Delegado diz que crime foi passional e principal suspeito é parente das vítimas
Foi preso nesta segunda-feira em Aral Moreira, a 397 km de Campo Grande, o acusado de provocar o incêndio que matou a rezadora guarani-kaiowá Sebastiana Gauto, 92, e o marido dela, Rufino Velasques, 55. O crime ocorreu durante a noite na Aldeia Guassuty.
Segundo o delegado Maurício Vargas, o crime foi passional e o autor, Robson Rocha, 26, seria parente das vítimas. Em vídeo enviado pela assessoria de imprensa da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, o delegado descartou motivação por crime de ódio.
De manhã, logo que os corpos foram encontrados carbonizados, entidades que atuam em defesa da causa indígena levantaram suspeitas de que o crime fosse por intolerância religiosa. Rezadores de várias aldeias de Mato Grosso do Sul sofrem perseguição e ameaças por manterem a religião tradicional dos povos indígenas.
Entretanto, na aldeia onde ocorreram as mortes, os investigadores levantaram dados indicando que o autor do incêndio seria alguém ligado à família. A polícia também encontrou pegadas próximas à casa incendiada, deixadas por calçado semelhante ao usado pelo suspeito.
“Trata-se de crime passional, não se trata de crime relacionado a ódio ou preconceito e expõe as questões sociais vividas nas aldeias próximas à fronteira do Brasil com o Paraguai, onde muitos são acometidos pelo vício da droga do álcool e acabam praticando atrocidades”, disse Maurício Vargas.
Segundo o delegado, o suspeito foi preso pela Polícia Militar nos arredores da cidade e levado para a delegacia, onde vai ser autuado em flagrante por homicídio qualificado com emprego de fogo. Ele também foi autuado por tráfico de drogas, pois na casa dele os policiais encontraram 398 gramas de maconha e uma balança de precisão.
Lideranças da aldeia informaram à polícia que Robson praticava tráfico de drogas em Guassuty e em outras áreas indígenas da região. Uma sobrinha da rezadora Sebastiana confirmou que ele vinha ameaçando o casal morto no incêndio.