PCC se expandiu em Mato Grosso do Sul na década de 90
Você pode não ter o hábito de ler notícias policiais, mas com certeza já ouviu falar no PCC (Primeiro Comando da Capital), facção criminosa que nasceu e cresceu dentro dos presídios, no interior de São Paulo, e depois se expandiu. Nos dias atuais é ‘dona’ da rota do tráfico de drogas que abastece boa parte do Brasil e exporta para a Europa. Esta quinta-feira, 31 de agosto, é a data em que a facção completa 30 anos.
Mas, o que o PCC tem a ver com Mato Grosso do Sul? Simples, foi no Estado onde começou a expansão da facção na década de 90, quando São Paulo tentava isolar lideranças e, sem avisar, trocou presos considerados ‘problemas’ no Estado pelos dois líderes da facção que se tornaria uma das maiores da atualidade: César Augusto, conhecido como Cezinha que veio para Mato Grosso do Sul. Já outra liderança, José Márcio Felício, conhecido como ‘Geleião’ foi levado para o Paraná.
E assim começou a expansão do PCC para outros estados brasileiros. O Governo do Estado na época não tinha ideia que Cezinha era líder de uma facção criminosa, “Carismático, tinha facilidade de comunicação. Ele fazia discursos para a massa carcerária”, comentou o promotor de Justiça do estado de São Paulo, Márcio Sérgio em entrevista.
Sem restrição nenhuma dentro da penitenciária sul-mato-grossense, já que Cezinha era visto como um preso comum, ele passou a reproduzir no presídio do Estado o mesmo que era feito no interior paulista, segundo o promotor de Justiça e especialista no PCC, Márcio Sérgio. Assim, nasce no Estado o PCC. A facção se espalhou tanto em Mato Grosso do Sul, como no Paraná.
De lá para cá, a facção se especializou e modernizou criando um organograma, com subdivisões e tarefas específicas e toda esta ‘modernização’ veio depois de Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como ‘Marcola’ e líder da facção na atualidade ficou preso por cerca de 1 ano, com Maurício Hernandes, conhecido como ‘Capitão Ramiro’ – militar treinado no Exército da Bulgária.
‘Capitão Ramiro’ foi um dos mentores do sequestro do publicitário Washington Olivetto, que ficou 53 dias em cativeiro entre 2001 e 2002. Após este tempo em companhia do militar, Marcola implementou novas diretrizes no PCC, que tem ‘planos de carreira’ no submundo do crime. A facção é do tráfico de drogas, como diz Márcio Sérgio. “Ninguém trafica sem o PCC permitir por que vai ser eliminado pela facção’, diz o promotor.
“O PCC exerce a tirania e se você não se submete, ele (facção) te mata. Exerce poder de vida e morte.”, fala o promotor paulista. Em Mato Grosso do Sul, a facção é dominante e detém a rota da Bolívia, de onde sai a cocaína para o resto do país e para a Europa.
Segundo o promotor paulista, a rota da Bolívia é uma das rotas mais importantes para a facção que tentou ‘tomar’ do CV (Comando Vermelho) a rota dos Solimões que foca no norte do país, mas não conseguiu. “Eles querem o monopólio”, disse Márcio Sérgio.
Para o promotor, quanto mais tráfico existir mais a facção terá poder. “O que o Brasil quer com o tráfico de drogas? Está é a questão.”, termina o promotor de Justiça de São Paulo.
Briga pelo controle do tráfico que acabou na execução de Raafat
Por volta das 19 horas da noite do dia 15 de junho de 2016, ao sair de seu escritório em Pedro Juan Caballero, Jorge Rafaat Toumani foi atacado por um grupo de pessoas armadas com fuzis AK 47, Mag antiaérea e metralhadoras. Os suspeitos estariam em três veículos.
No local, além de centenas de cápsulas de projéteis, a polícia também encontrou armas de grosso calibre, que furaram a blindagem do Jipe Hummer ocupado por Rafaat. Várias outras pessoas teriam ficado feridas, dentre elas um policial identificado como Jorge Espindola.