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No Centro de Campo Grande, todo dia pelo menos uma pessoa é detida por furto

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A Avenida Afonso Pena, na região das ruas Dom Aquino, 13 de Maio e 14 de Julho, é campeã de ocorrências

 

No Centro de Campo Grande, ao menos uma pessoa é detida por dia cometendo furto. A Avenida Afonso Pena, na região dos cruzamentos com as ruas Dom Aquino, 13 de Maio e 14 de Julho, é que tem mais ocorrências. A declaração é do delegado Giuliano Biaccio, que está à frente da 1° Delegacia de Polícia desde 2022.

Boa parte do furto está ligada à dependência química e longe de ser considerada um problema apenas de segurança pública, conforme explica o delegado. Na região, há muitas pessoas em situação de rua, que comentem pequenos furtos para trocar os produtos por entorpecentes.

O policiamento é de responsabilidade da Polícia Militar e da GCM (Guarda Civil Metropolitana). Segundo a PM, a área é vigiada constantemente, e as viaturas monitoradas em tempo real, com rondas programadas conforme a mancha criminal.

Também são realizadas operações extraordinárias para saturar a área ou atender a uma situação crítica, como é o caso da região central. Após a ocorrência do delito, cabe à Polícia Civil a apuração e investigação dos fatos e cumprimento do mandado de prisão.

Movimentação na Rua 14 de Julho, na região central de Campo Grande (Foto: Juliano Almeida)

Investigações – O delegado Giuliano Biaccio orienta que o local seja preservado após a ocorrência do furto, para que não seja prejudicada a investigação. O primeiro passo é a investigação individualizada. A equipe da Polícia Civil vai até o local fazer a perícia e colher informações. Se houver marcas de digitais, é feita a análise de papiloscopia para tentar indicar o autor.

Outra forma de identificar é através de câmeras de segurança e análise de imagens. É nesse momento que o delegado pede maior colaboração da população para ceder as imagens e relatar os fatos, caso tenha sido testemunha.

Com relação à parte da investigação, a gente precisa de um maior envolvimento da sociedade com a gente, o que eles puderem fazer para nos ajudar. Quando não é com ela o problema, a pessoa não quer se envolver, até o dia que o crime acontece com aquela pessoa”, declara o delegado Giuliano Biaccio.

Também é importante a vítima fazer o registro do boletim de ocorrência com o máximo de informações. O documento ajuda a contabilizar as regiões com maior incidência do crime, pois na região em que ocorre o furto, existe uma investigação paralela com base no levantamento feito na área, que ajuda a chegar até os ladrões.

A investigação também trabalha com os interceptadores, que são as pessoas que compram os produtos do furto. “Quando a gente pega um autor, a gente consegue vincular a outros fatos, embora na maioria das vezes ele negue”.

Policiamento – Em nota, a Polícia Militar informa que o patrulhamento na região central é feito no período diurno, por meio das viaturas operacionais do 1º Batalhão de Polícia Militar e das Unidades Especializadas (BOPE, Batalhão de Choque, entre outros).

A Polícia Militar explica que o policiamento é realizado com base em análise de dados estatísticos, extraídos dos boletins de ocorrências e também dos atendimentos à comunidade local.

“É imprescindível que os moradores repassem essas informações às equipes policiais ou registrem tais crimes na delegacia da região, de modo que todo o poder público possa atuar de forma mais precisa”, diz a nota.

Bicicletas e oficiais da GCM foram vistos pela reportagem fazendo a segurança na região da Rua 14 de Julho, no Centro; A GCM também é responsável pelo policiamento da região (Foto: Alex Machado/Arquivo)

Insegurança – A onda de furtos na região central de Campo Grande tem tirado o sono de comerciantes e empresários locais. Câmeras e alarmes de segurança, cercas elétricas e concertinas não têm sido o suficiente para manter os comércios a salvo de arrombamentos e furtos.

Além de subtrair os estabelecimentos, os ladrões também costumam furtar os fios de energia, o que causa transtornos aos comerciantes que ficam sem iluminação. Outro problema relatado à reportagem é ameaças sofridas pelos comerciantes.

O comerciante Ahmad Samir, 31 anos, abriu uma loja de acessórios na Avenida Afonso Pena em dezembro do ano passado e relata que na região há muitos usuários de drogas que entram nas lojas para caçar confusão com os comerciantes. Ahmad conta que já foi intimidado e recebeu ameaças.

“Aconteceu um caso em especial comigo semana passada. Um rapaz entrou na loja, vendi pra ele uma corrente de 10 reais, expliquei que era de aço. Ele tentou trocar a corrente por droga, não conseguiu, voltou [na loja], reclamou do material, mostrou uma faca e me ameaçou de assalto”, relembra.

No início do mês, seis furtos ocorreram no Centro na primeira semana de agosto, sendo três deles no mesmo estabelecimento.

Os comerciantes relataram que investem em segurança, mas não adianta. A comerciante Elza Siqueira, 62 anos, relata que frequentemente vê os infratores cometerem pequenos furtos em plena luz do dia, debaixo do nariz dos comerciantes. Nem mesmo as portas reforçadas e cadeados são capazes de manter os ladrões longe.

“Já fomos arrombados e prejudicados aqui. Estouraram a porta, uma porta de aço que tinha aqui. Levaram minha cafeteira, no valor de R$ 200, e um aparelho de home theater. Em 4 minutos, arrebentaram tudo”, relata a comerciante.

Na mesma semana que Elza teve a loja arrombada, o proprietário de um posto de gasolina, Marcelo Shiraishi, 40 anos, teve o estabelecimento invadido pelo menos três vezes. Em uma das invasões, a câmera de segurança flagrou o autor utilizando um extintor de incêndio para tentar quebrar a porta de vidro da conveniência.

Você não se sente mais seguro. Eu acordo três da manhã pra ver na câmera se estão mexendo aqui”, comentou o empresário Marcelo Shiraishi.

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