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No Dia da Favela, crianças celebram cultura dançando e vivendo arte

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Em Campo Grande, a Cufa promoveu evento com dança, música e muita diversão para moradores do São Conrado

 

Enquanto a tinta spray formava um grafite colorido na fachada da Cufa (Central Única das Favelas), no Bairro São Conrado, crianças arriscavam alguns passos de breaking na sala. O Dia Da Favela, celebrado no sábado (04), seguiu nesse ritmo com muita diversão, arte, música e dança.

A programação pensada pela instituição uniu em um dia todas as vertentes que fazem parte da cultura que se espalha nas periferias e além dela. O Dia da Favela também foi dia de celebração e orgulho.

A presidente da Cufa em Campo Grande, Letícia Polidório destaca a importância de comemorar a data que está ligada a resistência e resiliência de quem vive na favela. “Para nós é a resistência desse povo que vive em um lugar tão vulnerável, mas que se mantém nessa força e organização de um estar sempre presente e colaborando com o outro. Trazer todos esses elementos da cultura é muito importante porque é a favela que produz a arte do hip hop, a arte de rua”, afirma.

Presidente da Cufa, Leticia fala sobre celebrar o Dia da Favela. (Foto: Marcos Maluf)

Outro ponto interessante do evento é mostrar aos pequenos que o que eles vêem na televisão faz parte da realidade onde estão inseridos. O MCs, B-boys, B-girls, grafiteiros e DJS não são somente as celebridades que estrelam programas ou videoclipes musicais, mas também aquele vizinho ou vizinha de bairro.

Letícia fala que através de aulas e oficinas a instituição tem tido sucesso em estabelecer o contato das crianças e a arte de rua. “A gente tem conseguido trazer isso para elas dessa forma nas oficinas, aulas de reforço, temos conseguido mostrar pra elas que a periferia também produz essas culturas que elas veem pela televisão e não tem contato no bairro”, diz.

Para incentivar a garotada, principalmente as meninas, a Cufa convidou mulheres para participar do Dia da Favela. Aline Queiroz, de 31 anos, é professora de breaking e B-girl. Na sala, ela quem mostrava para turma alguns movimentos da dança enquanto as batidas da música preenchiam o ambiente.

No centro da roda, Aline mostrou passos de breaking para criançada. (Foto: Marcos Maluf)

Depois de passar alguns passos básicos, ela organizou a roda para que cada um pudesse entrar e mostrar o que aprendeu. No começo, os pequenos estavam tímidos, mas entre uma música e outra foram se soltando, dando alguns passos, balançando os braços e por aí vai.

Aline teve o primeiro contato com o breaking na televisão através de um reality dos Estados Unidos. Na época, ela viu o programa e tentou aprender sozinha, mas só foi depois que uma apresentação de breaking aconteceu na escola onde estudava que tudo mudou.

Desde 2011, ela representa as mulheres no breaking, que é um estilo de dança predominado por homens. A B-girl comenta sobre a oportunidade de mostrar para as crianças o que sabe e o quanto a experiência é enriquecedora.

Meninos acompanham oficina de breaking na sala da Cufa. (Foto: Marcos Maluf)

“Muitas pessoas vão em projetos e pensam no que vão levar. Eu trouxe e sei da contribuição que tive, mas é o que a gente recebe estando numa situação como essa e levando um pouco da arte do breaking para a gurizada. É super gratificante”, pontua.

Outra mulher que representou mais uma vertente da cultura foi a grafiteira Thais Maia. Ela costuma participar de eventos culturais sempre colaborando com algum mural, porém é a primeira vez que faz isso no Dia da Favela.

Grafiteira, Thais Mais destaca importância de levar arte para as crianças. (Foto: Marcos Maluf)

 

Além de ser importante mostrar a arte que produz, Thais afirma que é essencial mostrar para as meninas que muitas mulheres fazem grafite. “Aqui não só no nosso Estado, mas no Brasil quando a  gente fala da cena mulher é minoria em todas as áreas. É legal mostrar para as meninas que elas podem tomar o lugar delas e para as crianças também terem contato com arte que é fundamental”, comenta.

 

Em uma das paredes da cufa, grafiteiros pintaram um mural. (Foto: Marcos Maluf)

Aline Fagundes Nantes, de 37 anos, levou os dois filhos para participar das atividades da Cufa. O filho mais velho, Jhonatan Fagundes, de 11 anos, dançava breaking enquanto ela assistia tudo da porta da sala. A dança era uma das paixões do falecido esposo de Aline.

Ver o filho se divertir dançando breaking a deixou feliz. Ela conta que o menino estava entusiasmado com a programação do dia. “É muito orgulho, não tem nem palavras para falar. Ele estava animado, tinha jogo cedo e ele foi lá e veio correndo para cá”, conta.

O Dia da Favela na Cufa também contou com a participação do DJ Amarelo Drama, que realizou uma oficina para as crianças. Outro ponto alto da programação foi a inauguração da biblioteca e a graduação das crianças que praticam capoeira.

Campo Grande News

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