta a moradora do Jardim Monte Líbano. Além disso, a Patrulha Maria da Penha e o setor Psicossocial continuado executaram o monitoramento, acompanhando R.S. para saber como estava e se o encaminhamento para o trabalho deu certo.
Segundo ela, a oportunidade de conquistar um emprego por meio da Funsat (Fundação Social do Trabalho) da CMB faz com que a mulher se sinta mais independente e confiante. “Isso incentiva as mulheres a denunciarem. Os serviços da Casa são muito bons. Eu quero que isso inspire outras mulheres a procurar ajuda. Não tenha medo, a Casa e a Funsat abraçam você. Ninguém me julgou, me escutaram de novo e me senti acolhida”, afirma.
“Nós ajudamos a fortalecer e mudar a vida das mulheres que passam por aqui”, diz a responsável pela Funsat na CMB, Gilcemara Pacheco.
A Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande foi inaugurada em 3 de fevereiro de 2015, sendo a primeira a abrir as portas no Brasil, proporcionando atendimento integral, humanizado e especializado às mulheres em situação de violência. Entre os órgãos que compõem a estrutura da CMB está a Funsat, presente desde a abertura da Casa – responsável pelo encaminhamento das vítimas para o mercado de trabalho da capital.
“Nós fazemos parte da autonomia econômica, sendo um anexo da Funsat dentro da Casa da Mulher Brasileira. Através do trabalho que desenvolvemos, ajudamos a fortalecer e mudar a situação de vida das mulheres que passam por aqui”, reforça Gilcemara Pacheco.
De janeiro de 2022 até outubro de 2023, a Fundação Social do Trabalho na CMB realizou mais de 17 mil atendimentos/encaminhamentos de mulheres vítimas de violência, oportunizando um novo começo por meio da independência financeira.
Segundo Gilcemara, muitas mulheres dependem totalmente dos ex-companheiros, que na maioria das vezes não permitem que elas trabalhem e se qualifiquem. Sendo assim, quando elas passam pelo setor, além do fortalecimento, orientação e encaminhamento para o mercado de trabalho, também são ofertados os cursos de qualificação promovidos pela Escola de Educação Profissional da Funsat.
“Nós fazemos uma busca para saber se ela já passou por alguma agência de emprego, se tem cadastro ou não. Caso não tenha, nós fazemos, e monitoramos vagas diariamente. Surgindo uma oportunidade, nós entramos em contato com ela, explicando sobre a vaga. Também temos vagas destinadas ao Primt, uma vez que 5% do total são reservadas para mulheres vítimas de violência”, frisa a chefe do setor, referindo-se ao Programa de Inclusão ao Mercado de Trabalho.