Grupo J&F promete ampliar atuação nas áreas de mineração, carne, celulose e ferrovia; aporte será de R$ 38,5 bilhões no País
O grupo J&F anunciou investimento de R$ 38,5 bilhões no Brasil, entre 2023 e 2026. Desse montante, Mato Grosso do Sul será o destino de mais de 69% (ou R$ 26,8 bilhões) dos recursos divulgados, contemplando as áreas de mineração, frigorífico, indústria de celulose e malha ferroviária.
Traçando paralelo com os recursos federais destinados ao Estado, o investimento privado da holding corresponde a 59% dos R$ 44,7 bilhões anunciados pelo governo federal com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As informações foram divulgadas pelo empresário Wesley Batista, acionista do grupo J&F e controlador da gigante de alimentos JBS, durante o Fórum Internacional do grupo Esfera, realizado em Paris, nesta sexta-feira.
De acordo com o empresário, os aportes do grupo serão em diferentes locais do País, com criação prevista de 30 mil postos de trabalho.
Entre os investimentos está a implantação da segunda planta de produção da Eldorado Brasil Celulose, em Três Lagoas, que inclui um ramal ferroviário que liga a fábrica à malha ferroviária.
Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o anúncio é um grande passo para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul.
“O destaque importante é que, dentro do total de investimentos, Mato Grosso do Sul será o maior destino de investimentos da J&F no Brasil. Temos R$ 20 bilhões para a duplicação da fábrica de celulose em Três Lagoas, investimento em ferrovia [de 90 km], que é ligando exatamente a fábrica de Três Lagoas até Aparecida do Taboado”.
Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de sexta-feira, o projeto da segunda planta da Eldorado depende ainda da resolução da briga judicial entre o grupo J&F e a Paper Excellence.
MAIS RECURSOS
Outro aporte anunciado pela JBS, braço do grupo focado em alimentos, e esse já em andamento, é de R$ 1,3 bilhão na ampliação do frigorífico Seara em Dourados. A ampliação deve gerar 2,5 mil empregos na região.
“A ampliação do frigorífico de Dourados, que já está em andamento, vai tornar o frigorífico de suínos praticamente uma referência no mundo em termos de tecnologia e de produtos agregados”, citou Verruck.
O plano da J&F contempla, ainda, a expansão das operações e da logística da J&F Mineração, que investirá R$ 5,5 bilhões até 2025 em três obras que resultarão em 6,5 mil novos empregos. A holding comprou, no ano passado, as operações da Vale em Corumbá e há rumores de que o grupo quer adquirir novas empresas de exploração na região.
“O Brasil oferece oportunidades únicas e tem construído um ambiente cada vez mais favorável aos negócios, com agendas claras de reformas e de meio ambiente, por exemplo”, afirmou Wesley Batista.
O titular da Semadesc informou ao Correio do Estado que, além da mineração, celulose e carne, existe uma sinalização de aportes na área de fertilizantes orgânicos.
“São fertilizantes oriundos de resíduos que podem vir para cá. Mais investimento em biometano, eles já iniciaram aqui em Campo Grande e vão replicar aí praticamente em três fábricas de MS. Então, para o Estado foi um anúncio importante da companhia, feito para investidores internacionais, mostrando que Mato Grosso do Sul é um excelente destino dos investimentos da empresa”, concluiu Jaime Verruck.
OUTROS INVESTIMENTOS
Ainda foram divulgados investimentos fora de Mato Grosso do Sul, como uma nova fábrica da Seara em Rolândia (PR), que será inaugurada este mês. Resultado de um investimento de R$ 1,1 bilhão, com a intenção de ser um dos maiores e mais modernos complexos de produção de alimentos preparados do mundo, com a geração de até 2,6 mil novos empregos quando todas as linhas previstas estiverem concluídas.
Os investimentos da JBS incluem ainda a construção de uma nova fábrica de ração em Seberi (RS), a duplicação da unidade da Friboi em Diamantino (MT) e o início da construção do primeiro Centro de Pesquisas em proteína cultivada do Brasil, o JBS Biotech Innovation Center. Ao todo, 7,5 mil novos empregos serão gerados pela companhia.
Também integram o plano os investimentos da Âmbar Energia na aquisição e construção de usinas e fazendas solares, além dos R$ 6,5 bilhões que o PicPay planeja alocar na construção de software e novos negócios, gerando 3,6 mil novos empregos.
Wesley Batista ainda explicou durante o evento que a companhia tem 20 mil funcionários e 50 fábricas na Europa, sendo três delas na França.
“Mas são economias consolidadas. O Brasil, por sua vez, tem enorme potencial”, disse Batista.
No total, o grupo tem 280 mil funcionários e 300 fábricas em 21 países. Somente no Brasil, o grupo conta com 167 mil colaboradores diretos.