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Em depoimento, homem suspeito de torturar e manter namorada em cárcere se mantém em silêncio

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Procurado desde a noite da última terça-feira (17), Samuel Góes foi preso na manhã de quinta-feira; vítima segue internada na Santa Casa

Samuel Góes, de 27 anos, suspeito de manter em cárcere privado e torturar a namorada de 17 anos, se manteve em silêncio durante depoimento prestado nesta quinta-feira (19), na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Segundo a delegada responsável caso, Analu Ferraz, o homem estava acompanhado de seu advogado, mas não se pronunciou sobre o caso.

Samuel estava foragido desde a última terça-feira (17), data em que a vítima foi resgatada da quitinete em que o casal morava, e foi preso pelo Grupo de Operações e Investigações (GOI) da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (19).

Uma coletiva de imprensa para divulgar novas informações sobre o caso estava marcada para esta tarde, mas a chuva causou pane de energia na Casa da Mulher Brasileira, imprevistos aconteceram, e o pronunciamento das titulares da Deam precisou ser adiado.

Sessões de tortura

Após ser resgatada na quitinete localizada no Bairro Moreninhas, local em que morava há três semanas com Samuel, a vítima – que teve a identidade preservada – foi encaminhada para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com queimaduras e ferimentos pelo corpo.

Depois dos atendimentos iniciais, a adolescente prestou depoimento na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e passou por exame de corpo de delito no Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol).

À polícia, informou que vivenciou sessões de tortura por cerca de uma semana, e que era mantida em cárcere e dopada por seu agressor. Ela relata que teve os cabelos cortados por uma faca, foi queimada com ferro de passar e água quente, levou choques elétricos enquanto tomava banho e ainda teve as partes íntimas mutiladas.

A equipe de reportagem entrou em contato com a Santa Casa de Campo Grande, para verificar o estado de saúde da vítima. No entanto, a família optou por não fornecer informações.

Dependente

Irmão e filho de policiais militares, Samuel Góes teria um histórico de dependência química e mais de 14 internações em clínicas de recuperação, como apontou Marcelo Góes, irmão mais velho do suspeito, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado.

“Aos 13 anos, ele foi diagnosticado com uma mancha preta no cérebro, indicando esquizofrenia. Aos 13 anos ele começou a usar maconha, aos 15 começou a usar cocaína, e na sequência já começou a usar crack”, contou Marcelo.

O irmão afirmou ainda que por atuar na fronteira do Brasil com o Paraguai, não sabia muito a respeito da relação de Samuel com a vítima, mas revelou que o casal teria se conhecido na igreja, se relacionava há pouco mais de um ano, e que a adolescente costumava visitá-lo na clínica em que estava internado.

“Ele tinha saído da clínica recentemente, e ele tinha ficado bastante tempo lá. E teve alta, só que ele não consegue ficar nem um mês sem usar droga”, lamentou.

Questionado sobre o comportamento do irmão em relacionamentos anteriores e até mesmo no convívio familiar, Marcelo afirmou que Samuel vivia “alterado”, mas atribuiu o comportamento ao uso de drogas.

“Sempre quando ele esteve sob efeito de drogas ele ficava muito alterado, sempre dizendo que estava vendo bicho, vendo demônio, vendo pessoas que ‘queriam matar ele’. Então fica [agressivo], né?”, relatou.

O familiar ainda lamentou que Samuel tenha seguido o caminho das drogas e o desfecho do relacionamento.

“Eu amo meu irmão, tenho também um amor cristão pela ex-companheira dele, e fiquei extremamente abalado por tudo isso. É impossível a gente não sofrer, né? Apesar da atrocidade que uma pessoa usuária de drogas é capaz de fazer”, comentou

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