Defesa tentou absorver ex-marido de Graziele, mas não teve sucesso e abandonou caso; Réu é assistido por defensor público
Lucas Pergentino Câmara senta no banco dos réus nesta terça-feira (17) pelo feminicídio de Maria Graziele Elias de Souza, morta em abril de 2020, após terminar o casamento com o autor.
Para o júri, o pai de Graziele, Stephan Hofmann, convocou a população para comparecer ao julgamento. Ele se conteve ao comentar sobre o julgamento, que acontece três anos após o crime.
“É muito difícil falar alguma coisa. Nós nos sentimos muito pesados com tudo, principalmente por conta da demora [do júri]. Está muito difícil até de articular; nós não temos condições de falar sobre isso”, diz à reportagem.
O julgamento acontece às 8h no 1º Tribunal do Júri, na Rua da Paz, esquina com a Rua 25 de Dezembro. Durante esses anos, Lucas, que é réu confesso, e a defesa tentaram evitar o Júri Popular, mas todas as investidas foram rejeitadas pelo juiz.
A defesa chegou a abandonar o caso e um defensor público foi convocado para defender Lucas. “Esperamos que essa insuportável disputa jurídica finalmente chegue ao fim e o culpado receba sua justa punição. Tenho consciência de que assistir um processo não é nada agradável, mas caso sintam vontade de nos dar força com sua presença no Fórum, agradeço pelo seu apoio após essa longa jornada”, diz nota divulgada por Stephan.
O crime
O casal conviveu por 8 anos, mas estava separado havia 1 mês. Segundo a denúncia, ele tentava incessantemente reatar o casamento e era extremamente ciumento e possessivo, inclusive, monitorava as redes sociais da vítima.
No dia do crime, no Bairro Parque do Lageado, ele a buscou no serviço e seguiram para a casa, pois era aniversário do réu. Lá tiveram relações sexuais e permaneceram conversando. Ele fazia carinho próximo do pescoço da vítima e ela o repeliu confessando que tinha medo que ele a matasse, momento em que ele teria dito: “Então vou te matar”.
Em seguida, aplicou golpe de mata leão segurando as mãos para baixo, deixando-a de bruços na cama e rosto no travesseiro. Depois, se vestiu e foi até a casa da mãe da vítima dizendo que a encontraria no local. Momentos depois voltou para casa, vestiu a mulher, colocou no carro e desovou o corpo na BR-262, no fim da Avenida Narsi Siufi.